E começamos o ano de 2024!
O início do ano sempre nos traz aquela típica sensação de novas oportunidades, metas frescas e um repertório cheio de clichês positivos (“este vai ser o ano da minha vida”) que permeiam nossas conversas e reflexões internas. E eu, claro, não escapo dessa atmosfera; aliás, a considero crucial.
Vamos começar esse nos provocando então.
“O que estamos fazendo para colocar essas promessas de pé, como está o piloto desse “New Year Plan”? Como anda o nosso arcabouço de skills? Pronto, novo, enferrujado, velho, inexistente?”
Estamos recém-saídos de um dos piores anos da história do varejo… Escândalos, potenciais fraudes, maquiagens de resultados e resultados decepcionantes sem maquiagem somados a uma economia em busca do seu equilíbrio, recessão global, poder de compra comprometido, demissões em massa, fim de startups, estremecimento de grandes empresas… a lista é extensa.
Cada um de nós possui uma série de razões e justificativas para explicar um ano tão desafiador. Mas não quero me ater às variáveis incontroláveis por nós, mortais, e sim no que podemos fazer. É exatamente aqui que começa minha provocação.
Até o momento, não há sinais claros de que os primeiros meses deste ano serão diferentes. Então, o que estamos fazendo para mudar esse cenário, começando de dentro para fora? Refiro-me ao nosso cenário pessoal, à nossa preparação.
Recentemente, enquanto pensava neste primeiro artigo do ano, deparei-me com o texto muito bem escrito por uma companheira de longa data no varejo e no digital, Gisleide Oliveira (link abaixo e recomendo a leitura; é bem possível se identificar com ela). Ela discorre sobre temas que ecoaram minhas reflexões no último ano inteiro.
Nos últimos 12 meses, como muitos, tive desafios pessoais que abalaram meu dia a dia. Vi-me fora do mercado tradicional, sem uma fonte de renda fixa por quase todo o ano de 2023. Foi, sem dúvida, um período árduo. No entanto, foi exatamente esse momento, longe da agitação das entregas e do cotidiano, num sabático forçado, que me fez reavaliar minhas práticas, como as executava, e a compreender o cenário amplo do nosso campo de atuação digital.
O xis da questão
Como alguém da fase final da geração X e quase no início da geração Y, percebo que hoje sou o profissional mais experiente, aquele com “cabelos brancos” a quem buscava orientação no início da carreira. Nós, que estamos desde os primórdios do e-commerce e do digital, não tínhamos muitos “sêniores” para nos apoiar. Por sorte, tive o privilégio de ter líderes inspiradores no início da minha trajetória profissional e no decorrer dela, mas precisei buscar conhecimento, estudar e me dedicar para aprender e desenvolver minha abordagem, incorporando o que cada um desses líderes me ensinou.
A questão agora é: fizemos o mesmo com a geração Y? E o que podemos fazer agora com a geração Z?
As mudanças ocorridas nos últimos 20 anos são incontáveis, e a rapidez com que o novo se torna obsoleto é impressionante, fruto da tecnologia em constante expansão, um contraste marcante com a realidade atual do varejo.
Pare para refletir: quanto tempo do seu dia é dedicado a absorver informações? Não estou falando apenas de pós-graduações, MBAs ou doutorados, mas sim da vasta gama de dados disponíveis na internet, no mercado, em relatórios, em grupos de WhatsApp. Quanto você bebeu dessas fontes no ano passado? E foi exatamente isso que comecei a fazer com muito mais foco.
Às vezes, parece que muitos de nós agem como a seleção brasileira masculina de futebol, que há anos não conquista nada relevante, mas continuamos achando que somos o “país do futebol”.
No seu trabalho, já parou para compreender como a geração Y opera, o que ela pode contribuir para nós e o que podemos oferecer a eles? Experiência aliada à ousadia de criar algo genuinamente novo, por exemplo?
Você já se perguntou o que o mercado internacional está construindo há anos no ecossistema digital? Quais são os acertos e erros nos EUA, Índia e na Ásia? Ou ainda acredita que movimentos como os da Shein e do AliBaba no Brasil se devem exclusivamente a questões tributárias?
Já ouviu falar de Palantir, WorldCoin, Sea Inc, Pinduoduo, TSMC, Nvidia, BYD, Midjourney e o que estão fazendo lá fora? Eu também não tinha o menor conhecimento sobre, mas hoje os acompanho e tento entender melhor seus movimentos.
Até mesmos os famosos KPIs, termos de análise e tendências estão mudando o tempo inteiro: TME, DAU. MAU, Flywheel adicionado funil de conversão tradicional… você já olha alguns deles?
“E como fez isso?”, você pode perguntar. Investindo o meu maior ativo atual, que é meu TEMPO. Um pouco por por dia, lendo notícias, entrando em grupos de troca de informações, aprimorando meu inglês, assinando clippings gratuitos, buscando uma visão geral do mercado e oportunidades, ouvindo opiniões diferentes das minhas, montando uma rede pessoal de informação e suporte, tudo isso sem gastar muito dinheiro.
Este texto, por exemplo, nasceu desse processo, da leitura e pesquisa diária, um espaço para compartilhar e colaborar com temas relacionados ao digital.
Há um mundo vasto além da nossa bolha tradicional e das discussões sobre inteligência artificial. Minha provocação é esta: prepare-se para surfar as ondas que estão por vir no nosso mercado. Estude, reinvente-se, encare cada dia como o dia zero de aprendizado de algo novo. Participe de debates, interaja, questione e abrace uma transformação pessoal genuína.
Muitas vezes, em aulas e palestras, me perguntam qual é a característica mais importante para um profissional digital atualmente. Minha resposta sempre é: “SEJA CURIOSO o tempo todo, e muito.”
Me falem sobre o que acham e como enxergam isso tudo.
Abraços e um 2024 curioso pra todos nós.