Bem-vindos de volta, pessoal! Espero que estejam bem.
À medida que o IPO da ARM se aproxima, gostaria de compartilhar uma história intrigante que surgiu durante uma de minhas aulas de inglês com o meu amigo, professor, mentor e Bloomberg Man, Sean Crawford. Essa história, que atiçou minha curiosidade e me fez pesquisar para escrever esse artigo, revela um dos erros mais notórios do mundo empresarial e como ele transformou a ARM em um monopólio global no mercado de smartphones.
A Intel eu presumo que você conheça, mas e a ARM?
A ARM é uma empresa britânica que desempenha um papel crucial na arquitetura de chips usada por muitas fabricantes de smartphones e dispositivos móveis. Ela é responsável por uma parte significativa dos processadores em uso atualmente em todo o mundo, e, pasmem, ela mesma não fabrica nada. Em vez disso, a ARM licencia um conjunto de instruções simplificadas que servem como base para sua arquitetura.
Confrontando a gigante Intel
O que muitos desconhecem é que a ARM foi fundada em 1990 como uma joint venture entre a Apple (na época, Apple Computer) e dois parceiros que já não existem. Seus primeiros esforços para desafiar a indústria de chips para PCs, dominada pela arquitetura x86 da Intel, falharam miseravelmente. Isso se deveu, em grande parte, à sólida parceria entre a Intel e a Microsoft, junto com o sistema operacional Windows, tornando a Intel praticamente imbatível e impossível de ser desafiada.
A revolução dos dispositivos portáteis
Entretanto, a arquitetura x86 da Intel, embora imbatível para PCs, não era eficiente em termos energéticos o suficiente para dispositivos portáteis, como o Nintendo Game Boy. Foi nesse cenário que a arquitetura da ARM provou ser uma escolha notável, colocando-os incrivelmente bem-posicionados no mercado na era dos smartphones.
Vale lembrar que a Intel ia muito bem, obrigado, já era a maior fabricante de chips do mundo, marca sinônimo de desktops e notebooks ao redor do globo.
A questão é que a Intel teve uma chance única de liderar a indústria de smartphones, que se tornaria enormemente lucrativa, mas optou por não fazê-lo.
O super CEO da Intel
O(A) caro(a) leitor(a), dependendo da sua idade, já deve ter ouvido falar de PENTIUM, o famoso processador que foi uma das bandeiras da Intel nos anos 90, ou da plataforma CENTRINO, que facilitou a conexão Wi-Fi wireless para notebooks em meados de 2000, algo tão comum, banal e nativo hoje.
Esses importantes marcos aconteceram sob o comando de Paul Otelini, que presidiu a marca sob o período de maior crescimento da companhia, aumentando a receita de US$ 34 bilhões para US$ 53 bilhões. Durante seus oito anos à frente da Intel, foi feito mais dinheiro do que nos 37 anos anteriores, (sim, você leu certo!), ou seja, desde que a companhia foi criada.
O erro que mudou tudo
No entanto, contudo, todavia… a Apple ofereceu à Intel o design e a fabricação do processador para seu novo produto, o iPhone, quando Paul Otellini, o CEO dos grandes feitos acima e um dos nomes que ajudaram a construir as máquinas que usamos até hoje, disse não a Steve Jobs.
A Intel acreditava que os smartphones se tornariam apenas um produto de nicho e não queria diluir suas elevadas margens de lucro investindo bilhões nessa nova vertical.
Foi quando a Apple recorreu à ARM e começou a projetar seus próprios chips usando sua arquitetura. Uma curiosidade sobre esse período também é que a Samsung, agora sua maior concorrente de smartphones, fabricou os primeiros processadores para o iPhone.
Daí para frente, temos o mais puro creme da história moderna como a conhecemos hoje, um plot twist digno dos filmes que tanto gostamos…
Crescimento explosivo do mercado de smartphones
Naquela época, ninguém poderia prever quão gigantesco o mercado de smartphones se tornaria ou o impacto que teria na indústria de semicondutores, representando atualmente cerca de um terço dos gastos globais em design e fabricação de semicondutores. O processador A16 Bionic da Apple é inegavelmente uma das mais avançadas peças de tecnologia já criadas. O A16, apresentado no iPhone 14 Pro, foi projetado com base na CPU IP da ARM e só pode ser fabricado por uma única empresa, a TSMC. Foi o primeiro processador transistorizado de 4 nm em um smartphone. Com o iPhone 15 Pro, a Apple, a ARM e a TSMC provavelmente irão ultrapassar os limites ainda mais, chegando aos 3 nm, o que significa que cada transistor será apenas um pouco maior do que uma cepa de DNA humano (~2,5 nm).
Monopólio global da ARM
Hoje, a ARM estima que mais de 99% dos smartphones em todo o mundo são alimentados por suas CPUs. Sua receita é baseada em royalties e licenças, o que resulta em margens brutas de 96%. Dadas as complexidades do design de CPUs, nenhuma empresa conseguiu projetar com sucesso uma CPU moderna a partir do zero na última década, conforme indicado no prospecto da ARM.
Lições para os negócios e para a vida
Trazendo para o mundo dos mortais e o nosso dia a dia, essa história me levou a algumas reflexões:
– O quão acertos passados nos preparam para evitar erros futuros?
– Não há verdades absolutas em nada na vida.
– Qual é a sua visão de curto, médio e longo prazo?
Em meus artigos anteriores, destaquei a importância de estarmos preparados para entender o mercado e suas mudanças constantes. As oportunidades estão sempre ao nosso redor, e a chave para o sucesso está na antecipação e na preparação. Tornar-se um eterno aprendiz, despido de vaidade, sempre provocando a si mesmo e buscando conhecimento através da leitura e do consumo de conteúdo, torna-se primordial. Lembre-se de que a única coisa que não muda é que tudo muda o tempo inteiro, e o aprendizado contínuo é a chave para acompanhar esse ritmo.
E você, o que pensa sobre isso? Comente conosco. Espero que faça o mesmo sentido que fez e faz para mim.
Até a próxima!