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A liderança que atravessa os silos

Por: Eduardo Bragança

Supervisor de E-commerce no Grupo Autoglass

Eduardo Bragança é Pedagogo com MBAs em Marketing Estratégico Digital e Gestão de Marketing pela ESPM. Com mais de 12 anos de experiência no setor de E-commerce, tem sólida atuação em comércio varejista, marketing, vendas e liderança. Ao longo de sua carreira, trabalhou nos segmentos B2C e B2B SaaS, adquirindo expertise em estratégias de crescimento e gestão de operações digitais. Atualmente, ocupa o cargo de Supervisor de E-commerce B2C na Autoglass, liderando iniciativas para otimizar a presença online e expandir os resultados da gigante capixaba.

Em um ambiente corporativo cada vez mais competitivo, a inovação verdadeira só é possível quando conseguimos integrar diferentes perspectivas e áreas de expertise. No entanto, muitos desafios surgem quando as equipes operam de forma isolada, ou seja, quando existem “silos” que limitam a colaboração entre departamentos ou áreas de conhecimento. Superar esses silos não é apenas uma questão de promover uma cultura de colaboração, mas de criar um ambiente em que diferentes perspectivas possam se unir de forma eficiente para gerar soluções inovadoras.

Aqui estão quatro práticas essenciais para quebrar os silos e estimular uma colaboração genuína e produtiva, capaz de gerar resultados concretos para a empresa.

Desenvolva e introduza corretores culturais

Uma das formas mais eficazes de superar silos é investir em “agentes culturais” dentro da organização. São profissionais com uma bagagem de experiências diversas, que conseguem estabelecer conexões entre diferentes áreas da empresa, ao mesmo tempo em que compreendem e respeitam as especificidades de cada grupo. Esses profissionais não apenas atuam como facilitadores, mas também como pontes que ajudam a resolver conflitos, diminuir barreiras de comunicação e integrar diferentes culturas corporativas.

Esses agentes podem vir de qualquer área ou nível da empresa, mas a chave está em seu perfil multifuncional e sua capacidade de navegar entre os diferentes silos. Organizações que adotam essa abordagem conseguem integrar conhecimentos de diversas áreas e estabelecer uma rede de pessoas capazes de resolver problemas interdepartamentais de forma mais eficaz.

Exemplo prático: Empresas multinacionais como a Chubb, ao permitirem que seus funcionários vivenciem outras culturas organizacionais e participem de programas de rotação interna, conseguiram criar uma rede de profissionais que compreendem as nuances de trabalhar em um ambiente global e multicultural. Isso facilita a colaboração e melhora a interação entre equipes de diferentes partes do mundo.

Encoraje as pessoas a fazer as perguntas certas

A curiosidade é um dos maiores motores de inovação, e, quando bem dirigida, pode transformar a forma como uma equipe ou organização trabalha. No contexto corporativo, incentivar os membros da equipe a fazerem perguntas e buscar respostas de diferentes áreas da organização é fundamental. A curiosidade abre portas para novos entendimentos, novas ideias e novas soluções.

Um estudo realizado com mais de mil gestores de médio nível revelou que os líderes mais curiosos eram mais bem-sucedidos em construir redes de colaboração entre diferentes departamentos. Essa curiosidade não deve ser vista como um sinal de fraqueza ou incompetência, mas como uma demonstração de humildade e disposição para aprender com os outros.

Para líderes: Seja um modelo para sua equipe. Ao demonstrar interesse genuíno pelo trabalho dos outros e fazer perguntas de forma aberta e sem julgamentos, você cria um ambiente em que todos se sentem à vontade para questionar e buscar soluções de forma colaborativa. Além disso, promover momentos de aprendizado coletivo, como sessões de brainstorming e workshops, o que ajuda a fortalecer esse comportamento.

Incentive as pessoas a ver o mundo pelos olhos alheios

Adotar a perspectiva dos outros é uma prática essencial para a criação de soluções inovadoras. Muitas vezes, equipes de diferentes áreas possuem visões distintas sobre um mesmo problema. Esse tipo de diferença pode gerar conflitos ou mal-entendidos, mas também pode ser uma fonte valiosa de insights se abordada corretamente.

Quando as equipes aprendem a ver o mundo pelos olhos dos outros, elas começam a identificar novas soluções que poderiam passar despercebidas. Isso exige um esforço deliberado para ouvir ativamente as ideias dos colegas de outras áreas, compreender seus desafios e integrar essas perspectivas ao processo de tomada de decisão.

Exemplo: O projeto New Songdo, uma cidade planejada na Coreia do Sul, é um exemplo de como a colaboração interdisciplinar pode gerar resultados excepcionais. Desde o início do projeto, diferentes profissionais, como arquitetos, engenheiros e ambientalistas, foram incentivados a trabalhar juntos e a compartilhar seus conhecimentos e perspectivas. Esse processo de integração permitiu que a cidade fosse planejada de maneira mais eficiente, sustentável e adaptada às necessidades dos cidadãos.

Além disso, esse tipo de colaboração multidisciplinar fomenta uma abordagem mais holística para a resolução de problemas e permite que os líderes e suas equipes identifiquem oportunidades em áreas que não seriam inicialmente visíveis.

Amplie a visão do time

Uma das maiores limitações das organizações é a tendência de se concentrar apenas nas redes internas e nas áreas de conhecimento que são diretamente relacionadas ao core business da empresa. No entanto, a verdadeira inovação surge quando os funcionários são incentivados a explorar novas redes e fontes de conhecimento, tanto dentro quanto fora da empresa.

Estimular a equipe a buscar novos insights fora da organização ou até mesmo fora do setor pode gerar oportunidades inesperadas. Isso inclui buscar novas tendências em tecnologia, ciência, arte e outros campos que possam ser aplicados ao contexto da empresa.

Exemplo: A IDEO, uma renomada consultoria de design, é um exemplo de como a integração de diferentes disciplinas pode levar à criação de soluções inovadoras. Ao combinar conhecimentos de design, tecnologia e até arte, a IDEO foi responsável pelo desenvolvimento de produtos inovadores, como o primeiro mouse da Apple, e ajudou muitas empresas a abraçar o design thinking como uma estratégia de inovação. Esse exemplo ilustra como a interdisciplinaridade pode ser uma poderosa fonte de inovação, pois novas ideias e abordagens surgem quando se conectam diferentes áreas de conhecimento.

Como implementar isso na prática: Incentivar seus funcionários a participar de conferências fora de seu campo de atuação, a fazer cursos em áreas distintas ou a se envolver com especialistas externos são ótimas maneiras de ampliar a visão de sua equipe. Organizar encontros e workshops com profissionais de outras indústrias também pode gerar insights valiosos que podem ser aplicados ao seu próprio setor.

Supere os silos

Não é uma tarefa simples, mas quando as práticas acima são implementadas, é possível criar uma cultura de colaboração que se torna parte natural do cotidiano corporativo. A integração de diferentes áreas de conhecimento, a curiosidade constante, a empatia entre as equipes e a exploração de novas redes de conhecimento são fundamentais para quebrar barreiras e estimular a inovação de forma sustentável.

Os líderes têm um papel crucial em facilitar esse processo, criando um ambiente em que as equipes possam trabalhar de forma colaborativa, sem as limitações dos silos organizacionais. Quando isso acontece, a inovação não apenas surge, mas se torna uma consequência natural de um ambiente de trabalho verdadeiramente colaborativo.

Este é um conteúdo baseado no artigo de mesmo nome, escrito por Tiziana Casciaro, Amy C. Edmondson, Sujin Jang.