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Opinião: a Shopee vai alcançar o Mercado Livre?

Por: Leandro Ratz

Formado em Gestão Comercial com especialização em Omni Channel para o Varejo pela VTEX. Tem 10 anos trabalhando com comércio eletrônico, principalmente nos marketplaces. Fundador da RTZ Market e Top Voice Varejo no Linkedin.

Há alguns anos, afirmar que a Shopee poderia alcançar o Mercado Livre no Brasil seria visto como exagero. Hoje, no entanto, essa ideia parece cada vez mais plausível. A questão não é mais “se” a Shopee vai atingir o volume de vendas do maior marketplace do Brasil, mas sim “quando” isso acontecerá.

Embora ainda não haja uma confirmação oficial, rumores indicam que, em alguns momentos, a Shopee já superou o Mercado Livre em termos de volume de produtos vendidos. No competitivo e dinâmico mercado de e-commerce brasileiro, informações como essa, ainda que não oficiais, tendem a circular rapidamente. E, de fato, algumas operações que acompanho pessoalmente já registram maior volumetria na plataforma asiática.

Contudo, a Shopee ainda enfrenta desafios significativos, especialmente no que diz respeito ao ticket médio de suas vendas. Embora em crescimento, a plataforma encontra limitações na comercialização de itens mais pesados, em parte devido a questões tecnológicas e logísticas. Por exemplo, os sellers na Shopee precisam optar entre utilizar sua própria tabela de frete ou aderir ao modelo de entrega da própria plataforma, o que restringe a venda de itens mais volumosos. Diferentemente do Mercado Livre, a Shopee ainda não oferece um modelo híbrido de envio, o que poderia ser um diferencial para aumentar o ticket médio e, consequentemente, o GMV (Gross Merchandise Value).

Outro ponto a favor da Shopee é a sua política de comissão. Enquanto os vendedores no Mercado Livre pagam uma comissão percentual sobre suas vendas, a Shopee limita essa comissão a um teto de R$ 100,00. Esse incentivo permite que lojistas repassem essa diferença para o preço final, o que pode acelerar as vendas de produtos com ticket médio mais alto.

A introdução do modelo de Fulfillment da Shopee, com a promessa de entrega no mesmo dia na Grande São Paulo, também é um fator decisivo. Este novo centro de distribuição é mais um motor de tração para que a Shopee continue avançando rumo aos números impressionantes do Mercado Livre, que hoje ainda lidera o mercado de forma significativa.

Dados recentes da Conversion mostram que, nos últimos seis meses, o Mercado Livre registrou 1,9 bilhões de acessos via aplicativos Android e Web. A Shopee, em segundo lugar, alcançou 1,2 bilhões de acessos no mesmo período. Embora essa diferença possa parecer substancial, a corrida entre os dois gigantes está cada vez mais acirrada. Tanto a Shopee quanto o Mercado Livre estão em uma verdadeira batalha para garantir – ou conquistar – a liderança do e-commerce no Brasil.

É provável que a Shopee não alcance o Mercado Livre ainda este ano, mas acredito que esse cenário é uma realidade cada vez mais próxima. No fim das contas, o que mais importa é a consolidação do comércio eletrônico no Brasil e como essa competição acirrada entre os grandes players beneficia o consumidor, que tem cada vez mais opções de onde comprar seus produtos.

Essa descentralização das operações e a crescente concorrência entre marketplaces também geram oportunidades para milhares de sellers parceiros, que podem diversificar suas vendas e expandir suas operações em um mercado cada vez mais dinâmico e promissor.