O mercado de e-commerce no Brasil está passando por mais uma etapa de transformação. O modelo tradicional de e-commerce, em que as plataformas vendem diretamente para o consumidor (1P), está se somando a um formato mais diversificado e colaborativo: o marketplace (3P). A mudança, impulsionada por uma série de vantagens estratégicas, vem definindo o futuro do varejo digital e impondo novos desafios e oportunidades para empresas e profissionais do setor.
Os marketplaces não são exatamente uma novidade, mas sua popularidade e seu crescimento nos últimos anos têm sido notáveis. Grandes plataformas estão gradualmente agregando ao modelo de vendas diretas o modelo que reúne diversos vendedores em um único ambiente digital. Mas, afinal, o que está motivando essa transformação?
Primeiro, há o desejo de ampliar o portfólio de produtos. O modelo tradicional de e-commerce é limitado pelo estoque que a própria empresa pode manter. No modelo 3P, a plataforma se torna um intermediário, permitindo que uma ampla gama de produtos seja oferecida, sem que precise assumir os riscos e os custos de manter todos esses itens em estoque.
A divisão de riscos e custos é, de fato, uma das maiores vantagens desse novo formato. Custos operacionais e logísticos podem ser compartilhados com os sellers, tornando o modelo mais sustentável para todas as partes envolvidas. Ao mesmo tempo, para os vendedores (sellers), há um enorme benefício: acesso a uma base de clientes ampliada, utilizando a infraestrutura e a visibilidade das grandes plataformas para aumentar seu alcance de mercado.
Por trás dessa transição tecnológica, existe um impacto direto nas funções dos principais executivos que lideram as empresas de e-commerce e marketplaces. Esse não é um simples ajuste estratégico – é uma transformação profunda que altera a maneira como algumas das funções mais cruciais das organizações são exercidas.
No setor de Comercial/Compras, o papel está evoluindo. Em vez de negociar compra de produtos com fornecedores, os profissionais dessa área agora precisam se concentrar na construção de relacionamentos com parceiros. Isso significa adotar uma abordagem mais colaborativa, ajudando sellers a crescer dentro da plataforma e, consequentemente, gerar valor para o marketplace como um todo.
Já a área de Operações enfrenta desafios próprios. Com a crescente expectativa dos consumidores por entregas rápidas, muitas vezes em menos de 24 horas, a eficiência operacional se torna fundamental. Para manter esse padrão de qualidade, é necessário otimizar processos no centro de distribuição, aprimorar o planejamento de estoque e buscar novas tecnologias para agilizar a cadeia de suprimentos.
Por fim, a equipe de Marketing/Performance também se vê em meio a uma transformação. Em um ambiente em que muitos vendedores oferecem produtos similares, o diferencial estará na capacidade de acessar o consumidor de maneira mais eficaz e personalizada. Estratégias de marketing direcionadas e campanhas que realmente se conectam com o público serão decisivas para garantir a vantagem competitiva das plataformas e de seus sellers.
O impacto humano de uma revolução digital
No fundo, o que vemos é uma revolução digital que vai além da tecnologia e dos modelos de negócio – é uma transformação que demanda novas habilidades e perfis de liderança. Os profissionais de e-commerce precisam se adaptar, tornando-se cada vez mais versáteis e prontos para enfrentar os desafios de um ambiente que muda a uma velocidade incrível.
À medida que mais plataformas se tornam marketplaces, surge a necessidade de executivos que entendam tanto de tecnologia quanto de relacionamentos humanos. Afinal, o futuro do varejo digital não se resume a vender mais produtos, mas sim a construir conexões reais e duradouras com os clientes. O varejo do futuro já está se desenhando agora, e ele pertence às pessoas que estão preparadas para liderar essa transformação.