Na mesma medida em que os usuários adeptos das compras online desejam uma experiência de compra rápida e conveniente, cresce a preocupação com armazenamento, uso e vazamento de dados pessoais.
Nesse contexto, a biometria não é uma novidade, mas ainda tem muito potencial a ser explorado, suprindo estes dois pontos: mais agilidade para os pagamentos e mais segurança para o fluxo transacional.
Para dimensionar esse mercado, é esperado que, até 2025, mais de US$ 3 trilhões em pagamentos móveis sejam resguardados por biometria facial, segundo a Juniper Research. Já de acordo com um estudo da Mastercard, 53% dos usuários consideram que esse é o método de pagamento mais seguro para realizar transações.
Quer entender o futuro da biometria digital e o impacto dessa funcionalidade no mercado de pagamentos e, consequentemente, no seu negócio? Siga a leitura!
Como a biometria é utilizada no mercado atualmente?
A biometria já está no dia a dia dos brasileiros para algumas operações, como fazer uso das carteiras digitais, abrir conta em bancos e autorizar transferências bancárias.
Nesses casos, ela atua como uma camada extra de segurança e/ou autenticação. Ou seja, o usuário já teve que passar por algumas tomadas de ação até chegar à validação biométrica – que funciona como uma última confirmação de identificação.
Não há, portanto, um ganho em agilidade ou refinamento da experiência de compra, já que a validação biométrica funciona como um segundo fator de autenticação.
No entanto, esse ganho de experiência já é visto em outras aplicações, como é o caso do 3DS 2.0.
Biometria e 3DS 2.0
O 3DS é uma tecnologia que se popularizou com o uso do cartão de débito nas compras online. Mas, devido ao atrito para validar a identidade do usuário na compra não presencial – sendo preciso que o usuário fizesse uma autorização em tempo real junto à instituição emissora do cartão -, a forma de pagamento tornou-se subutilizada no ambiente digital.
Recentemente, o 3DS foi atualizado e passou a fornecer mais informações transacionais aos players envolvidos na aprovação das compras. Além disso, passou a se estender às compras não presenciais com o cartão de crédito.
Mas não foi apenas o protocolo que foi atualizado. As instituições emissoras ainda precisam, em alguns casos, fazer validações junto ao portador do cartão – chamadas de desafios. Porém, esse processo tornou-se mais simples e ágil, porque é possível fazê-lo via biometria, seja ela facial ou de impressão digital, feita com o próprio smartphone no aplicativo do banco.
Biometria em compras presenciais
Não é apenas o mundo digital que pode se beneficiar do uso de biometria. Alguns grandes players do varejo físico já têm aderido à possibilidade de se fazer compras presencialmente sem cartão, sem dinheiro ou documento, apenas com um sorriso ou aceno de mão.
Em 2019, na China, mais de 100 milhões de chineses já haviam se registrado para usar a tecnologia em lojas de conveniência, mercados etc., conforme notícia divulgada no Valor Econômico.
E essa revolução não está acontecendo apenas do outro lado do globo. Varejistas brasileiros já começaram a aderir à biometria facial para pagamentos em compras presenciais, como é o caso da C&A, que desde o final do ano passado disponibiliza a biometria como forma de pagamento para os clientes do C&A Pay nas suas mais de 300 lojas espalhadas pelo Brasil.
Roadmap para os próximos anos
Em poucos anos, poderemos ver a biometria facial sendo aplicada no e-commerce como forma de validação das transações diretamente pelo consumidor final na interface do site de compras, reduzindo atritos de inserção de dados.
Nesse caso, o ganho não é apenas na experiência de compra. Esse tipo de tecnologia é uma aliada do combate às fraudes, já que torna muito mais precisa a validação da identidade do usuário em tempo real.
Quanto à adesão dos consumidores, as expectativas podem ser altas. De acordo com um estudo da Mastercard, 62% dos entrevistados afirmaram já ter usado a biometria para validar pagamentos. Além disso, dois terços consideram a biometria mais segura do que a autenticação de dois fatores, e 64% concordaram que, em comparação com o pagamento no cartão físico ou via dispositivo, a autenticação biométrica é mais fácil.
Ainda assim, um ponto de atenção para o crescimento e adesão a essa tecnologia são as questões relativas à segurança, armazenamento e consentimento de dados pessoais sensíveis.
Há pouco tempo, o Brasil começou a regulamentar esse tipo de questão com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais). Mas, conforme novas tecnologias surgem, novas considerações precisam ser feitas sobre o tema. A armazenagem, o uso, o consentimento (e suspensão desse consentimento), a anonimização, entre outros fatores, devem ser pautas importantes quando falamos de biometria aplicada ao mercado de pagamento digital pelos próximos anos.