A Black Friday, data mais aguardada do ano por lojistas e consumidores, se aproxima e, com ela, muita expectativa de que os resultados de vendas de 2023 superem as edições anteriores. Marcada para última sexta-feira de novembro, a data movimenta e-commerce e varejo físico com descontos e promoções de encher os olhos.
Para trazer a dimensão do evento em números, a Black Friday registrou um faturamento total de R$ 3,9 bilhões em 2022 no Brasil, segundo pesquisa da Neotrust. O cenário deste ano, no entanto, se mostra mais otimista. De acordo com estudo recente do Google, 67% dos brasileiros pretendem fazer compras na data, com aumento do ticket médio, já que um em cada quatro consumidores espera gastar mais de R$ 1.000.
O estudo ainda revelou que 91% dos brasileiros vão usar canais online para obter informações sobre preços, produtos, descontos e, inclusive, concluir suas compras. Mas o que parece promissor serve também como sinal de alerta. Isso porque, com a mesma intensidade que as buscas por produtos e vendas online vão crescer no período, a fraude também vai, representando riscos e prejuízos tanto para lojistas quanto para consumidores.
Pesquisas globais indicam que tentativas de fraude em eventos como Black Friday costumam ser 82% maiores do que no resto do ano. Ainda de acordo com Relatório Varejo 2023, no Brasil, as tentativas de fraude de pagamento aumentaram 36% em 2022, resultando em ataques cibernéticos ou vazamentos de dados (22% de aumento), além de perdas com transações fraudulentas e estornos (51% maiores).
Fato é que não são somente lojistas que saem no prejuízo. De acordo com o mesmo estudo, quase um quarto dos compradores sofreram fraudes de pagamento no ano passado, perdendo, em média, R$ 853 cada.
Tipos de fraude no e-commerce
Existem vários tipos de fraude que podem ser realizadas em apps ou sites de lojas e marketplaces, especialmente em eventos como a Black Friday:
1. Abuso de promoção
Muito comum em eventos como a Black Friday, em que os lojistas atraem compradores com promoções, os descontos acabam sendo incentivos para os fraudadores também.
Isso porque eles abusam dessas oportunidades criando milhares de contas falsas para esgotar as promoções. A experiência acaba frustrando compradores reais que não conseguem aproveitar os descontos prometidos pela loja.
2. Abuso de flash sales
Durante os períodos sazonais, e-commerces oferecem frequentemente vendas-relâmpago, nas quais quantidades limitadas de produtos muito procurados ficam disponíveis por um curto período. Os fraudadores usam bots para comprar esses itens em grandes quantidades, muitas vezes fazendo com que eles se esgotem em segundos. Posteriormente, esses artigos são revendidos em outras plataformas a preços inflacionados, enquanto os compradores genuínos ficam de mãos vazias.
3. Account takeover (ou invasão de contas)
A fraude de account takeover é crescente no comércio eletrônico, especialmente durante períodos de alto tráfego, como a Black Friday. Os fraudadores obtêm acesso não autorizado às contas dos usuários e fazem compras usando as informações pessoais e financeiras da vítima. Isso não só resulta em perdas financeiras, mas também destrói a confiança do usuário na plataforma de comércio eletrônico.
4. Fraude de pagamento
A fraude de pagamento ocorre quando informações roubadas do cartão de crédito são usadas para realizar uma transação online. Geralmente é feita de duas maneiras:
Fraude com cartão não presente: os fraudadores obtêm detalhes do cartão através fontes como a dark web ou por meio de ataques de phishing, nos quais vítimas inocentes fornecem acesso às suas informações confidenciais clicando em links maliciosos;
Fraude com cartão presente: aqui, os fraudadores usam cartões físicos roubados ou clonados para fazer compras, muitas vezes explorando vulnerabilidades em sistemas de pontos de venda ou em métodos de processamento de cartões.
5. Fraude de teste de cartão
Essa fraude acontece quando um fraudador obtém acesso a informações do cartão de crédito por meio da dark web, mas não tem certeza se o cartão funcionará, nem qual o limite de gastos. Por isso, faz pequenas compras como teste em um app de e-commerce antes de seguir com compras maiores.
Sinais de fraude no e-commerce
Para combater de forma eficaz a fraude no comércio eletrônico, as empresas devem ser capazes de identificar sinais de alerta. Vários indicadores comuns incluem:
– Uso de diferentes cartões de crédito no mesmo endereço de IP;
– Um mesmo dispositivo com várias contas diferentes associadas para engajar com as promoções e ofertas oferecidas pela loja;
– Incompatibilidade entre endereços de envio e cobrança e localização de IP;
– Padrões ou quantidades de compra incomuns em um curto espaço de tempo;
– Numerosas transações recusadas consecutivamente;
– Novos clientes comprando grandes quantidades de itens caros;
– Aumento no número de tentativas de login malsucedidos, várias contas acessadas no mesmo dispositivo ou login na mesma conta a partir de diferentes localizações geográficas em um curto espaço de tempo.
Como prevenir fraudes no e-commerce e evitar prejuízos financeiros?
Embora os e-commerces concentrem seus esforços em prevenir a fraude de pagamento, como vimos, esse não é o único método que causa prejuízos financeiros e de reputação. Por isso, é importante que as lojas virtuais e marketplaces combinem estratégias existentes de prevenção de fraude com soluções que possam automatizar o processo de detecção de métodos fraudulentos, antes mesmo de chegar ao ponto de pagamento.
Esse tipo de tecnologia identifica comportamentos suspeitos em tempo real e fornece insights acionáveis sobre atividades fraudulentas que podem estar impactando suas plataformas, possibilitando que as equipes de combate à fraude possam impedir com precisão que os fraudadores ataquem.
Esse tipo de solução combina inteligência artificial com machine learning para identificar dispositivos, contas e usuários que estão interagindo com seu app/site (mesmo que os fraudadores tentem falsificar, redefinir ou alterar atributos do dispositivo), além de revelar quais técnicas e ferramentas maliciosas podem estar sendo usadas para ocultar atividades fraudulentas (emuladores, app cloners etc).
Atuando de forma preventiva e tendo acesso a essa inteligência em tempo real, os e-commerces são capazes de reduzir a quantidade de perdas financeiras, ganhar precisão e agilidade na tomada de decisão no combate à fraude e reduzir a quantidade de reclamações recebidas dos usuários sobre questões relacionadas à segurança de seus dados e contas.