O comércio eletrônico no Brasil tem sido impactado pela crescente presença e evolução de gigantes internacionais, como Amazon nos Estados Unidos, Mercado Livre na Argentina, Shopee em Singapura e Alibaba na China. A pergunta que me faço agora é: o que explica esse avanço acelerado dessas empresas em relação às nacionais? Um fator importante está na cultura dos seus países, no seu ambiente e em como isso influencia suas estratégias de administração, gestão de negócios, liderança, pessoas e inovação.

A cultura empresarial e sua influência no crescimento das plataformas
Cada país tem um estereótipo cultural que influencia diretamente na forma como as pessoas vivem, como governos administram e suas empresas operam. Esses estereótipos definem hábitos, comportamento, formas de liderança, tolerância ao risco e até a relação entre as pessoas, consumidores e marcas.
Entender essas diferenças nos ajuda a compreender por que algumas empresas se destacam globalmente e como nós, brasileiros, atuando a partir da nossa pátria amada podemos aprender com esse benchmarking.
Este artigo é apenas uma visão de abertura, algo em torno de cinco por cento do que há disponível para pesquisar, para que, no próximo passo, possamos analisar estrategicamente as melhores práticas usadas por grandes corporações e adaptar ao nosso cotidiano em nosso ambiente de negócios.
Amazon nos Estados Unidos – eficiência e escalabilidade (o céu não é o limite)
A cultura norte-americana caminha para o individualismo, a meritocracia e a inovação contínua. No ambiente de negócios, pode-se traduzir como um foco aumentado, como um super zoom na experiência do cliente, automação de processos e alta eficiência operacional. A Amazon é um dos maiores cases mundiais nesse sentido, pois transformou a logística de distribuição em um sistema robusto e ultrarrápido e um modelo de negócios altamente escalável, algo sem precedentes antes conhecido. Empresas brasileiras podem aprender com essa obsessão pela otimização e experiência do consumidor. Gostaria até de abrir mais esse tema, entretanto, o foco agora é outro, mas não poderia deixar de mencionar também a Zappos, de Tony Hsieh, inesquecível modelo e exemplo de experiência do cliente, adquirida pela Amazon em 2010, por cerca de R$ 10 bilhões.
Mercado Livre na Argentina – resiliência, adaptação e flexibilidade PAREI AQUI
Diante de um histórico de instabilidade econômica, altos e baixos, escassez e alta inflação, os empresários argentinos se tornaram mestres na adaptação e resiliência. Outro ponto que vale lembrar é que a Argentina investe há muito tempo na educação básica da sua população, mesmo com todas as adversidades. Educação é um pilar fundamental para a prosperidade de uma nação. O Mercado Livre nasceu nesse contexto. Seus fundadores possuem um elevado nível educacional e desenvolveram um modelo de negócio flexível, capaz de se reinventar constantemente, uma respeitável combinação de tecnologia, inovação contínua e estruturação operacional. A capacidade de inovação, mesmo com recursos limitados, é um aprendizado valioso para as empresas brasileiras que enfrentam desafios semelhantes.
Shopee em Singapura – planejamento estratégico e execução sniper
Com uma cultura organizacional baseada em disciplina, planejamento e pragmatismo, existem regras rígidas e claras para se manter a ordem. Com uma economia moderna e bem desenvolvida, Singapura é conhecida por seu ambiente empresarial altamente eficiente. A Shopee aplicou essa mentalidade ao e-commerce, combinando gestão rigorosa de custos com estratégias agressivas de crescimento. Empresas brasileiras podem se inspirar nesse modelo, apostando em mais planejamento estratégico e execução disciplinada. Ordem e progresso, deveríamos lembrar disso mais vezes.
Alibaba na China – expansão acelerada e inovação tecnológica
A cultura chinesa valoriza trabalho árduo, competitividade extrema e crescimento agressivo. O continente asiático é muito conhecido por sua cultura de honra e disciplina, não é por acaso que grandes impérios nasceram por lá e se espalharam pelo mundo. Isso é refletido no Alibaba, que domina o e-commerce chinês com sua estratégia de integração total entre marketplace, fintech e logística. No Brasil, onde a burocracia e a falta de incentivo ao empreendedorismo dificultam a escalabilidade, esse modelo mostra como a digitalização e a automação podem ser diferenciais competitivos.
Bônus: ao mencionar a Ásia, não poderia deixar de lembrar do Japão e do ícone TPS (Toyota Production System) – em português, Sistema Toyota de Produção -, com sua incessante busca pela eficiência por meio da eliminação consistente e completa de desperdícios. Esse é um exemplo da cultura japonesa que se expandiu para o mundo empresarial, mas que ainda é mal compreendido em alguns lugares. Por isso, muitas empresas não conseguem replicar seus processos, possivelmente devido às divergências culturais.
Gestão de pessoas: como a cultura define a produtividade
O estilo de liderança e a forma como as empresas gerenciam talentos também são influenciados pela cultura de cada país:
– Estados Unidos: foco na performance individual, inovação e incentivo ao risco calculado, quem erra é valorizado por sua experiência. Reconhecimento e crescimento rápido para os melhores.
– Argentina: ambiente é flexível e colaborativo, a adaptação é essencial, precisam lidar com mudanças frequentes e tomar decisões rapidamente. Lealdade e honra são importantes e valorizadas.
– Singapura: estrutura hierárquica bem definida, com alta disciplina organizacional. São treinados para seguir processos eficientes e tomam decisões baseada em dados. Ética, compromisso com excelência e profissionalismo.
– China: trabalho de alta intensidade, cultura de crescimento acelerado e alta exigência de produtividade. Obediência a hierarquia, a liderança instrui exatamente o que o time deve fazer e acompanha a realização.
– Brasil: valorização das relações interpessoais e ambiente informal, mas com desafios como falta de processos estruturados, baixa meritocracia e dificuldades em executar estratégias de longo prazo.
Nesse ponto, ainda se trata de uma visão geral e resumida da pesquisa para demonstrar o contexto. O Brasil é enorme e abriga diversas culturas dentro do mesmo território.
O desafio de competir com os gigantes
O Brasil tem características excepcionais que representam vantagens competitivas e um enorme potencial para gerar ainda mais benefícios à medida que amadurece em diversos pilares. A criatividade, a proximidade e o carinho com o cliente e a flexibilidade operacional são pontos fortes do mercado interno.
Diferentemente de qualquer país no mundo, a burocracia somada à dificuldade de acesso a capital, à falta de planejamento estratégico e à falta de conhecimento são entraves que impedem muitas empresas de escalar seus negócios no mesmo ritmo do mercado internacional. Muitas empresas ainda operam com processos pouco escaláveis localmente.
Para competir com as principais nações do mundo, é essencial que as empresas brasileiras aprendam com essas culturas empresariais. No entanto, isso não significa adotar tudo o que veem pela frente, pois nem tudo é tão bom e eficiente quanto parece. O ideal é identificar e implementar as boas práticas de eficiência, planejamento e inovação que realmente agregam valor. O futuro do e-commerce brasileiro depende de compreender essas diferenças e usá-las para fortalecer os negócios locais e impulsionar o crescimento.
O avanço das gigantes internacionais por todo o Brasil não é apenas uma questão de investimento ou tecnologia. A cultura, o comportamento e os hábitos de cada país e seus representantes, assim como toda a sua população, afinal de contas, aqueles que governam é reflexo de como vive a maior parte daquela comunidade, isso também define a forma como essas empresas operam e se destacam, em uma nação todas as esferas, física (famílias), jurídica (empresas) e estado (governo), são uma só. As empresas brasileiras que conseguirem se adaptar e aplicar as boas práticas globais à realidade local terão mais chances de se desenvolver e se consolidar no mercado nacional e avançar no internacional.
O avanço das gigantes internacionais pelo Brasil não se resume apenas a investimento ou tecnologia. A cultura, o comportamento e os hábitos de cada país influenciam diretamente a forma como essas empresas operam e se destacam. Além disso, os governantes refletem, em grande parte, os valores e a realidade da população, o que também impacta o ambiente de negócios.
Em uma nação, todas as esferas – física (famílias), jurídica (empresas) e estatal (governo) estão interligadas. As empresas brasileiras que conseguirem se adaptar e aplicar as melhores práticas globais à realidade local terão mais chances de se desenvolver, consolidar-se no mercado nacional e expandir sua atuação internacionalmente.
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