A inteligência artificial (IA) é um dos temas mais atuais no e-commerce, sendo aplicada e debatida em todos os pontos da jornada de compra. Neste artigo, vamos focar em um aspecto da cadeia logística: as vendas online.
Segundo artigo publicado pela gigante Ernst & Young, um incremento de 30-35% da acurácia da previsão da demanda pode gerar aumento de vendas de 3-5% e redução de estoques de 20-25%, algo que pode ser facilmente alcançado com o uso de inteligência artificial. Além disso, o uso da IA melhora diretamente a experiência do cliente, uma estratégia adotada por 40% dos líderes de mercado, conforme a PWC.
Aplicando IA no supply chain de forma prática
Existem exemplos reais de clientes que obtiveram resultados positivos significativos com o uso de IA na logística. Um caso notável é de uma grande empresa do ramo de chocolates D2C (Direct-to-Consumer) que implementou a inteligência artificial para centralizar uma grande quantidade de dados, aumentando a eficiência no envio de produtos. Em 2023, a empresa alcançou um faturamento expressivo de R$ 295,32 milhões.
Esse é, sem dúvidas, um ótimo exemplo de como aplicar a IA. Mas, antes de simplesmente utilizar esse recurso, é importante partir do seguinte princípio: a inteligência artificial deve ser uma aliada e um meio para alcançar objetivos de negócio, atuando como uma ferramenta adicional para auxiliar na tomada de decisão. Isso significa que não é recomendável deixar essa tecnologia dominar a operação sem considerar outros fatores importantes.
Na prática, a IA deve aprimorar o que o seu negócio já tem de positivo e bem estruturado. Imagine uma rede com vários centros de distribuição que abastecem diversas lojas. A IA pode ajudar a prever o quanto será vendido, identificar quais lojas têm mais ou menos estoques e se alguma loja possui estoque suficiente para abastecer outra. Disponibilizar o produto certo, no local correto, nas quantidades certas, no momento certo, ao menor custo e com baixo esforço é o objetivo.
Quando a IA torna o e-commerce mais sustentável
O ponto crucial é transformar uma boa acurácia gerada por IA em resultados práticos. Para isso, estamos falando de outra IA de recomendação, que garante números ideais, equilibrando os níveis de estoques e assegurando que não haja perdas, excessos ou rupturas. Isso resulta em um incremento significativo nas vendas e em uma eficiência notável.
A aplicação de algoritmos de recomendação e modelos de redes neurais na previsão de demanda permite equilibrar os estoques com maior precisão. Esses modelos aprendem continuamente com os dados e as curvas de cada negócio, tornando as previsões cada vez mais assertivas. Enquanto sem IA a previsão de demanda acerta em média 60%, com IA essa precisão pode atingir 80-90% para produtos com vendas relevantes e padrões comportados, segundo dados da Infradata.
Não se trata apenas de adotar IA para tornar o comércio online mais “tecnológico” ou seguir uma tendência de mercado. A eficiência proporcionada pela IA vai além da otimização de processos e redução de custos. Ela pode tornar seu negócio mais sustentável e alinhado com questões econômicas e sociais, fundamentais nos dias de hoje.
A junção dos dados com IA no supply chain
Antes de aplicar IA, as empresas devem passar por um processo de curadoria de dados, garantindo que toda a empresa tenha acesso à mesma informação com qualidade. Uma vasta quantidade de informações é gerada diariamente por sistemas heterogêneos e processos manuais. Implementando um data lake que captura, trata e otimiza essas informações, otimizamos processos.
Prova disso, inclusive, está em uma pesquisa da PWC sobre aplicações de IA, que citei no início do artigo. Para 38% dos líderes de mercado, o desenvolvimento de negócios com base em dados mostra o quão poderosa é a IA, e que, além disso, essa dupla traz mais valor para a experiência do cliente, que também apresenta uma melhora significativa para 40% dos executivos.
Mais uma vez, os dados e a IA devem ser tidos como “braços” do seu e-commerce, conduzindo as tarefas do dia a dia de forma mais assertiva. Há várias outras questões, até mesmo básicas da operação, que precisam estar muito bem azeitadas para que essas estratégias sejam efetivas.
E, acima de tudo, ainda existe uma máxima que não pode ser deixada de lado: o fator humano. Sem ele, estaremos apenas seguindo o fluxo da hiper automação de processos, sem colocar o olhar prático e humanizado em questões que aproximam o cliente da marca, do produto ou da loja online.
Portanto, tenha em mente: não é como eu deixo a IA comandar minha cadeia logística, é como a IA é uma ferramenta que traz escala e eficiência para toda uma cadeia de suprimentos que já é boa, mas que ainda tem muito campo a ser aprimorado.