Enquanto a vacinação no Brasil se inicia lentamente, os números da Covid-19 no país elevam-se com rapidez, na chamada “segunda onda” da pandemia, conforme previram as autoridades mundiais de saúde.
Trata-se de uma fase que já vinha sendo atravessada pela Europa há mais tempo. Regras de bloqueio similares às do primeiro semestre de 2020 foram aplicadas novamente no final do ano. Isso atingiu negócios não essenciais do varejo alimentício, como restaurantes e bares. Em alguns casos, novos
lockdowns foram decretados.
Enquanto a imunização em massa da população brasileira não é uma realidade, um estudo comparativo dos hábitos dos consumidores europeus durante os períodos de restrição aponta caminhos que podem ser adotados pelo varejo brasileiro no atual cenário.
A importância de múltiplos canais de compra
A análise, realizada em novembro do ano passado pela Symphony RetailAI, multinacional especializada em soluções em inteligência artificial para o varejo, aponta essencialmente uma adaptação do cliente europeu ao cenário de pandemia, em especial no e-commerce.
Em um comparativo simples, o volume de compras online teve alta de 90% durante a “primeira onda” e, novamente, de 70% no bloqueio mais recente.
Uma das justificativas para este ajuste é que as grandes redes de supermercados souberam explorar melhor a comunicação com seus clientes através de múltiplos canais. Ou seja, garantiram a abundância de produtos disponíveis e evitaram excessos nos estoques domésticos.
Além disso, clientes que aumentaram seu envolvimento online na “segunda onda”, mas não deixaram de frequentar as lojas presencialmente, aumentaram sua cesta de compras em 12% em relação ao início da pandemia.
É outro indício de que a oferta de produtos omnichannel contempla os novos hábitos dos consumidores. Isso pode contribuir não só em relação às vendas, mas também em termos de engajamento e fidelização.
Uma questão de saúde e segurança
Ainda que o varejo em múltiplos canais e os pedidos online para retirada não sejam conceitos novos, fica claro que, diante da pandemia da Covid-19, o que antes era visto como conveniência, agora é questão de saúde e segurança.
Sendo assim, o principal desafio dos varejistas brasileiros a curto prazo é evitar que compradores de alto valor não interrompam seus hábitos ao encontrarem problemas de atendimento e de coleta ou entrega.
Para isso, é preciso garantir uma cadeia de suprimentos unificada. Ou seja, que garanta opções online e também offline para eventuais necessidades.
Isso inclui até segmentos como alimentos frescos, carnes, peixes e delicatessen, que enfrentam queda de demanda nos balcões europeus. Por aqui, entretanto, seguem levando clientes às lojas físicas, ainda que com menos frequência.
Quem minimizar as ineficiências e controlar o alto volume de pedidos com mais agilidade certamente terá melhores resultados agora. E a inteligência artificial, certamente, continuará sendo uma ferramenta valiosa para que este desempenho seja alcançado.