A pesquisa por voz, ou voice search, se tornou tendência entre os usuários de smartphones e tablets nos últimos anos, seja pela praticidade ou pela conveniência desse tipo de busca. Afinal, essa funcionalidade nada mais é do que substituir a digitação pela tradução automática da fala em dispositivos que fazem a pesquisa por você.
Além disso, com a otimização das plataformas de busca para reconhecimento de fala, é possível receber resultados completos, corretamente apurados e mais assertivos do que quando pesquisado pelos meios tradicionais.
Em 2019, a média mundial de buscas por voz foi de aproximadamente 1 bilhão por mês. Além disso, segundo a ComScore, o mercado de reconhecimento de voz movimentou cerca de US$ 601 milhões em 2020.
De acordo com a consultoria inglesa Juniper Research, o crescimento das compras por voz acontecerá, principalmente, pela proliferação dos Assistentes por Voz nos próximos anos. O estudo aponta que existirão mais de 8 bilhões de assistentes em uso até 2023. Lembro que em 2018 somente 2,5 bilhões estavam em uso, seja por meio de smartphones, tablets, fones de ouvido, ou qualquer aparelho com acesso a essa funcionalidade. Se você já utilizou assistentes pessoais como a Siri (Apple), Cortana (Microsoft) ou a Alexa (Amazon), então você já faz parte dessa estatística.
De acordo com o Bing, pesquisar falando é 3,7x mais rápido do que digitando. Em um mundo em que todos buscam otimizar tempo para ganhar agilidade, parece lógico que as pesquisas por voz estejam em ascensão. Além de todos os assistentes pessoais já citados, é bem provável que tenham muitos mais nomes surgindo por aí nos próximos anos.
Compra por voz
A efetivação de compra por voz deve ser uma das principais estratégias adotadas pelo comércio eletrônico, sendo testada e aplicada por grandes players do mercado. A consultoria britânica OC&C prevê uma movimentação de US$ 40 bilhões de dólares até 2022 por esse meio. Esse número representa um aumento considerável comparado com US$ 2 bilhões movimentados atualmente pelos EUA e Reino Unido.
Um dos desafios enfrentados por quem trabalha com esse mercado é a ativação do consumidor. Afinal, esse meio será utilizado como um canal direto de vendas, e não uma experiência de navegação ou pesquisa. Ou seja, a navegação por lojas online fica prejudicada, pois não é uma experiência visual.
Os produtos são selecionados apenas ouvindo uma descrição em palavras, o que limita drasticamente a oferta de produtos. De acordo com um estudo da OC&C, 70% das compras por voz são realizadas por consumidores que sabem exatamente aquilo que querem.
Apesar de a fala ser mais rápida que a escrita, é mais intuitivo ler rapidamente uma lista de resultados de busca sobre um produto do que ouvir todos os detalhes como características e preço por meio de um assistente de voz. Como resultado disso, atualmente as categorias mais relevantes para as compras são comida e itens de marcas muito conhecidas, especialmente eletrônicos.
Hoje, quando um consumidor diz um comando como “OK Google”, “Hey Siri”, ou “Alexa”, e diz “coloque achocolatado em pó na minha lista de compras”, a consulta vai mostrar apenas um resultado por vez. Ou seja, diferentemente da pesquisa de texto, apenas uma empresa vai aparecer em destaque e terá uma vantagem competitiva. A marca de achocolatado que estiver mais bem posicionada será a primeira a ser mostrada para o consumidor.
As marcas precisam estar preparadas
Por enquanto, a fatia do mercado de compra por voz aqui no Brasil ainda é pequena. Entretanto, ganhar e manter visibilidade nas plataformas ativadas por voz será um diferencial essencial para se manter competitivo nos próximos anos.
De acordo com uma pesquisa da Uberall, realizada com 73 mil negócios brasileiros, tanto de pequeno quanto médio e grande porte, apenas 4% estão otimizados para pesquisas e compras nessa modalidade.
Se você quer fazer essa otimização, comece focando no formato de perguntas e palavras-chave de cauda-longa. Conquiste os featured snippets, aqueles cartões com respostas diretas que aparecem por primeiro na página de pesquisa — também conhecidos como “posição zero do Google”. Atualmente, 40,7% das respostas das pesquisas por voz vêm no formato de featured snippet. Outras dicas são usar uma linguagem simples e natural, e utilizar o Google Meu Negócio, que facilita encontrar empresas locais.
É bom lembrar que a adaptação ao SXO (Search Experience Optimization) é importantíssima nessa hora. Por conta da nova atualização do Google Page Experience, a experiência de busca do usuário (UX) trará muito mais resultados no longo prazo para a sua performance. A sua posição dentro das plataformas de busca vai depender muito mais da usabilidade do site e adequação a esse mecanismo de busca por reconhecimento de voz, do que unicamente o ranqueamento de palavras-chave.