A permanência da inflação baixa e a diminuição das taxas de juros eram fatores que projetavam um maior ritmo da atividade econômica para 2020. Especialmente no comércio varejista, que mantém segmentos como calçados, roupas e eletrônicos mais atrelados à disponibilidade de crédito. Mas, o que ninguém esperava era que o Covid-19 iria frear as boas perspectivas. Em contrapartida, o objetivo hoje é claro: vencer a crise.
Sabemos que o cenário de quarentena provocado pelo Coronavírus impacta fortemente os varejistas que não atuam com itens de primeira necessidade. Porém, vale ressaltar que os empreendedores brasileiros, em comparação com outros países, têm se reinventado com agilidade.
A dúvida que tem sido amplamente debatida entre grandes executivos em suas transmissões ao vivo — que inclusive eu tenho participado — é: o que fazer diante desta situação de fechamento temporário das operações físicas? Esperar a volta da normalidade ou se adaptar ao ‘novo normal’?
Em relação a outras crises, uma pandemia tende a ter curta duração, mas traz impactos a longo prazo. Por isso, a retomada econômica será lenta e gradual, o que significa que é hora de criar oportunidades e de intensificar a inovação. Veja a seguir quatro passos para adequar ao negócio e sobreviver ao Coronavírus.
Projete um fluxo de caixa a longo prazo
É hora de sair do modo rentabilidade e entrar no modo sobrevivência, no qual a prioridade é assegurar o fluxo de caixa e cuidar das pessoas, condições essenciais à saúde do negócio. Avalie contratos que podem ser renegociados com fornecedores e recorra a recursos externos se necessário. Lembre-se que somos uma cadeia, por isso priorize a manutenção da engrenagem, olhando também para os parceiros e colaboradores de forma empática e com cuidado.
Não fique paralisado diante à crise
Encontre novas estratégias de vender, considere todos os canais de contato com o cliente como uma loja física. Recentemente, me deparei com uma loja virtual de moda que, para incentivar a compra, estava oferecendo máscaras de brinde e aumentou em 200% o seu faturamento até então. A famosa frase de pensar fora da caixa consiste nesse momento em criar maneiras diferente do que se faz normalmente para atrair o consumidor e, principalmente, levá-lo a comprar.
Como exemplos destas variáveis de vendas, temos os vendedores que se adaptaram a uma nova realidade, de dentro de suas casas estão vendendo pelo WhatsApp e utilizando o e-commerce como vitrine da loja e recebendo comissão pelas vendas. Algo para refletir é que que boa parcela das pessoas só comprará neste momento se a oferta for diferente e vantajosa em relação ao que é praticado normalmente. Atrelar a compra a causas sociais também tem sido uma prática utilizada pelo mercado.
Seja honesto com seus colaboradores
Seja transparente com seus colaboradores e diga que eles fazem parte da solução para a crise. Grandes times não necessariamente estão no mesmo lugar, mas trabalham juntos e precisam se sentir juntos. Historicamente é nas crises que nos unimos mais e tomamos decisões que podem aumentar a performance dos negócios.
Adapte-se ao digital
Não tem operação online? Considere uma boa hora para aderir ao digital. Entenda que, neste momento, inovar digitalmente, não significa necessariamente revolucionar, mas fazer de forma diferente o que era realizado no universo físico. Sempre tivemos tecnologia a nossa disposição e, agora mais do que nunca, está clara a importância do digital. Muitos consumidores quebraram paradigmas sobre a compra on-line devido à quarentena e isso irá interferir bruscamente nas compras por canais integrados daqui para frente. Trabalhe para empoderar os clientes da sua marca.
O ‘modo sobrevivência’ do varejo persistirá após a pandemia, uma vez que o espírito de incerteza e o desemprego forçarão à uma demanda reprimida e a hábitos de compra fortemente ligados à internet. Para atravessar esse cenário hostil, os lojistas devem criar mix de serviços e produtos orientados mais para a venda do que para o lucro. Aproveite esse momento para construir novas competências, repensando a operação como um centro de excelência com processos estruturados, pessoas capacitadas e novas formas de vender e de se relacionar digitalmente.