O crediário digital é a digitalização de um dos produtos financeiros mais tradicionais do país, dando uma nova cara ao popular carnê de compras. Ele, que é 100% digital, também é conhecido como buy now pay later. É uma forma de realizar compras em e-commerces e terá bastante crescimento nos próximos anos.
O estudo The Global Payments Report 2021, conduzido pela Worldpay from FIS, mapeou as principais tendências em pagamentos em 41 países, incluindo o Brasil. O estudo aponta que o comércio online no país aumentou 20% em 2020 e foi o crescimento mais rápido nos últimos 5 anos. Inclusive, fala que deve expandir 12% ao ano nos próximos 4 anos. Também, diz que o crediário digital vem ganhando cada vez mais espaço no mercado. Tanto que o buy now, pay later deve representar 4,2% do e-commerce global até 2024.
Segundo a pesquisa, haverá o aumento de 24% do uso de carteiras digitais durante os próximos 4 anos. Há uma previsão, também, de que cairá o uso do dinheiro em 8% ao ano, no mesmo período.
Crediário digital e o aumento da presença online
Antes de falarmos mais acerca do crediário digital, é importante trazermos dados sobre a presença online do consumidor. A pesquisa TIC Domicílios indica que ficamos mais conectados nos anos 2020 e 2021. Somente no último ano, o acesso à internet chegou a 83% da população. O estudo apontou mudanças nos dispositivos onde os usuários se conectam. O telefone celular garantiu 99% dos acessos. Ainda, houve o aumento de 10% da presença das classes C, D e E.
De acordo com um estudo realizado pela Newzoo, o Brasil conta com, aproximadamente, 109 milhões de usuários de smartphones. Isso corresponde a mais da metade da população, fazendo com que o país fique no quinto lugar do ranking global com maior número de pessoas que utilizam esse dispositivo.
Evidentemente, com mais participação online, há mais pessoas explorando os e-commerces e plataformas digitais. Prova disso é o relatório Webshoppers, realizado pela Ebit|Nielsen, que mostra que o comércio eletrônico brasileiro bateu recorde de crescimento no primeiro semestre de 2021. Foram R$ 53,4 bilhões em vendas, representando um aumento de 31% em relação ao mesmo período de 2020. Esses dados mostram um avanço no comércio eletrônico e aumenta a expectativa de crescimento para os próximos anos.
O que chama a atenção é que as classes C, D e E também estão migrando para essa modalidade de compra. Porém, mesmo com maior facilidade de acesso, a necessidade de cartão de crédito para parcelar as compras ainda afasta alguns das facilidades do e-commerce.
Em contrapartida, o surgimento das fintechs e a possibilidade do crediário digital vem quebrando essa barreira. Ao possibilitar o parcelamento sem a necessidade de conta em banco, ele se torna um instrumento poderoso para aumentar o poder de compra e incluir financeiramente uma parcela significativa da população.
Inclusão financeira: como o crediário digital pode contribuir
Como mencionamos no início deste artigo, o crediário digital já é uma tendência no mercado. Ele possibilita que o consumidor divida o valor das suas compras, igual à modalidade tradicional, não precisando utilizar o cartão de crédito. No Brasil, isso é particularmente importante, visto o número de pessoas que ainda não têm acesso aos serviços bancários.
De acordo com um estudo do Instituto Locomotiva, exclusivo para a Valor Investe, essa é a realidade de 16,3 milhões de brasileiros, ou seja 10% da população. Outros 11%, embora possuam conta em banco, não a movimentaram no mês anterior. A soma dessas duas porcentagens corresponde a 8% da massa da renda no país.
Entretanto, o movimento de bancarização vem aumentando, principalmente entre as pessoas de baixa renda. Em partes, isso ocorreu porque, com a pandemia da Covid-19, uma parte da população precisou receber o auxílio emergencial. E, claro, não podemos esquecer a criação do Pix, que possibilitou a 40 milhões de pessoas a chance de realizar sua primeira transação bancária. Inegavelmente, esse foi um grande passo para a inclusão financeira de parte da população.
Porém, essa introdução de usuários nos serviços de banco atua em diversas frentes, indo além de, meramente, abrir uma conta. Afinal, inclusão financeira significa ter acesso a serviços e produtos financeiros e saber utilizá-los. E isso impacta todas as esferas sociais, refletindo no crescimento do país.
O crediário digital, por exemplo, possibilita que pessoas que já estão habituadas ao serviço tradicional de parcelamento migrem para o virtual. Isso porque ele descomplica e desburocratiza o acesso aos e-commerces, estimulando a experiência.
Veja as formas de pagamento utilizadas pelos brasileiros
De acordo com uma pesquisa da Opinion Box, a forma de pagamento mais utilizada pelos brasileiros ainda é o dinheiro, com 78%. Depois, vem o cartão de crédito com 67% e o de débito com 66%. Já o boleto, à vista, é um meio utilizado por 59% dos entrevistados.
No que diz respeito às compras online, esse número muda um pouco. Conforme o estudo da Fiserv, divulgado com exclusividade pela CNN Brasil, 28% dos respondentes disseram utilizar o cartão (de crédito ou débito) para fazer os pagamentos na internet. 22% já preferem o Pix, 11% as carteiras digitais e 9% os códigos de barra.
Porém, as previsões apontam para uma mudança nesse cenário. Afinal, os meios apresentados acima dependem de cartão ou exigem pagamento à vista. E, como você pôde ver ao longo deste artigo, essa não é uma opção para boa parte dos brasileiros. As classes C, D e E, vêm adentrando o virtual e, claro, têm desejo de compra. Mas a barreira imposta na hora de fazer o checkout faz com que muitas vendas sejam perdidas. Por outro lado, opções de parcelamento sem necessidade de conta em banco, como o crediário digital, revertem esse cenário. Tanto que a estimativa é de que, em apenas dois anos, esse meio de pagamento seja o responsável por 4,2% do e-commerce global.
Portanto, a dica é que você, empresário, esteja preparado para esse movimento. O crediário digital, além de proporcionar a inclusão financeira de uma parte da população, ao que tudo indica, também trará resultados expressivos para os varejistas.