Antes do surgimento do e-commerce, as empresas de varejo expandiam suas vendas pelo Brasil abrindo filiais e utilizando estratégias de marketing regional até conseguir ter uma abrangência nacional.
Em 1994, nasce a gigante Amazon com uma operação de varejo 100% online. No entanto, foi apenas em 2013 que a empresa alcançou seu primeiro resultado positivo, já com uma operação robusta em “Marketplace”, que consiste na prestação de serviços, visto que a transação de compra e venda junto à indústria e fornecedores é realizada pelo varejista/seller.
Em meados de 1995 surgiram movimentos inovadores no varejo, como o do Mappin e do Magazine Luiza, que adotaram estratégias de vendas com lojas físicas sem estoque. O Magazine Luiza, por exemplo, oferecia seus produtos por meio de vídeos gravados em fitas para vídeo cassete, enquanto o Mappin, em parceria com a IBM, disponibilizava os produtos em Totens touch screen.
Ainda nessa época, sem internet de boa qualidade no Brasil, o varejo buscava soluções para realizar vendas remotas ou a distância sem a presença dos clientes nas lojas físicas, visando oferecer mais conveniência aos clientes. Um exemplo disso foi a venda por CD-ROM, adotada pelo Mappin e pelo Pão de Açúcar, que permitia aos clientes navegar pelo catálogo e fazer pedidos por meio de comunicação via linha telefônica.
Já em 1999, grandes redes como as Americanas deram início às vendas pela internet, atualmente denominadas e-commerce. Nesse mesmo período, surgiram as empresas ‘Pure-Play’, como o Submarino, destacando-se como uma plataforma 100% online, sem lojas físicas. No ano seguinte, em 2000, as Lojas Marisa entraram no mercado, tornando-se a primeira grande rede de moda a vender online e abrindo caminho para milhares de outras lojas de moda atualmente presentes no e-commerce. Esse período marcou o início do comércio eletrônico no Brasil, moldando o cenário atual.
Para o mundo virtual, era necessário ter uma presença na mídia digital para alcançar o público e criar o desejo de comprar pela internet. Até 2003, a mídia digital no Brasil era dominada por Portais Verticais como UOL, IG, Terra e Virgula. Foi nesse ano que o Google lançou no Brasil seu sistema de pesquisa, e hoje é um dos maiores veículos de mídia do mundo e impulsionando significativamente a expansão do varejo online.
No contexto do varejo online, a atividade de compra e venda muitas vezes resulta em margens estreitas em virtude do apelo de preço, o que reduz a rentabilidade. Um exemplo de sucesso é a estratégia adotada pela Amazon, que se transformou em um marketplace para aumentar a margem e a rentabilidade, cobrando comissão sobre as vendas e reduzindo investimentos em estoques e fluxo de caixa. No Brasil, outro aspecto importante que prejudica a rentabilidade das operações é o financiamento oferecido ao cliente em até 10x sem juros, o que aumenta a necessidade de fluxo de caixa conforme as vendas crescem, devido aos prazos de pagamento aos fornecedores e ao financiamento dos clientes.
Além da rentabilidade, algumas questões precisam ser analisadas pelos gestores de e-commerce:
01. Qual o futuro do e-commerce de revenda diante deste cenário desafiador, quando as Monomarcas possuem margens muito maiores que o Varejo de Revenda?
02. Como prosperar no e-commerce quando a concorrência oferece os mesmos produtos, as margens são estreitas e os custos com logística, marketing e tecnologia absorvem uma parte significativa dessas margens?
03. O que o varejo pode esperar da presença crescente da indústria junto ao consumidor final, contornando o varejo e apresentando uma dificuldade adicional de complexidade?
04. Será o dropshipping a solução para o varejo e a indústria prosperarem no e-commerce?
Pensando em rentabilizar as operações, as empresas estão explorando outros mercados mais promissores, com rentabilidade superior às operações de varejo. Um exemplo é a Amazon, que criou a Amazon AWS e domina a computação em nuvem, sendo sua principal fonte de receita. Além disso, sua divisão de publicidade, lançada recentemente, tem potencial para gerar uma receita de US$ 5 bilhões em 2024. Recentemente, a empresa também expandiu para o mercado de música e streaming, por meio da Amazon Prime.
No Brasil, o Magazine Luiza é um exemplo de empresa que está se reinventando e lançando novos serviços. Sua grande operação de marketplace já representa 40% das vendas online. Dentre os serviços oferecidos estão o Fullfilment, que já representa 15% da operação do marketplace, o serviço de publicidade, a fintech Magalu e o serviço em nuvem, semelhante à Amazon AWS. Além disso, a empresa também oferece venda de garantia estendida.
Em resumo, o e-commerce enfrenta desafios complexos, incluindo margens estreitas e grande concorrência, mas sua evolução ao longo do tempo é marcante, impulsionada por avanços tecnológicos e mudanças no comportamento do consumidor. Neste cenário desafiador, a inovação e a adaptação são essenciais, abrindo oportunidades para explorar novas abordagens como o dropshipping e estratégias diferenciadas para agregar valor aos clientes.