Logo E-Commerce Brasil

Desafios e oportunidades da IA para a acessibilidade

Por: Gustavo Rodrigues

CEO da Everymind

É um expert no mundo da tecnologia, com mais de 15 anos de experiência. É mestre em Engenharia da Computação com ênfase em Inteligência Artificial pela Escola Politécnica da USP com MBA em Engenharia de SW e formação no PDC da Fundação Dom Cabral. Atualmente, ele é a força motriz por trás da Everymind, uma potência que se tornou um dos principais parceiros de implementação da plataforma Salesforce, além de investidor e membro do conselho de outras empresas de tecnologia como Cogny, Fidela e aTip. Gustavo também é professor a FIAP desde 2007, onde já lecionou Técnicas Avançadas de Programação, Enterprise Analytics & Data Warehousing até assumir, há cinco anos, a mentoria e capacitação de mais de 200 alunos por ano do programa de graduação Startup One.

O desenvolvimento equitativo da sociedade depende do quanto de atenção se emprega à acessibilidade. Dado que o Brasil conta com 18,6 milhões de pessoas com deficiência no Brasil, de acordo com pesquisa divulgada pelo IBGE e MDHC, chegou o momento de explorar a inteligência artificial como aliada nos processos de inclusão, garantindo práticas acessíveis em todos os setores da sociedade, inclusive no âmbito empresarial. Mas como fazer isso na prática? Entendendo a maneira como essa tecnologia pode ser aplicada a essa finalidade e se propondo a driblar os desafios com uma infraestrutura adequada.

Saiba como a inteligência artificial pode ser uma aliada poderosa na promoção da acessibilidade e inclusão, transformando empresas e a sociedade para um futuro mais equitativo.

Afinal, o que é acessibilidade?

A acessibilidade vai muito além de adaptações físicas e envolve, também, a criação de um ambiente que valoriza a inclusão, a equidade e o desenvolvimento, a participação, a criatividade e a inovação. Nesse contexto, a inteligência artificial (IA) surge como uma ferramenta estratégica para ajudar na viabilização de projetos em que a acessibilidade seja o agente central.

Tendo em vista esse cenário, segundo um dado do relatório Future of Jobs (World Economic Forum, 2023), 74,9% das companhias no mundo pretendem implementar inteligência artificial até 2027. Esse panorama pode representar uma oportunidade significativa para que as companhias promovam ambientes mais inclusivos, além de elevar a experiência dos seus clientes.

Aplicações da inteligência artificial (IA) no contexto de acessibilidade

A IA nada mais é do que a capacidade de uma máquina atingir um objetivo específico ou realizar múltiplas tarefas de forma eficiente. Ela está inserida na ciência da computação e pode ser dividida em duas categorias: inteligência específica e inteligência geral. A primeira tem como enfoque a execução efetiva de tarefas específicas, enquanto a segunda abrange a habilidade de realizar diversas atividades diferentes. Dessa forma, ambas têm o potencial de transformar o ambiente de trabalho, tornando-o mais acessível.

Existem múltiplas formas de aplicar a IA para essa finalidade. Um exemplo disso é a sua utilização para criar sites mais acessíveis, que carreguem rapidamente e forneçam informações detalhadas sobre produtos e serviços, melhorando a experiência do usuário. Outro bom exemplo é sua aplicação no setor de e-commerce. Nesse caso, a IA opera por meio de sua capacidade de personalizar a experiência de compra, adaptando o conteúdo e as recomendações de produtos às necessidades e preferências individuais de cada usuário.

Além disso, a IA pode ser uma grande aliada na criação de soluções assistivas, como softwares de leitura de tela e sistemas de navegação adaptados, que auxiliam pessoas com deficiência visual ou motora a interagirem com a tecnologia de maneira mais intuitiva.

Desafios da jornada de inclusão

Para que essas inovações sejam verdadeiramente inclusivas, alguns desafios ainda precisam ser superados, como a falta de políticas públicas que incentivem o seu uso para promover a acessibilidade. Atualmente, existe a norma técnica WCAG (Web Content Accessibility Guidelines), que define os padrões de acessibilidade digital, no entanto, a adesão a essas diretrizes ainda é insuficiente.

Além disso, a IA depende de dados para funcionar de forma eficiente, o que levanta questões sobre a qualidade, a diversidade e a transparência dessas informações. Pensando nisso, é fundamental que as ferramentas generativas sejam treinadas com dados que reflitam a diversidade da população, garantindo que as soluções desenvolvidas sejam verdadeiramente inclusivas.

Isso inclui, também, a necessidade de adequação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) por parte das organizações, assegurando que os dados utilizados respeitem a privacidade dos usuários e sejam aplicados de maneira ética.

Um futuro mais inclusivo com a IA

É evidente que a IA tem o potencial de revolucionar a acessibilidade, personalizando a experiência dos usuários e permitindo que tomem decisões mais assertivas. Porém, para que a IA seja realmente inclusiva, é preciso que todos se engajem ativamente no diálogo sobre acessibilidade, para que essa questão seja considerada uma prioridade estratégica nas metas das empresas.

Dessa forma, a IA será de fato vista como uma aliada na promoção da diversidade e da inclusão, contribuindo para o desenvolvimento de tecnologias assistivas que realmente façam a diferença na vida das pessoas. Afinal, o verdadeiro progresso só acontece quando inclui todos. Para que a sociedade avance de forma equitativa, é vital que a acessibilidade seja parte integrante das estratégias de inovação das empresas, mantendo as pessoas sempre no centro dessas iniciativas.