O século pode ser o 21, mas ainda há situações em que a presença feminina é amplamente questionada. E uma dessas situações é a ocupação de espaços de liderança e poder de decisão, desde órgãos governamentais até empresas privadas.
A liderança feminina, apesar de crescer, caminha a passos lentos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), das 508 empresas listadas, 197 têm pelo menos uma mulher no conselho de administração (38%) e 165 possuem pelo menos uma conselheira efetiva (32%). Esses números mostram os dois lados de um paradoxo: apesar de lenta, a mudança já acontece, mas também mostram que a presença de mulheres em cargos de decisão ainda é muito inferior à dos homens.
Quando o assunto é liderança, a falta de equidade entre os gêneros é outro indicador que mostra a importância da presença feminina. E a previsão da resolução desse ponto é uma questão mundial que tem ganhado importância crescente em diferentes âmbitos da sociedade. Um estudo publicado em março de 2021 pelo Relatório Global de Gênero do Fórum Econômico Mundial revela que, para atingir uma equidade, levará em média 69 anos na América Latina e Caribe, sendo que o Brasil se encontra na 93ª posição desse ranking que considera 156 países.
Outro tópico importante nessa discussão é o das corporações que possuem mais cadeiras de líderes ocupadas por mulheres. Segundo um estudo realizado pela ONU, com mais de 70 mil empresas em 13 diferentes países, as lideranças femininas têm resultados até 20% melhores. O estudo também mostra que 57% dos entrevistados disseram perceber melhorias na imagem pública da empresa, o que faz com que a atração e a retenção de talentos seja mais fácil.
Por mais que todos esses dados surpreendam, gostaríamos de ver a liderança feminina evoluir no mesmo ritmo em que as mulheres estão se empoderando em suas vidas. Cada vez mais, as mulheres estão investindo em educação e desenvolvimento profissional, mas ainda assim pode ser surpreendente para muita gente que uma delas ocupe uma cadeira em um alto escalão. Por que a presença feminina nesses espaços não é tão naturalizada? E como resolver isso de forma efetiva?
Diversas ONGs, institutos e empresas têm contribuído para disseminar formas de incentivar o surgimento de novas líderes. O Linkedin é um deles e divulgou formas de incentivo que podem ajudar no contexto de diversas empresas, como a implementação de políticas para permitir maior flexibilidade no trabalho. Assim, as mulheres, ao se candidatarem a vagas, não precisam escolher entre a família e a carreira. Isso porque a maioria da população feminina conta com jornadas duplas a triplas de trabalho e possuem 26% mais chances de se candidatarem a empregos remotos, em comparação com os homens.
A mudança é majoritariamente cultural. Ver um número crescente de mulheres em posições de liderança faz com a ocupação desse espaço seja legitimada, o que serve como incentivo para que outras se inspirem, se desenvolvam profissionalmente e assumam cargos de liderança. E existem diversas iniciativas nesse sentido, promovidas por ambos os gêneros, como o projeto “As Mina na História”, que divulga na Internet dados e fatos históricos que contaram com participação decisiva de mulheres para acontecer, mas que ficaram esquecidas ou nem mesmo foram mencionadas.
Apesar do longo caminho a percorrer, o cenário se mostra otimista em relação à ocupação feminina em posições de liderança, ainda mais quando se trata das novas gerações que, de acordo com o consumidor moderno, se mostram mais receptivas a questões de gênero e de diversidade. Ou seja, cada vez mais, o espaço é aberto para que mulheres e outras minorias sociais ocupem o protagonismo em diversos âmbitos, inclusive empresariais.
Leia também: Mulheres na tecnologia: como impulsionar a presença feminina no setor?