Até pela importância conquistada no mercado de consumo, gen Z, millenials e alpha têm recebido mais atenção das empresas.
Faz sentido, uma vez que essas gerações, cada uma da sua forma, têm demarcado novos comportamentos e desafiado o ambiente corporativo e comercial em vários sentidos.
Refletindo sobre a situação no Brasil, contudo, há um enorme potencial a ser explorado pelas marcas em relação aos baby boomers.
Mundialmente, essa é a geração mais longeva da história até agora, porque é esse grupo que está na vanguarda da chamada economia da longevidade.
Entre a nossa população, dados do último censo do IBGE) indicam que o Brasil registrou uma alta expressiva (57,4%) no número de idosos entre 2010 e 2022. Com isso, as pessoas idosas já são aproximadamente 15,8% da população do Brasil – isso considerando as que têm 60 anos ou mais. Ou seja, estamos falando de 30 milhões de pessoas.
E, vale o registro: praticamente 100% é economicamente ativa e 88% já compraram online!
Os números refletem um fenômeno que tem sido estudado há algum tempo, que é a inversão da pirâmide etária do país. Segundo as projeções do Ministério da Saúde, ela deve acontecer em 2030.
Não vamos discutir aqui todas as mudanças que essa situação impõe ao Brasil (são inúmeros desafios, entre os quais as dificuldades em relação à Previdência Social), mas temos que olhar com mais atenção para as oportunidades que podem ser mais bem exploradas pelas marcas.
Como é a relação com o digital?
Uma das questões que precisamos considerar é a mudança que houve no pós-pandemia na relação dos baby boomers com o digital.
Com as medidas de isolamento social que, vale lembrar, afetaram mais fortemente esse público, não houve outra saída: eles tiveram que aprender a lidar melhor com as novas tecnologias. Consequentemente, muitos fizeram, por exemplo, sua estreia no e-commerce. E as pesquisas têm mostrado que, assim como ocorreu em outras faixas etárias, os hábitos adquiridos foram mantidos.
Outro aspecto comum: muitos deles privilegiam o acesso via aparelho celular, dispositivo que viabilizou essa entrada no mundo online. Ou seja, nem houve a passagem pelo computador.
Apesar das semelhanças, como se pode imaginar, essa faixa etária demanda experiências apropriadas.
Isso começa com questões simples, como a facilidade na hora da navegação, até detalhes mais técnicos, como a necessidade de usar fontes e imagens maiores.
Por mais saúde que tenham e adotem comportamentos bem diferentes de seus antepassados, algumas realidades se impõem, como a redução gradativa da visão.
Mais do que intuitivos, os sistemas de vendas preparados para atender esse grupo precisam dar mais atenção ao passo a passo, esclarecendo bem cada etapa.
Ainda nessa linha, a ligação telefônica pode ser uma boa opção de atendimento. É um canal com o qual eles estão mais acostumados e, por isso, acaba passando mais confiança.
Cuidar melhor do pós-venda, com uma abordagem mais dedicada, é uma forma de fidelizar esse cliente com a marca.
O que os estudos têm constatado é que, de uma maneira geral, esse público não se sente bem tratado pelas empresas. Não percebem, no dia a dia, que haja uma preocupação em adequar os processos às suas necessidades.
O que as pessoas idosas esperam das marcas?
O estudo “Hábitos de compra do consumidor 60+”, da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), traz alguns insights importantes sobre o perfil dos baby boomers:
– aquela história de dependência dos mais novos não condiz com a realidade da maior parte das pessoas: 83% dos consumidores 60+ são responsáveis pelo controle de suas próprias finanças e decisões de compra;
– também não faz sentido aquela imagem de que eles não sabem usar a internet: 88% da amostra já compraram online;
– sim, eles também têm comportamento omnichannel: 43% dos entrevistados declararam que já escolheram comprar online e retirar no ponto de coleta;
– confirmando a adesão ao mobile commerce, 79% utilizam smartphone para comprar online e 52%, o computador;
– com relação aos canais preferidos: marketplaces figuram em primeiro, com 65%, seguidos por sites das próprias lojas (58%), apps das próprias lojas (47%) e redes sociais (20%);
– as razões que justificam a adesão ao e-commerce não diferem muito das outras gerações: poder comprar na hora que quiser (67%), não precisar sair de casa (66%) e a facilidade de encontrar produtos (56%);
– o maior influenciador é o preço, citado por 71%, mas veja que interessante: o segundo fator mais citado foi a clareza dos sites (53%). Na sequência, vêm segurança (50%) e pagamento (43%).
Segmentar e personalizar: prioridades para atender os baby boomers
Aprimorar as experiências de compra para esse grupo passa por uma questão que tem sido aparecido com frequência como um dos desafios do e-commerce: valorizar cada interação do cliente, colocando-o no centro do processo de decisões da marca.
Sabemos que no dia a dia nem sempre é fácil priorizar o bom atendimento, contudo, essa é uma premissa para quem almeja sucesso, alcançando também essa faixa da população.
Vale enfatizar: a geração dos baby boomers continua sendo uma força poderosa na economia mundial e, no caso do Brasil, os dados mostram que esse grupo terá cada vez mais relevância no mercado de consumo.
Se ainda tem dúvidas, veja esta informação: os brasileiros nascidos entre 1946 e 1964 são o nicho mais seguro financeiramente da população do país. É o que mostram os números da YouGov Profiles, de 9 de junho: 13,2% dessa população declara ter uma renda alta (acima de 200% da média).
E há uma razão para isso: 61,6% dessa população diz que procura maneiras lucrativas de investir seu dinheiro – estatisticamente mais do que qualquer outro grupo pesquisado.
Outro dado importante quando pensamos nas relações de consumo: eles também são os menos propensos a fazer compras por impulso (apenas 18,2% dizem que tendem a fazer isso, em comparação com até 34,4% entre os brasileiros da geração Z).
O que percebemos, ao olhar com mais atenção para esse target, é que cada empresa deve procurar entender melhor o comportamento da sua base de clientes.
Uma das premissas hoje para qualquer marca é justamente fugir dos estereótipos e, no caso dos baby boomers, isso não é diferente.
A população nessa faixa etária é diversificada, e projetos bem elaborados exigem segmentações mais refinadas. Contudo, até pela falta de iniciativas nessa frente, não há dúvidas de que estamos diante de um nicho que pode ser muito mais bem explorado pelo e-commerce.
Como sempre acontece nesses momentos de mudança, quem sair na frente tende a levar a melhor. Fique atento: o e-commerce já está se relacionando com esse público, mas provavelmente não tem conferido a atenção necessária na personalização das ações!