O e-commerce na China é um dos maiores motores da economia global, alimentando uma competição acirrada entre gigantes como Alibaba, Pinduoduo, JD, Douyin e Kuaishou, como foi divulgado pelo site The Low Down. Esse ecossistema robusto está intrinsecamente ligado à indústria de entregas expressas, que acaba de atingir um marco impressionante.
No dia 17 de novembro de 2024, a State Post Bureau of China anunciou que o volume acumulado de encomendas enviadas no país ultrapassou, pela primeira vez, 150 bilhões de unidades no ano. Esse número extraordinário reforça a magnitude do setor e sua relevância para o comércio eletrônico.
Dimensões do marco
Para dimensionar a importância desse marco:
- Comparação global: O volume de encomendas na China é quase sete vezes maior que o dos EUA, onde o índice de Pitney Bowes projeta 22,3 bilhões de encomendas em 2024.
- Consistência diária: Em média, 466 milhões de encomendas são enviadas diariamente na China, um número 11 vezes superior ao de todo o Sudeste Asiático.
- Picos impressionantes: O maior volume diário registrado foi de 729 milhões de encomendas em 22 de outubro, representando um aumento de quase 60% em relação a um dia comum.
- Impacto no consumidor: Em média, cada cidadão chinês recebeu 106 encomendas este ano.
- Receitas astronômicas: O setor de entregas expressas gerou receitas mensais superiores a CNY 100 bilhões (US$ 13,8 bilhões).
Além disso, o crescimento do setor nos últimos dez anos é impressionante: o volume de encomendas aumentou mais de 15 vezes, com marcos importantes em 2014 (10 bilhões), 2018 (50 bilhões) e 2021 (100 bilhões).
Yiwu: o centro do movimento
Yiwu, conhecida como a capital mundial de pequenas mercadorias, desempenha um papel central nesse crescimento. Até 30 de outubro de 2024, a cidade já havia enviado 10 bilhões de encomendas, ou 33 milhões por dia, quase o mesmo volume de todo o Sudeste Asiático.
A escala em Yiwu transformou a abordagem à automação. Durante uma visita às instalações da STO Express, ficou evidente que robôs móveis autônomos, comuns em armazéns “totalmente automatizados”, não conseguem lidar com volumes tão massivos. Essa realidade demanda soluções logísticas customizadas para manter a eficiência em níveis tão elevados.
Essa eficiência também atrai empreendedores. Muitos e-commerces, originalmente baseados em Shenzhen, mudaram para Yiwu devido aos custos mais baixos de envio. Para empresas que despacham milhões de pacotes ao ano, essas economias podem ser significativas e, assim, tornam-se um ciclo autossustentável de eficiência e redução de custos.
Curiosamente, a 150.000.000.000ª encomenda enviada na China foi um pacote de maçãs locais de Tianshui, na província de Gansu, para o município de Chongqing. As maçãs foram vendidas na plataforma Pinduoduo e entregues pela J&T Express, simbolizando a interconexão entre a agricultura local e as grandes plataformas de e-commerce.
Reflexões sobre o futuro
Esse marco não é apenas um testemunho da força do e-commerce chinês, mas também um alerta para a necessidade de inovação contínua e sustentabilidade. A capacidade logística, combinada com custos de envio incrivelmente baixos (como itens vendidos a CNY 9,9, ou US$ 1,4, com frete grátis), mostra o poder de escala e eficiência da China.
No entanto, desafios como a pegada ambiental e a saturação do mercado tornam-se questões urgentes. O setor precisará equilibrar o crescimento exponencial com soluções que garantam um futuro sustentável.
Em suma, o marco de 150 bilhões de encomendas é um lembrete do impacto transformador do e-commerce na China e um exemplo de como infraestrutura eficiente e inovação podem impulsionar uma revolução econômica. O mundo deve observar, aprender e se adaptar a este modelo impressionante.