Nadar contra a maré pode ser a salvação de muitas espécies, ou saltar do seu aquário aquecido de águas calmas. Esta atitude de sair do aquário é o sonho de todos os empreendedores, sonho de ser livre, mas não é bem assim.
Quando você saltar do aquário você pode encontrar o chão seco, outro aquário ou um gato esperando de boca aberta. Está com medo? Não pule.
Muitos encontram o gato, e já era. Outros dão com a cara no chão, pois não olharam para baixo. Os que saltam e encontram outro aquário quente, contam para os outros que é maravilhoso, que não tem frustrações.
Os problemas que aparecem são mágicos, lindos e se resolvem sentado, tomando uma água de coco na praia.
Poucos contam as vezes que saltaram e encontraram o gato e não outro aquário. O gato geralmente é mais rápido que o peixe e pode acreditar, encontramos várias vezes o gato.
Então sejam fortes, por que às vezes dá vontade de matar o gato e fugir, porque somos só um peixe.
Vou desconstruir o mito de que empreender é só levantar pela manhã e ir para a empresa e ficar rico. Isto não existe, não tem como ser tão simples. Acordar, trabalhar 8 horas, e no fim do dia comprar uma Land Rover. Com dizem, “isto non ecxiste”.
Você é um peixe, e acorda pela manhã, ops…não, você é um empreendedor. Você, feliz da vida, monta seu e-commerce, e as vendas começam a fluir, e já imagina a um carrão vermelho, importado, na garagem.
Suas vendas são feitas para vários lugares usando intermediador de pagamento. Como dizia um amigo meu, o “mió do Brasil”, poderoso, cresceu com a internet então você está tranquilo, seguro.
Numa manhã, você chega na empresa, olha um pedido de R$ 2.000,00 feito durante a noite, comprando suas ferramentas. Olha o endereço do pedido, é para uma cidade do nordeste, de tamanho médio. Sua mente já pensa, se estou vendendo para lá, vou vender para todas cidades. Já tem 2 carros na garagem neste momento.
Você confere os boletos e depósitos e não foi.
Sim, foi no intermediador de pagamento, aquele ‘bão’. Aquele que lhe cobra uma taxinha simbólica para ‘garantir’ que não terás problema de recebimento, mas claro, só te paga 30 dias depois, por que ninguém é de ferro.
Conferi os valores, no meio de pagamento e pronto. Podem enviar o pedido, feliz da vida.
Assim, foram-se vários dias, vários pedidos. Mas nenhum outro daquele tamanho, ou seja, o vento parou de soprar. Será, mas irá mudar, todo empreendedor é otimista.
Passaram-se 20 dias, a entrega foi feita e em exatos 30 dias depois, recebo um lindo e-mail, informando a necessidade que temos que comprovar o envio daquela encomenda. Ai, ai…minha primeira experiência com chargeback.
Será que o mundo é tão mau e eu tão inocente, tolo e idiota? Mas na minha inocência, pensei, tenho intermediador, não tenho risco, tá garantido.
Está tudo tranquilo, nós enviamos, temos a Nota fiscal, o código de rastreio e também o comprovante de recebimento, que era do nome de quem comprou.
Bom, passado alguns dias, recebemos outro lindo e-mail dizendo: “Ficamos com o seu dinheiro, por que tudo que você mandou não serve para provar que você é correto, e enviou o produto. Vamos debitar da sua conta, o valor e pronto.” Claro, não foi bem assim, mas foi o que quiseram dizer.
Esta foi a forma que aprendi como chargeback funciona, como se cai num golpe e como você é tratado por algumas empresas que você acha que são corretos.
O fato: o endereço usado foi de uma casa abandonada, e possivelmente, é entregue na casa ao lado e assim, o endereço difere do da compra, e quem se lasca é você empreendedor.
A solução: não disponibilizo aquele meio de pagamento mais em nosso e-commerce.
Sim, simples assim, perdemos R$ 2.000,00 sendo corretos, comprovando tudo e ainda perdemos tempo. Empreender é para louco, mas o mundo é movido pelos loucos…não..não…empreendedores.