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Ética, transparência e o poder do boicote: como a geração Z está moldando o futuro das marcas

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Por: Eduarda Camargo

Chief Growth Officer

Com mais de 10 anos de experiência na área de marketing, atuando como Chief Growth Officer e responsável pela Aquisição e receita de novos clientes na Portão 3, esta executiva é especializada em gestão de crise, crescimento e posicionamento de marca. Sua carreira inclui passagens por empresas como Zoop, Hurb (anteriormente conhecido como Hotel Urbano), Ancar Ivanhoe, HSBC, Bradesco e Losango. Além disso, ela também é habilidosa em fornecer treinamentos de media training para executivos de alto escalão, tendo trabalhado com a liderança sênior da Elgin. Seu amplo escopo de atuação abrange diversos setores, incluindo tecnologia, serviços financeiros B2C e B2B, e-commerce, turismo, indústria e varejo, demonstrando um conhecimento abrangente em projetos de comunicação integrada.

Nos últimos anos, a relação entre empresas e consumidores mudou drasticamente, especialmente com a entrada das gerações mais jovens no mercado. Com idades entre 14 e 28 anos, a geração Z, por exemplo, se destaca como um dos grupos de consumidores mais exigentes e atentos aos valores das marcas que escolhem apoiar.

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Por que a geração Z está mudando o mercado e como as marcas podem conquistar esse público cada vez mais exigente?

Ao contrário das gerações anteriores, esse público não se preocupa apenas com o produto ou serviço oferecido, mas também com o compromisso das empresas em relação a questões sociais, ambientais e éticas. Em um cenário de consumo mais consciente, as marcas precisam se adaptar rapidamente a essas novas expectativas ou correm o risco de perder a lealdade dessa nova geração de compradores.

Uma pesquisa conduzida pelo InstitutoZ e pela YOUPIX, consultoria especializada na Creator Economy, revelou dados preocupantes para empresas que ainda não se atentaram a essa mudança de comportamento. O estudo aponta que 88% dos jovens dessa faixa etária se preocupam com a ética das empresas e boicotam aquelas com práticas questionáveis. Esse dado demonstra um padrão claro: os consumidores mais jovens têm cada vez mais poder de escolha e não hesitam em deixar de consumir produtos de marcas que não se alinham aos seus valores.

Transparência e autenticidade: os pilares da nova era do consumo

Além disso, quatro em cada cinco jovens afirmaram já ter desistido de uma compra após descobrirem informações negativas sobre uma empresa. Esse comportamento reflete um alto grau de pesquisa e conscientização antes da decisão de compra. As redes sociais e outras plataformas digitais disponibilizam uma grande quantidade de informações, tornando o que antes passava despercebido um fator decisivo para o boicote. Não se trata apenas de um produto ou serviço, mas de uma avaliação criteriosa das práticas empresariais e do compromisso com o bem-estar coletivo.

Para essas novas gerações, transparência e autenticidade são critérios essenciais. O comportamento das empresas não pode se limitar a um discurso alinhado às tendências; ele precisa se traduzir em ações reais e concretas. Marcas que não conseguem atender a esse novo padrão de exigência perdem a conexão com esse público e correm o risco de prejudicar sua imagem de forma irreversível. Ter um bom produto ou um preço competitivo já não é suficiente. A confiança e o relacionamento com a marca devem se basear em valores mais profundos, que ultrapassam o consumo imediato.

Como as marcas podem se conectar com a geração Z

Essa transformação não é apenas cultural, mas também estratégica. Enquanto algumas empresas tentam se aproximar desse público por meio do marketing de influenciadores, o verdadeiro papel de um criador de conteúdo é estar genuinamente alinhado aos valores da marca que representa. A simples presença de um influenciador não garante a construção de uma boa imagem; é preciso que haja uma conexão autêntica entre os valores da marca e as ações promovidas pelo influenciador. Caso contrário, essa parceria pode soar artificial e prejudicar a credibilidade da empresa.

Além disso, o comportamento da juventude exige que as empresas se posicionem de forma clara em questões sociais, políticas e ambientais. O afastamento de políticas de diversidade ou o silêncio diante de temas como sustentabilidade e inclusão têm gerado reações negativas entre os jovens, que são mais engajados e esperam um posicionamento transparente das marcas. A ausência de uma postura definida pode resultar em um afastamento definitivo desse público – algo difícil de reverter em um cenário de consumo instantâneo e rápido compartilhamento de informações.

Para se manterem competitivas, as empresas precisam compreender que o consumo atual vai além da oferta de um produto ou serviço de qualidade. O consumidor jovem quer saber qual o impacto de suas escolhas e como as empresas que apoia estão contribuindo para um futuro melhor. Marcas que ignoram essas preocupações correm o risco de perder uma parcela significativa do mercado, especialmente entre os jovens, que demonstram ser mais exigentes e menos tolerantes com falhas em questões éticas.

As empresas devem entender que a nova geração de consumidores exige mais do que bons produtos; ela demanda responsabilidade. O estudo do InstitutoZ e da YOUPIX é um claro indicativo de que ética e transparência se tornaram fatores cruciais para a construção de um relacionamento duradouro com esse público. Para conquistar e manter sua fidelidade, as marcas precisam ser transparentes em suas ações, atuar de forma ética e, acima de tudo, demonstrar na prática o compromisso com os valores que defendem. Em um mercado cada vez mais competitivo e conectado, quem não se adaptar a essas exigências estará fadado a perder um público fiel e influente.

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