Quem migrou para o Google Analytics 4 tem à disposição uma solução de implementação inteligente de analytics cookieless. Embora tenha deixado muitas saudades, o finado GA tinha lá suas limitações e não podia ser carregado sem o consentimento por parte do usuário. Com isso, webmasters precisaram optar entre acompanhar o comportamento dos usuários no site ou estar seguro em relação à LGPD.

O GA4 possui um modo cookieless que pode ser utilizado mesmo antes do aceite explícito de compartilhamento de dados por parte do usuário. O que é muito bom, porque atende às necessidades do negócio sem expor empresas a processos oportunistas relacionados a leis de privacidade.
Por outro lado, como tudo que envolve o GA4, é uma solução mais complicada de implementar e de explicar.
Qual o problema, afinal?
Com o receio justificado de processos relacionados à LGPD, muitas empresas optaram por uma abordagem excessivamente conservadora na política de cookies. Simplesmente bloqueiam todos os scripts não essenciais, até mesmo o consentimento, pois dessa forma não podem ser acusadas de coletar dados pessoais. Conclusão: não coletam nada!
Uma vez que o GTM não foi carregado, nenhum script instalado em etiquetas funciona – GA4, Hotjar, Meta Ads, Google Ads etc. O impacto disso acaba limitando os dados anonimizados coletados, e com isso as campanhas de mídia paga ficaram menos inteligentes, mais caras e o empresário mais distante do comportamento real no site.
Há muitos problemas em não acompanhar corretamente o comportamento dos usuários em um site. É mais difícil analisar a eficiência de campanhas, peças, testes e assim por diante. Também acaba-se limitando o tipo de aprendizado de máquina, altamente dependente de dados em quantidade.
Visitas, cliques, ações em vídeos ou carrinho não precisam ser individualizados para terem valor gerencial. Vale lembrar que as leis de privacidade no geral, e a LGPD em particular, costumam tratar especificamente e exclusivamente sobre dados pessoais. Dados anônimos ou anonimizados estão claramente fora da abrangência desses textos.
Isso fazia algum sentido para quem usava o GA Universal, mas para o GA4 é absolutamente desnecessário!

A instalação conservadora só concede acesso ao GTM e ao GA4 após o consentimento do usuário, fazendo com que os eventos que ocorreram antes do consentimento não sejam coletados.

A instalação do Modo de Consentimento via GTM garante que os dados sempre sejam coletados de forma anonimizada, mais restrita. E quando o usuário dá o consentimento, a coleta é normalizada, e os dados previamente coletados de forma anônima são atribuídos a esse usuário.
Como implementar o GA4 cookieless
Como tudo no GA4, a implementação dele com o modo de consentimento flexível é bem mais complexa do que no saudoso GA Universal. É preciso fazer uma configuração extensa via Google Tag Manager, fazendo com que ele se comunique com a sua ferramenta de gestão de consentimento (que pode ser sua plataforma de e-commerce). Isso inclui a publicação de várias etiquetas e a customização de uma série de eventos.
Vale conferir a documentação do Google aqui.
O consentimento de compartilhamento de dados pessoais, essencialmente, fica no Google Tag Manager, que além de permitir o GA4 mais completo abre espaço para mais scripts no modo condicional.
Uma vez que a configuração foi realizada, o GA4 registra a visita dos usuários com um ID aleatório, não rastreável, até o momento em que é dado o consentimento de compartilhamento de dados pessoais.
Caso a pessoa dê o aceite, ele muda para o modo normal. Caso recuse, o GTM nunca carrega nenhum dado pessoal como origem de campanha. Caso o usuário nunca dê aceite, o GTM mantém os dados pessoais anonimizados temporariamente e os elimina ao final da sessão.
Benefícios do modo cookieless
A essa altura, já está bastante nítido que a implantação do modo de consentimento do GTM e, por consequência, do GA4 cookieless oferece vários benefícios. Essa configuração reduz a discrepância entre dados do antigo GA Universal ou e-commerce com dados do GA4.
Os benefícios são:
– Coleta de dados de navegação anônimos antes do consentimento do usuário;
– Registro de dados pessoais apenas depois do consentimento;
– Possibilidade de o usuário consentir em compartilhamento de categorias de cookies;
– Taxa de conexão maior no Google Ads;
– Maior precisão na medição de dados de campanhas;
– Outros scripts podem ser usados no modo de consentimento.
Conclusão
A gestão de consentimento de cookies via GTM é uma das formas de melhorar a visão do comportamento do seu site. Muitas coisas podem impactar os relatórios e o carregamento dos scritps de analytics além das limitações da LGPD, porém essa é líquida e certa.
E aqueles que não estiverem adequados podem acabar respondendo legalmente.
Felizmente para o mercado, por mais que seja desafiador tecnicamente, existem muitas empresas capazes de fazer esse tipo de implementação em escala, com segurança e governança.
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