Eu reconheço que o ChatGPT é incrível. Fácil de usar, rápido para trazer respostas, e com um pouco de trabalho, uma ferramenta para incorporar no dia a dia.
Mas… quanto mais um uso, mais vem uma estafa do lero lero, da falta de posicionamentos firmes no texto, na busca pelo genérico. É ótimo para o que não precisa ter qualidade — se é que isso existe.
Essa semana testei um pouco o Gemini. Estava sempre torcendo contra, querendo que um novo competidor nos livrasse do monopólio. As buscas no Google estão com resultados cada vez piores, mais rasos e mais entupidos de anúncios. Não é só ele que piora, nem é culpa só dele.
A conclusão que eu cheguei é que mais dia menos dia estarei pagando 20 dólares por mês para ter um Google sem anúncios e que responda com qualidade, contexto, personalizado para mim e escapando de paywalls. E isso vai ser o começo do fim da era democrática da internet grátis baseada em anúncios e para todos.
O Google One vai ser a principal receita da Alphabet em 5, 10 anos. E quem pode ter acesso à informação de qualidade vai ter, e o resto vai ficar embrenhado em fake news grátis. E não vai ser só porque a experiência é melhor, é porque o resto vai piorar muito.
A mídia digital vai passar por uma grande reviravolta com os fins dos cookies. Quem vive dela vai ganhar menos (alguns dizem 30%) e quem depende dela para divulgação vai ter que se submeter aos walled gardens incluindo o mundo do retail media e marketplaces. Sem a internet aberta, sem o search, clientes de maior valor estarão blindados sem trazer acesso. E aí a mídia vai encarecer mais.
Pode ter uma alternativa de mídia via AI? Pode, mas não sei se vai pagar o custo de infra. Veja só quanto a Nvidia se valorizou (superou a Alphabet e se tornou a terceira empresa mais valiosa do mundo) . Vejo isso como uma tendência – serviços pagos como assinatura com versões mais baratas (ou grátis) com anúncio.
Esses próximos anos vão ser divertidos para quem trabalha com transformação digital.
Abri esse debate no meu Linkedin e recebi grandes contribuições de amigos, que trago também abaixo:
In Hsieh, Co-Fundador da Chinnovation:
“E ainda tem a outra vertente, principalmente com as novas gerações que fazem buscas direto no YouTube e Tiktok, ou seja, direto na própria plataforma de conteúdo e em formatos de vídeo“
Pablo Canano, Co-CEO da DRIVEN.CX:
“Sinto que GPT se evade quando o tema é externo a sua base de dados, e sua personalidade cheira a artificial. Mas eu uso, e tenho informações que confio e outras não. No bard, atual Gemini eu confio ainda um pouco menos que o GPT, gosto dos dados estruturados que ele tras, mas sempre confiro em outras fontes. Mas este desenho de pagar por uma fonte mais verdadeira de dados, me lembro meu inicio de carreira. Eu trabalhei para uma assessoria de imprensa que tinha um produto chamado Relatório Reservado, que era enviado por FAX 🙂 depois um pdf por email … mas que estava sempre D-2 de todos as outra fontes sobre mercado financeiro e política. Acredito que pagar pela qualidade e a informações talvez esteja aí na porta …“
Leandro Ratz, Gerente de MarketplaceGerente de Marketplace de O Pescador de Ofertas:
“Até pode ser que passamos por isso, contudo em relação as midias e propagandas, deve ser melhor regulado muito em breve. Eu gostei mais do Copilot, vale o teste. Retail media parece a palavra mágica do momento, o que nada mais é que essa transformação que já começou em termos de marketpaces, anúncios e ADS. Agora, “internet grátis” na realidade não existe faz algum tempo. Desde que seja algo realmente de valor ao usuário, com autonomia para o cliente e acessível, o serviço pago (agora declarado) pode ser uma boa alternativa.”
Saulo Dias, Desenvolvedor da Radix:
“O que muita gente não entendeu ainda é que, como qualquer máquina, os LLMs fazem certas coisas de forma extremamente eficiente, porém é necessário um esforço da parte causadora da ação no escopo em que a máquina carece de autonomia. Por exemplo, uma roda em uma bicicleta é inútil sem uma fonte de tração, uma alavanca é inútil sem um ponto de apoio, e os LLMs são perigosos ou improdutivos quando não se tem um arcabouço e repertório sólido a respeito daquilo que se pesquisa, bem como quando o indivíduo possui uma carência em conhecimentos sólidos sobre falácia, contradição e outras pegadinhas argumentativas.“
Fábio Martinelli, CPO as a service:
“É o processo de enshitification descrito pelo Cory Doctorow sendo seguido à risca. Eu concordo com a sua previsão, acabou o conteúdo grátis. Após amarrar os inícios de navegação a redes sociais ou search engines (cada vez mais difícil separar os dois) o próximo passo é só ter acesso pago.“
João Paulo Tavares, New Business Manager da Flywheel Digital:
“O mercado já está passando por uma transformação gigante. Alguns marketplaces já saíram na frente na construção dos seus data clean rooms e acredito que vão se tornar cada vez mais relevantes para alcançar audiência qualificada. Quanto a (des)informação gerada pelas plataformas de GenAI, apesar de atualmente ser conservador no que buscar lá, acredito que ainda estamos no início de uma revolução que vai influenciar a forma como pesquisamos, compramos, consumimos conteúdo, etc.“
Gustavo Jota, Head de Marketing da Digitro:
“Com toda certeza a competição só traz benefícios. Também testei e apliquei as IAs exaustivamente e concordo que o generalismo pode surgir nos resultados, mas apenas se o usuário não for fluente no contexto sobre o qual está aplicando a IA. As tecnologias ainda estão engatilhado, em minha visão o uso mesclado de diferentes IAs garante maior assertividade, refraseando: validando os resultados obtidos em diferentes IAs juntamente com as fontes citadas. Mesmo com esse processo ainda é rápido e eficaz.“
E você, o que acha?