Nos últimos anos, muito se tem discutido sobre a chamada Gig Economy e seus impactos no mercado. O termo descreve uma tendência de crescimento das atividades profissionais de curta duração e/ou desvinculadas a uma entidade empregadora.
Com isso, o trabalho tem deixado de ser um lugar onde o trabalhador vai para se tornar uma atividade que ele exerce. Isso tem influenciado também os hábitos dos profissionais, especialmente os mais jovens.
Trabalhadores têm cultivado estilos de vida menos fixos à medida que crescem as opções de trabalho na Gig Economy. Por consequência, fenômenos como o Nomadismo Digital têm ganhado tração com este público.
É comum entre os Gig Workers, trabalhadores da Gig Economy, encontrar trabalho em mais de uma cidade, estado ou até mesmo país. Estes indivíduos levam um estilo de vida nômade, por isso são chamados Nômades Digitais.
A tecnologia é uma grande catalisadora deste processo, já que permite a realização de cada vez mais tarefas de maneira totalmente remota.
Para os empregadores, a Gig Economy significa acesso a um leque muito maior de profissionais para contratar, nas condições ideais para ambas as partes.
Isso viabiliza, por exemplo, a contratação de trabalhadores qualificados para cobrir demandas raras ou pontuais.
O que é Gig Economy
O “Gig” de Gig Economy é um termo em inglês equivalente ao “bico” do Português Brasileiro. Ele descreve um trabalho de escopo ou duração previamente estabelecido entre contratante e contratado.
A remuneração é definida de acordo com o serviço prestado e é geralmente paga após sua conclusão.
Ou seja: definitivamente não é um conceito novo para os brasileiros.
O que vem mudando nos últimos anos é como as pessoas enxergam essas opções de trabalho. Com mais consideração, respeito e seriedade, o modelo ganha força entre os profissionais de todo o mundo.
Na força de trabalho, os Gig Workers são um grupo composto por freelancers, prestadores de serviço autônomos, contratados temporários e outros. Estes profissionais trabalham desta forma por opção, necessidade ou curiosidade.
Para os contratados, as principais vantagens do modelo são a possibilidade de múltiplas fontes de renda e a maior flexibilidade da agenda de trabalho; sendo essas, demandas crescentes de uma nova geração de trabalhadores que preza por um equilíbrio maior entre vida pessoal e profissional.
Para os contratantes, significa a viabilização da contratação de mão-de-obra qualificada. Muitas vezes, a demanda é pontual e pouco frequente, tornando financeiramente inviável a contratação de funcionários integrais para atendê-las.
Com a Gig Economy, pequenos e médios negócios podem ter acesso a profissionais altamente qualificados, garantindo a melhor solução. Afinal, estes profissionais cobrarão um valor menor pelo serviço prestado, do que o custo de um funcionário com pouco serviço a longo prazo.
Perspectivas para os profissionais
A ideia de uma Gig Economy se fortaleceu ainda mais com o surgimento de plataformas como iFood, Uber, 99 e App Justo. Essas plataformas atuam na indústria de serviços essenciais, como alimentação e transporte, e contam com uma força de trabalho composta por profissionais autônomos.
Estes profissionais se cadastram na plataforma através de sites ou aplicativos, e, após terem sua inscrição aprovada, podem iniciar a prestação de serviços. A plataforma realiza o intermédio entre a demanda (quem contrata) e a oferta (quem oferece seus serviços), lucrando uma porcentagem da transação.
Este modelo é interessante para os profissionais, pois lhes permite encontrar uma ampla variedade de gigs sem esforço. Já para as plataformas, a vantagem é a desburocratização do crescimento de seus negócios.
Isso facilita o serviço, sem a necessidade de formar vínculos empregatícios ou garantir uma renda fixa para o funcionário.
As implicações éticas e econômicas da Gig Economy são extensamente discutidas, seja por quem a defende ou pelos que a criticam. Apesar da controvérsia, esta forma de trabalho tem como essência a busca pela liberdade profissional.
Atualmente, temos visto cada vez mais pessoas perseguindo mais de uma carreira. É um fenômeno catalisado pela Gig Economy, que aumenta o leque de experiências do profissional e favorece a interdisciplinaridade de competências.
A partir do exemplo das plataformas citadas acima, que oferecem com serviços complementares à vida moderna, outras plataformas surgiram para intermediar contratações de outros tipos de serviço. São exemplos a 99 Freelas, a UpWork e o Fiverr.
Por meio destas plataformas, trabalhadores da indústria criativa, técnica e tecnológica têm escolhido trabalhar sob suas próprias condições. Assim, podem recobrar o controle sobre a própria rotina e dedicar-se a atividades para as quais não havia tempo.
Impactos no mercado consumidor e no varejo
Ainda que seja uma tendência do mercado de trabalho, os impactos da Gig Economy no varejo e no mercado consumidor são notáveis. Eles acompanham um movimento de remodelação das práticas comerciais e empreendedoras no mundo.
A popularização da Gig Economy permitiu, por exemplo, a abertura de restaurantes sem serviços de entrega ou localização aberta ao público.
Através de plataformas como Uber Eats e iFood, empreendedores podem iniciar suas atividades diretamente de suas casas, contando com os entregadores, a visibilidade e sistema de pagamentos do serviço.
Além disso, a Gig Economy beneficiou o setor do varejo, especialmente iniciativas como o Pop-up Retail, lojas ou estabelecimentos temporários que ficam abertos ao público por um período limitado.
Com a contratação de Gig Workers, empresas de pequeno e médio porte também viabilizam ações de mercado pontuais que exijam mais força de trabalho do que a disponível. Um exemplo disso é a contratação de funcionários temporários para eventos como a Black Friday.
Por último, é importante perceber como a Gig Economy afeta o poder de compra dos profissionais nela envolvidos. Estes profissionais contam com uma renda não-fixa, mas com potencial de ser muito maior do que a renda média de um trabalhador em tempo integral do mesmo ramo.
Ainda, estes profissionais contam com a possibilidade de serem remunerados fora de suas economias locais, como é o caso de funcionários trabalhando de maneira remota para empresas de outro país.
Este fenômeno favorece a circulação de capital e alimenta todas as entidades neste fluxo.
É fato que a Gig Economy veio para ficar. Resta aos profissionais e empreendedores tirar o melhor proveito dela para consolidar sua atuação no mercado.
E você? Já faz parte da Gig Economy? Ficou interessado após conhecê-la?