Quais características, qualidades ou afirmações vêm à mente quando o termo “2.0” aparece ao lado de um produto ou serviço? Evolução? Inovação?
Entre os desenvolvedores de software, faz parte da rotina documentar todo o processo, numerando cada novo passo dado com uma versão diferente. É comum nomear um sistema como “1.0” no estágio em que o programa é bom o suficiente para ser lançado, apesar de incompleto. No jargão da área, definimos esta aplicação como Minimum Viable Product (MVP).
E o “2.0”? Na maioria das vezes, esta é uma versão muito superior do sistema, muitas vezes reconstruída, recompilada. Quase um novo produto.
Percebo com clareza que as empresas que vendem mais são aquelas que alcançam a maior quantidade de clientes, de forma centralizada. Por causa disso, estamos acostumados aos hubs, sistemas capazes de integrar operações de lojas com múltiplos canais de vendas, incluindo a força dos marketplaces.
Nesse artigo, proponho ir além das funcionalidades triviais destas ferramentas, priorizando a competitividade em alto nível. Esta é a ideia estrutural por trás do conceito de “Hub 2.0”.
Evolução do comércio eletrônico
Em 2005, o termo “2.0” foi além do tradicional controle de versão em um código. Foi usado para marcar um estágio de transformação da nossa relação com as páginas da Web. Dos sites estáticos e sem interatividade, a “Web 1.0”, conhecemos seu lado colaborativo, com redes sociais e aplicações dinâmicas: a “Web 2.0”.
Dá para fazer a mesma analogia com a história do comércio eletrônico? Se trouxermos a história para o Brasil, vamos lembrar que no mesmo ano de criação da Amazon, em 1995, começou a funcionar a primeira livraria virtual do país, a Booknet. Estas iniciativas pioneiras deram os primeiros passos neste mercado. E quando começou a segunda geração do comércio eletrônico?
Sem medo de errar, dá para citar algumas referências. No final dos anos 1990, fomos apresentados ao eBay, nos Estados Unidos, e ao Alibaba, na China. Eram os primeiros marketplaces, que permitem qualquer vendedor apresentar seu produto online. Soma-se o lançamento do PayPal, viabilizando meios de pagamento mais ágeis.
Talvez você também não lembre, mas a Booknet foi vendida na mesma época para um fundo de investimentos. Por conta da ampliação do leque de produtos, a loja passou por um rebranding e tornou-se Submarino. Isso foi em 1999, mesmo ano da chegada do Mercado Livre no Brasil. Daí para frente vieram B2W, Via Varejo, Magazine Luiza e a própria Amazon, posicionando-se como a loja que vende de tudo.
Finalmente, o Hub de Integração 2.0
Na última década, nenhum lojista discute se “é preciso informatizar nossa gestão e comércio de produtos”. A pergunta certa é: como fazer isso rapidamente?
O primeiro passo para qualquer lojista é entender suas necessidades. Via de regra, a ferramenta elementar para controle de processos, administração de estoques, controle de vendas em múltiplos pontos de venda, incluindo sua loja virtual própria, é o ERP.
É o estágio anterior ao que dá para explicar como “Hub 1.0”. Em uma ponta, conectamos ferramentas de gestão, como o ERP, por meio de suas APIs — ou incorporada no próprio núcleo; na outra, as demandas e requisitos dos marketplaces. O resultado é um sistema capaz de relacionar dados para automatizar tarefas e exibi-los em uma interface de administração integrada e de fácil uso.
Nesse momento, os hubs se apresentavam como uma necessidade de mercado mais trivial: integrar sistemas ERP legados, isto é, baseados em tecnologias obsoletas, a outras plataformas de e-commerce. Na prática, o vendedor reconhece duas necessidades: ampliar seus pontos de contato com clientes e administrar as múltiplas funcionalidades de sistemas separados.
Os empreendedores que já passaram por esta fase, que já se reconhecem como sellers, já conhecem bem o seu mercado digital. Já conhecem alguns “atalhos” para se posicionar no Mercado Livre, no Magalu, nas marcas do Grupo B2W ou Via Varejo. Traçam sua visão estratégica com mais informação. Já não basta ganhar tempo: é preciso vender mais e com qualidade.
Chegamos, assim, à segunda geração do Hub de Integração 2.0
Máquina de vendas na nuvem
Algoritmos e sistemas inteligentes, incorporados a um Hub 2.0, podem ajudar a selecionar as melhores palavras-chave para criar um anúncio persuasivo, replicá-lo em diferentes plataformas e gerar mais oportunidades de venda. Ajustam preços para baixo diante de um monitoramento permanente da concorrência – ou para cima, se houver alta demanda por seus itens.
Além do monitoramento das tendências de vendas, o Hub 2.0 mapeia os principais KPIs do seu negócio, com impacto direto na gestão financeira. Valores dos pedidos, custo por aquisição (CAC), ticket médio, produtos e canais com maior faturamento, pagamentos recebidos, repasse das comissões, tributos, entre outros custos. A combinação desse cruzamento de dados com as metas de lucratividade é crucial para quem precisa acompanhar de perto os resultados do negócio.
Outros indicadores diretamente relacionados a sua reputação, como atendimento a reclamações, tempo de entrega, vendas canceladas, também devem estar no radar. Eles contribuem ainda para o posicionamento de anúncios na buy-box, espaço destacado de compra comum em plataformas como Amazon, B2W e Via Varejo.
Com estas informações em mãos, os vendedores conseguem tomar decisões rápidas para manter seu negócio à frente. Considere, por exemplo, um vendedor de médio porte, que mantém lojas diferentes ou uma rede com múltiplos CNPJ. Um Hub 2.0 permite centralizar o controle de pedidos e de estoque, além de exibir, pausar ou reproduzir anúncios em marketplaces diferentes, em um sistema unificado.
Dá para ir além. Quanto tempo levaria para um seller identificar as vendas por meio do software, baixar os produtos no sistema, separá-los no estoque, emitir a NFE, enviar uma cópia para o marketplace e autorizar o faturamento, gerar a etiqueta de postagem, imprimir, embalar tudo e liberar para entrega?
Os processos de expedição de pedidos podem se tornar foco de reclamações tanto por conta do tempo gasto quanto por falhas humanas. Com um Hub 2.0, pautados por métodos de Picking & Packing, o setor de expedição ganha em agilidade. É possível automatizar desde a construção de uma lista de separação até a impressão da etiqueta de postagem.
Agora um outro cenário, quando o seller opta pelo fulfillment, os itens já estão em poder do marketplace, que se encarrega do processo de entrega. Um Hub 2.0 ajuda o seller a identificar demandas para reposição de estoque. Há risco do produto não ser vendido dentro do período máximo definido pela plataforma, obrigando o lojista a bancar os custos de logística reversa. O sistema também é capaz de controlar esta operação pode sugerir ajustes no preço automáticos, minimizando um potencial prejuízo.
Não temos receio em afirmar: estamos desenvolvendo hoje a segunda geração das plataformas de gestão e integração de lojas online. A combinação entre dados e automação de rotinas pode ajudar o vendedor a vender mais e melhor. Além da integração entre ERP e plataformas de vendas, o Hub 2.0 tem como objetivo principal aumentar a performance de vendas.