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Inovação digital para vender mais no físico

Por: Luiz Fernando Ruocco

VP Sênior de Performance da Monks Brasil, construiu uma carreira sólida em marketing e mídia. Com passagens pela Raccoon e pela Rocky, onde atuou como sócio e impulsionou um crescimento de dez pessoas para mais de 350 colaboradores, Fernando acumula vasta experiência em varejo, omnichannel e marketing digital. Agora, lidera a área de performance da Monks, com mais de 1300 colaboradores, após a fusão com a S4 Capital.

Imagine a seguinte situação: uma jovem vê no TikTok um anúncio de um tênis. Na sequência, entra no site da loja para conferir os preços e tamanhos. Fica com uma dúvida sobre o produto e envia uma mensagem para o atendimento do WhatsApp. Resolvida sua pergunta, vai até uma loja física para experimentar o tênis. Serviu! E é confortável! Ela então volta para casa e faz a compra pelo marketplace, no qual já planejava adquirir com desconto outros acessórios que estavam em seu carrinho há algumas semanas.

Veja como a estratégia omnichannel pode revolucionar a experiência de compra do consumidor.

Em um caso desses, qual canal da varejista foi responsável pela venda? É uma pergunta difícil de responder, principalmente sob a lógica antiga que ainda impera dentro de muitas empresas. Infelizmente, ainda é comum o pensamento segmentado, que trata cada uma das frentes como uma coisa isolada.

Mas os tempos mudaram. O consumidor pode passar por praticamente todos os canais de vendas antes de efetivamente realizar a compra, como mostra o exemplo acima. Callcenter, e-commerce, plataformas, chats, lojas… Todas essas são formas pelas quais as empresas conseguem atender seus clientes e vender seus produtos. E, no fim das contas, o objetivo é sempre o mesmo: uma venda é uma venda, independentemente da forma como ela acontece.

É aí que entra o pensamento omnichannel, ou seja, enxergar a empresa como uma unidade, em que todas as partes precisam trabalhar juntas, sem obstáculos ou constrangimentos entre si. E na qual cada um dos canais tem seu papel para que o cliente tenha a melhor jornada.

A importância contínua das lojas físicas

Dentro desse mundo de múltiplas ferramentas para o varejo, pode ser tentador minimizar o papel dos estabelecimentos físicos, dado o crescimento vertiginoso de novas tecnologias que multiplicam as possibilidades nos meios digitais. Mas se há algo que os últimos anos provaram é que as lojas físicas não vão acabar tão cedo. Afinal, mesmo depois da pandemia de Covid que virou o varejo de cabeça para baixo e forçou lojistas e clientes a migrar para os ambientes digitais, o ponto de venda com endereço e CEP não perdeu relevância, e continua representando uma fatia importante de vendas.

O papel da loja física vai além do share de receitas. Trata-se de um local fundamental para testar e experimentar o produto, além de servir como uma espécie de âncora de segurança para o consumidor – ele sabe que, se surgir alguma questão, poderá ir a um balcão físico para tentar resolvê-la. Mas o principal diferencial da loja física é, acima de tudo, a experiência.

Ou seja, o estabelecimento físico não pode ser visto apenas como um conjunto de prateleiras de produtos, e sim como o braço imersivo de um complexo sistema integrado chamado “setor de vendas”. Por isso, o offline não deve ser escanteado, e sim integrado aos outros canais para criar uma jornada completa e eficiente para o consumidor.

Um exemplo de integração é uma ação nas redes que, com ajuda de algoritmos do Google e das plataformas, ajuda a atrair os clientes para a loja física – sobretudo o consumidor que prefere a compra offline. Há casos bem-sucedidos de ações desse tipo sendo adotadas por grandes varejistas no Brasil, e com resultados expressivos de conversão e de receita.

Desafios e estratégias para uma integração eficaz

Logicamente, a integração entre os meios online e offline de vendas traz desafios. O primeiro é entender qual a maneira mais eficiente de mensurar a participação de cada canal em uma venda e de promover de forma harmônica a integração entre as diferentes partes do sistema. Isso passa por dilemas práticos – por exemplo, repensar o modelo de remuneração de vendedores por comissão – que desafiam a lógica tradicional do varejo.

É preciso também promover essa compatibilização em termos tecnológicos, o que significa incorporar e explorar diferentes plataformas que otimizem a experiência do cliente. Por exemplo, é possível ter uma interface que cruze os dados de pesquisa do cliente com a disponibilidade dos estoques nas lojas físicas e que, na sequência, sugira uma visita à loja mais próxima.

Por fim, operar na lógica omnichannel requer estratégia. Não basta “simplesmente” mensurar as ações de cada canal e adotar tecnologias diferentes. É preciso entender o quanto cada área contribui e como potencializar essa atuação, maximizando os resultados do todo.

É preciso, portanto, lembrar a lição fundamental do omnichannel: quem escolhe como comprar é o cliente, e não cabe ao varejista impor barreiras. O papel das empresas é fornecer o melhor atendimento, garantir que os diferentes canais estejam alinhados e fazer o máximo para que o consumidor saia satisfeito, com seu produto em mãos.