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Inovação imparável: o papel da IA generativa nos marketplaces

Por: Alisson Aguiar

Global Retail Practice Senior Director da Compass UOL

Formado em Ciência da Computação pela UPF e com MBA em Tecnologia Aplicada a Negócios pela ESPM, Alisson é Global Retail Senior Director da Compass UOL. Ao longo dos últimos anos, tem se dedicado a projetos de digitalização do varejo para empresas do Brasil e exterior por meio do uso de plataformas e tecnologias de parceiros estratégicos com atuação global.

Os marketplaces se tornaram os epicentros do comércio moderno, oferecendo uma vastidão de produtos e serviços. Contudo, o desafio contínuo para os vendedores é destacar-se em meio à multidão virtual, conquistar a atenção dos consumidores e construir um relacionamento sólido com eles. Nesse cenário, a inteligência artificial (IA) surge como a vanguarda, especialmente a IA generativa, moldando uma nova forma como os marketplaces operam e interagem com seus usuários.

À medida que nos aventuramos no caminho de um futuro no qual a IA generativa se tornará a espinha dorsal dos marketplaces, é essencial reconhecer seu potencial de evolução.

Categorização automatizada

A capacidade da IA generativa de aprimorar a categorização automatizada é uma revolução palpável, já que por meio de algoritmos sofisticados ela organiza produtos em categorias e compreende nuances sutis, como preferências individuais dos consumidores, sugerindo produtos de forma personalizada. Essa abordagem dinâmica e adaptativa potencializa a experiência do usuário, simplificando a navegação pelo extenso catálogo de um marketplace.

Segundo o “2024 Consumer Trends Report”, da Qualtrics, empresa norte-americana de gestão de experiência, 48% dos consumidores já estão confortáveis em interagir com as inteligências artificiais das marcas. Mais especificamente, a Euromonitor International, empresa inglesa de pesquisa de mercado, revela que 42% do público se sentiria confortável com assistentes de voz que fornecessem informações e sugestões de produtos de maneira personalizada.

Similaridade de produtos e evolução da buy box

A similaridade de produtos é outro campo no qual essa solução tecnológica deixa a sua marca. Afinal, ela vai além das simples palavras-chave ou tags para identificar conexões profundas entre itens, considerando características visuais, funcionais e até mesmo sentimentos evocados por eles. Essa compreensão mais holística permite recomendações mais precisas, aproximando os consumidores de produtos que correspondem às suas necessidades e ressoam suas demandas e estilo de vida.

A cereja do bolo é a evolução da “buy box” – espaço para destacar ofertas e ajudar o usuário a visualizar com mais facilidade os itens que ele deseja – para uma entidade mais inteligente e responsiva. Tradicionalmente, a buy box priorizava o preço e a reputação do vendedor. Com a intervenção da IA generativa, esse espaço privilegiado torna-se um campo dinâmico, em que o recurso considera a oferta mais vantajosa, experiência do usuário, compatibilidade com interesses anteriores e confiabilidade da entrega. Isso cria uma interação mais fluida entre vendedores, compradores e o próprio marketplace, resultando em decisões de compra mais informadas e satisfatórias.

Dilema ético

No entanto, há um dilema ético a ser abordado, uma vez que a IA generativa é tão eficaz em compreender e antecipar as necessidades dos consumidores que pode gerar uma bolha de recomendações, restringindo a diversidade de opções. Trata-se de um fator que levanta questões sobre a liberdade de escolha e a exposição dos usuários a novidades fora de seus padrões habituais. Nesse cenário, a solução reside na integração de algoritmos que incentivem a descoberta de novos produtos, ampliando os horizontes sem comprometer a personalização.

Além disso, a confiança e a transparência são fundamentais. Logo, os marketplaces devem ser proativos na divulgação do uso da IA generativa, educando as pessoas sobre como essa tecnologia opera e de que maneira utiliza seus dados, oferecendo opções claras para o controle dessas interações.

Em síntese, a implementação da IA generativa nos marketplaces pode revolucionar a categorização automatizada ao analisar imagens de produtos e atribuir categorias com base nas características visuais. Ao utilizar modelos generativos para avaliar a similaridade entre produtos, os sistemas podem recomendar itens relacionados com maior precisão. Uma buy box mais inteligente pode ser construída ao empregar algoritmos generativos que consideram variáveis dinâmicas, como comportamento do consumidor e sazonalidade, para determinar o posicionamento ideal dos produtos, aumentando as chances de conversão e maximizando os resultados para os vendedores. Essas abordagens aproveitam o poder da ferramenta para aprimorar operações nos marketplaces, impulsionando as vendas e o engajamento.

À medida que nos aventuramos no caminho de um futuro no qual a IA generativa se tornará a espinha dorsal dos marketplaces, é essencial reconhecer seu potencial de evolução. Uma vez que seu papel é simplificar a jornada do consumidor e desafiar os limites do comércio online, a sinergia entre tecnologia e humanidade é o que impulsiona essa revolução.

É, portanto, o momento de dar as boas-vindas a essa jornada e descobrir como harmonizar a conveniência com a diversidade. É neste ponto que a inteligência artificial e a experiência humana se unem para forjar um ambiente de compras genuinamente inovador.