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Marketplace In: o caminho para a independência ou uma armadilha?

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Por: Talita Fernandes

Gerente de E-commerce na Infracommerce

É graduada em Administração e possui MBA em Varejo e E-Commerce. Com 14 anos de experiência no mercado de e-Commerce, ela tem se especializado no segmento de Marketplace, contribuindo para o crescimento e a evolução dos canais. Sua trajetória profissional inclui passagens por grandes empresas varejistas como Carrefour e Grupo Casas Bahia, onde desempenhou papéis importantes na implementação de estratégias de vendas e operações, focando na melhoria da experiência do cliente e no aumento das vendas. Além de sua carreira de sucesso, Talita é mãe do Bento, equilibrando com dedicação sua vida profissional e familiar.

Se você vende online, já sabe: os marketplaces dominaram o varejo digital. No Brasil, mais de 78% das vendas online acontecem dentro dessas grandes plataformas, segundo a Ebit | Nielsen. Esse parece ser o melhor caminho para ampliar a presença da sua marca e atingir mais clientes. Mas e se eu disser que existe outra alternativa para quem já tem um e-commerce consolidado?

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Como criar seu próprio marketplace e assumir o controle das suas vendas online, sem depender das grandes plataformas?

Seja muito bem-vindo ao universo do Marketplace In, a estratégia de criar o seu próprio canal de vendas de portas abertas para outros sellers. Parece ambicioso? Com certeza. Vale a pena? Depende, e é isso que vou explicar neste artigo.

O império dos marketplaces

Os marketplaces tradicionais como Mercado Livre, Amazon e Shopee conquistaram consumidores de forma massiva nos últimos anos. Dados do “Marketplace Shopping Behavior Report 2025” apontam que 63% dos consumidores na Europa e nos EUA preferem comprar via marketplace em vez de no site oficial da marca. Os motivos apontados foram: variedade de produtos (41%), melhores ofertas (40%) e facilidade na comparação de preços (37%).

Isso significa que quem vende nessas plataformas ganha visibilidade e aumenta o volume de conversões. No entanto, também aumentam as taxas, as comissões, a concorrência feroz e a dependência desses canais, sem contar a perda de controle sobre sua própria audiência e estratégia de precificação.

Em resumo, é um jogo no qual você é apenas mais um peão no tabuleiro. Mas e se você pudesse virar o jogo?

Marketplace In: o controle de volta para suas mãos

Criar um marketplace próprio é um passo ousado, mas pode ser a chave para diversificar sua receita, ampliar seu catálogo de produtos e reduzir custos operacionais sem perder o controle do seu negócio.

O Marketplace In é a estratégia em que uma empresa cria seu próprio ambiente de marketplace, permitindo que outros sellers vendam ali. Isso é particularmente eficaz para marcas conhecidas, que já possuem uma base digital forte e que querem expandir sem precisar investir em estoques gigantescos.

Vantagens reais (e desafios que ninguém conta)

– Expansão sem estoques absurdos: ao integrar outros vendedores ao seu canal de vendas, você amplia seu mix de produtos sem a necessidade de ampliar seu estoque próprio. Isso significa crescimento com menos capital investido;

– Maior ticket médio e carrinhos cheios: quando um consumidor encontra mais opções no seu site, ele tende a comprar mais. A diversidade de produtos de sellers variados aumenta o ticket médio e, consequentemente, a rentabilidade;

– Monetização através de comissão: com cada venda realizada pelos seus sellers, você ganha uma comissão. Ou seja, sua receita cresce sem necessariamente aumentar sua estrutura operacional;

– Autonomia estratégica: ao contrário dos marketplaces tradicionais, em que as regras são ditadas pelas plataformas, no seu marketplace você define as margens, as taxas e o posicionamento de marca, ao mesmo tempo em que tem controle total sobre questões como SLAs e histórico de dados.

Agora, quanto aos desafios, você precisa lidar com alguns pontos diferentes de estar dentro de uma plataforma já estruturada. No Marketplace In, você deverá ficar atento com:

– Gestão de sellers: encontrar parceiros confiáveis e que façam sentido com o seu modelo de negócio, garantindo que cumpram prazos e padrões de atendimento;

– Tecnologia robusta: incluindo um seller center eficiente, integração com ERPs, gateways de pagamento e suporte a split de pagamentos;

– Captação de tráfego: sem a audiência de um marketplace gigante, você precisará investir em marketing digital, com estratégias de retail media, SEO, entre outras.

O Marketplace In é para todo mundo?

Definitivamente, não. Se você é um pequeno varejista, pode ser mais vantajoso continuar vendendo nos marketplaces tradicionais, a chamada estratégia de Marketplace Out. Mas se sua empresa já tem tráfego próprio, uma base de clientes fiel e estrutura digital consolidada, o Marketplace In pode ser sua próxima jogada estratégica.

Empresas do setor B2B, por exemplo, têm se beneficiado desse modelo, atendendo a desde pequenos comércios de bairro até distribuidores de grande porte. O segredo é entender o seu público, atrair os sellers certos e garantir uma experiência fluida para compradores e vendedores.

Marketplace In: um risco calculado

A gestão de um Marketplace In não é fácil, mas pode ser altamente recompensadora. Para quem quer escalar sem abrir mão do controle, esse modelo é uma oportunidade de ouro.

A pergunta é: você está pronto para deixar de ser refém dos marketplaces tradicionais e assumir as rédeas do seu próprio ecossistema de vendas? Se a resposta for sim, o futuro do e-commerce pode estar nas suas mãos!