Atualmente, muito se ouve falar sobre skins.
Conceito bastante conhecido entre os admiradores de jogos eletrônicos e relacionado ao visual, as skins são roupas virtuais – em outras palavras, são NFTs. Ou seja, roupas que só podem ser usadas dentro do universo digital para customizar os personagens dos games.
Porque, tal como na vida real, o vestuário serve para expressar a identidade do jogador e deixar as personagens mais atraentes nos jogos.
Talvez até pareça uma ideia absurda para algumas marcas investir nesse tipo de NFT, mas o mercado de skins movimenta cerca de US$ 10 bilhões por ano – isso porque elas fazem a engrenagem dos jogos eletrônicos girar. Além disso, aumentam a vida útil do jogo, mantendo o interesse dos jogadores. Tanto que alguns games, embora gratuitos, faturam justamente pela comercialização das skins, como é o caso do famoso League of Legends.
Oportunidade com a pandemia
Devido à pandemia da Covid-19, com o crescimento no número de jogadores e o cancelamento dos desfiles, grandes marcas de grife encontraram nesse mercado a excelente oportunidade de unir os dois mundos e fazer a moda entrar, de vez, no universo virtual.
A Louis Vuitton, por exemplo, fechou uma parceria com o League of Legends em 2019 e começou a desenhar modelos exclusivos para os avatares do game. A coleção foi criada por Nicolas Ghesquère, diretor artístico de coleções femininas e um dos mais importantes estilistas da marca, e custaram algo em torno de US$9 e US$25, podendo chegar a US$6.020!
No entanto, outras empresas foram além, como é o caso da espanhola Balenciaga. Ela criou seu próprio jogo, chamado “Afterworld: The age of tomorrow”, para apresentar as versões em 3D de suas peças mais recentes. Só que as ações não estão se limitando apenas ao online.
A influência da moda virtual na moda “de verdade”
O sucesso das skins e das parcerias com marcas de grife é tão grande, que começou a influenciar até mesmo a moda “de verdade”, e as empresas já testam roupas virtuais para além do ambiente virtual. A parceria da Louis Vuitton com o League of Legends, citada acima, deu origem a uma coleção física dedicada ao jogo. O que também aconteceu na São Paulo Fashion Week de 2021, onde os convidados puderam conferir um desfile com 20 skins do game Free Fire em versão física, selecionadas e assinadas pelo estilista Daniel Ueda.
A iniciativa se tornou um dos grandes destaques da semana e trouxe uma reflexão sobre a forma como pensamos a moda. Além disso, foi a primeira vez em que a indústria de games e a da moda se uniram para apresentar uma coleção em uma semana de moda internacional.
A reinvenção das marcas de moda
Essa aproximação das marcas de moda com o universo dos games mostra que elas estão se reinventando, não somente para imergir no metaverso, mas para atrair o consumidor jovem. Isso porque, independentemente da história ou posição no mercado, o tempo passa e o público muda. Essa é a estratégia que as empresas do setor estão trabalhando para continuarem em evidência. E, claro, alavancarem as vendas dentro e fora do ambiente virtual.
Assim como outros setores, a moda está atravessando seu processo de digitalização, que foi acelerado pela pandemia. As marcas estão aproveitando que a vida online se sobressaiu durante esse período, bem como a cultura de ostentação relacionada ao mercado lucrativo e estruturado de skins, para se promoverem através de enormes comunidades e influenciadores.
Para o futuro, no entanto, a tendência é que a estratégia se torne omnichannel. Isso porque há gradativas apostas de trazer as skins para o “mundo real”, não apenas pelas próprias marcas, mas também de outras empresas, como é caso da grife croata ‘Tribute’, que vendem o serviço de levar as roupas virtuais para além dos games por meio de encomendas dos clientes.
Além disso, como o avanço do metaverso e da transformação digital, a ideia é que outros varejistas de moda possam investir em suas coleções de NFTs e trazê-las ao físico.
Leia também: O impacto da gamificação na jornada de compra