Falar em gestão fiscal ainda causa aversão em muitos que lidam com a administração de e-commerce. É uma parte do negócio com áurea de burocracia e detalhes complicados. Mas a tecnologia tem facilitado essa etapa com algumas inovações – de sistemas de conciliação até novas formas de emitir nota fiscal. Para este último, desde o ano passado, o consumidor tem visto cada vez mais suas compras online chegarem em casa sem uma nota fiscal impressa, substituída por uma etiqueta com um código de barras para o consumidor acessá-la.
Um avanço pouco impactante aos olhos de quem não trabalha com o varejo. Para o varejista, no entanto, o novo formato é importante não apenas para levar uma experiência mais agradável para o cliente, mas também para agilizar a gestão fiscal, escalar o negócio e reduzir custo de impressão – um dos maiores do varejo.
Para se ter uma ideia, a Forbes apontou que a logística de uma única entrega entre estados no Brasil utiliza aproximadamente 16 documentos impressos. E ao levar em conta os números da E-bit/Nielsen para 2020, que contabilizou 194 milhões de compras online, seriam ao todo cerca de mais de três bilhões de documentos impressos. Um número extremamente alto que complica a administração e a logística de um envio e que está em desacordo com as urgências ambientais que o mundo tem vivido.
Não há desvantagens para o negócio. Em relação ao antigo formato, a etiqueta mantém os dados da loja e do cliente, mas não informa exatamente qual é a mercadoria que está na embalagem, permitindo maior privacidade ao consumidor e aumentando a segurança no transporte (sem chamar tanta atenção, espera-se que os roubos de mercadoria em transporte diminuam).
Em termos econômicos e logísticos, o novo formato dispensa a impressão dos 16 documentos por envio, concentrando todas as informações necessárias para gestão fiscal, com um sistema unificado, e órgãos reguladores em um código de barras. Sem os papéis impressos, o plástico que fixaria a NF na embalagem para o cliente (que iria parar no lixo) também é eliminado. E, sem todas essas etapas burocráticas do manuseio, o despacho do produto é mais rápido. Se em dias comuns é um ganho importante, o impacto positivo desse novo formato é um diferencial para a performance em datas agitadas como Black Friday e Natal.
Para o cliente, a etiqueta representa comodidade. Sem a tradicional nota fiscal no envio, o cliente recebe o Danfe completo por e-mail após a confirmação de pagamento da compra e pode acessar a NF na íntegra a partir do código de barras da caixa. Além de maior privacidade, o controle e o armazenamento do documento ficam mais simples, principalmente para caso de trocas ou garantias que exigem a NF, garantindo uma experiência mais agradável mesmo no pós-venda.
Abandonar o envio da NF impressa também traz ganhos de marca. Em um momento em que os consumidores estão mais atentos do que nunca aos posicionamentos das empresas em relação a questões sociais e ambientais, a etiqueta representa um cuidado com o meio ambiente que pode ser determinante para a fidelização do cliente conforme o conhecimento sobre o novo formato avançar. Nesse sentido, um estudo do Instituto Ipsos em parceria com o Instituto Ayrton Senna, a ESPM e a Cause revelou que 77% dos entrevistados são totalmente favoráveis a ações de empresas relacionadas a uma causa (social ou ambiental) e que isso tornaria a marca mais confiável e responsável a seus olhos.
Se aos olhos de quem não trabalha com varejo o Danfe simplificado na etiqueta pode parecer uma mera mudança, para o varejista significa economia, logística otimizada, menor impacto ambiental e experiência do cliente aprimorada – quatro pilares fundamentais para o e-commerce atual. Se o mundo já viveu a migração do papel para o online há anos, está na hora de a gestão fiscal do varejo acompanhar o movimento e fincar pés na era digital.