Assunto relegado a segundo plano em grande parte das empresas na América Latina, a transformação digital precisou ser feita à força a partir de março de 2020. A pandemia da Covid-19 pegou os empresários da região desprevenidos: eles precisaram levar seus negócios offline para o mundo online ao mesmo tempo que tentavam entender essas soluções na prática. Entretanto, se é diante de grandes crises que podemos encontrar boas oportunidades, as organizações latino-americanas têm uma chance de ouro para finalmente se adequarem a uma tendência que está mudando o dia a dia corporativo: a API Economy.
O termo da moda refere-se à capacidade que as APIs têm em influenciar na lucratividade do negócio — seja transformando-as em produtos a serem comercializados, seja como elemento essencial para repensar modelos de negócios. Basta olhar em volta para ver o impacto das aplicações em nossa sociedade. Se hoje conseguimos pedir transporte com táxis e carros compartilhados em nossos smartphones, realizar transações financeiras sem sair de casa e fazer compras pela web é graças a esses elementos que conectam diferentes sistemas.
Atraso histórico
Mas, por que a América Latina demorou a entrar nesse movimento e precisou de um empurrão da pandemia? Historicamente, a região tem um atraso em relação aos países mais desenvolvidos quando o assunto é tecnologia. Enquanto a América do Norte e a Europa debatiam e preparavam as bases para a digitalização dos negócios entre os anos 1980 e 1990, por aqui, os países começaram a se mexer apenas no século 21, com regulamentação e políticas públicas. Ou seja, não havia segurança jurídica, estímulo a investimentos e criação de um ecossistema vantajoso para inovação.
A questão é que a transformação digital é um caminho sem volta em um mundo global, o que obriga todas as regiões a acompanharem essa evolução tecnológica. Antes da pandemia, as empresas latino-americanas se preparavam para o boom no mercado de SaaS (software como serviço). Estimativas indicam que apenas um quarto das companhias da região utilizam aplicações na nuvem. Na América do Norte, por outro lado, este índice é superior a 40%. Ou seja, há um espaço a ser preenchido pelos fornecedores de tecnologia, o que apontava um crescimento acelerado nos próximos anos na adoção destas ferramentas.
A importância da API Economy
Com o novo coronavírus embaralhando as estratégias de negócios em todo o mundo — e a transformação digital virando aceleração digital —, percebe-se uma redução na espera pela adoção desses conceitos. O boom do SaaS, por exemplo, já acontece nos principais centros da América Latina, como o Brasil, e traz consigo a importância da API Economy. A proposta ganha força em determinados setores, como a consolidação do e-commerce no varejo e a regulamentação do open banking no mercado financeiro. Nos próximos anos, certamente mais e mais empresas descobrirão um novo mundo de vantagens por meio das APIs.
As instabilidades políticas e econômicas que acometeram a América Latina ao longo do século 20 cobram o seu preço atualmente. Deixaram a região para trás na valorização da inovação, empreendedorismo e tecnologia. É um caminho longo a percorrer, mas felizmente é possível alcançar o desenvolvimento. O primeiro passo é compreender a importância de aplicações, sistemas e softwares nos processos das organizações. E não apenas durante a pandemia, mas principalmente após a Covid-19. O que a API Economy mostra é que, mais do que ferramentas para o dia a dia, esses recursos podem se tornar fontes lucrativas para a rentabilidade de qualquer negócio.