Guarde esse número: segundo pesquisa realizada pela Telebrasil, 97% dos usuários da internet no Brasil acessam a rede por meio de smartphones.
Isso posto, a necessidade das empresas em se conectarem com seus clientes via aplicações móveis está (mais do que) consolidada. A questão que cabe aqui não é mais “quando”, mas sim “como” fazer isso.
Há um paradoxo interessante nos hábitos de acesso dos brasileiros: enquanto o acesso às páginas web é duas vezes maior do que em aplicativos, os usuários gastam 15 vezes mais tempo em apps do que na web.
Além disso, 53% dos consumidores abandonam sites que demoram mais de 3 segundos para carregar. Como, então, unir o melhor de dois mundos? A simplicidade da web com a praticidade e a fluidez dos apps?
A resposta: PWA, ou Progressive Web App (Aplicação Web Progressiva)
O PWA é uma técnica que consiste em escrever uma aplicação em linguagem web para que ela se comporte como uma aplicação “nativa” do celular ou do computador. Ou seja, o primeiro problema já foi resolvido: a linguagem serve tanto para a web quanto para smartphones, o que permite um carregamento dinâmico e incremental, que lhe dá rapidez e confiabilidade.
O PWA é instalável e, acima de tudo, otimizado — já que se trata de uma solução web com usabilidade de app, o que une alcance e engajamento em um só pilar.
Outra vantagem muito bem-vinda é que ele permite “driblar” a dependência de conectividade, tão comum no Brasil, ao se utilizar do pré-cache: os dados das páginas acessadas anteriormente ficam armazenados e podem ser visualizados offline.
Isso permite, por exemplo, realizar uma compra na web sem conexão alguma, bastando entrar em uma área de cobertura mínima (G) para que ela seja concretizada junto ao emissor, ou seja, o 4.5, 4, 3, H+, H e até mesmo o E são dispensáveis.
Ainda há a vantagem da experiência do usuário, que conta com soluções como push notification, por exemplo.
Aliança entre Google e Microsoft
O potencial dessa solução é tão grande que conseguiu forjar uma aliança entre dois gigantes – e rivais – do setor: Google e Microsoft. E os resultados já aparecem: hoje é muito fácil e intuitivo baixar um PWA na Google Play Store. Enquanto isso, porém, a Apple não permite o download de PWAs na sua App Store.
Considerando que 9 em cada 10 usuários de smartphones no Brasil utilizam Android, isso não deve ser desprezado por um varejista do país que quer proporcionar uma boa experiência do usuário em suas aplicações na web. Não obstante, a partir da versão 70, liberada em outubro de 2018, o Chrome (navegador do Google) passou a aceitar o PWA em sua versão desktop.
O que permite que as aplicações da Google executem o PWA com tanta maestria é a tecnologia TWA (Trusted Web Activity – Atividade Web Confiável), solução anunciada em 2019 e que permite que os desenvolvedores criem um aplicativo Android para agir como uma “cápsula” para o PWA.
Ou seja, quando o app Android for publicado na Google Play Store, ele executará seu PWA no Chrome ou em outro navegador disponível, garantindo a experiência do usuário ao máximo.
Fique de olho
Mesmo com tantas vantagens, sobretudo em um panorama de crescimento exponencial do e-commerce e varejo em geral — que precisam atender usuários cada vez mais exigentes e seletivos em relação à experiência e User Interface (UI), dois aspectos precisam ser plenamente considerados pelo PWA, pois nem tudo “são flores”: tome cuidado para, quando for adquirir essa solução, ver se de fato o que está sendo oferecido para você é um PWA.
Muitas vezes, em um autêntico processo de “vender gato por lebre”, prestadores de serviços oferecem “soluções” que não englobam as principais vantagens do PWA, e sim somente um programa instalável dotado de um manifesto.
O verdadeiro PWA, aquele que ajudou tantas marcas globais de sucesso como Starbucks e AliExpress, deve ser (lembre-se sempre) rápido, confiável, instalável e otimizado. O futuro dos apps já chegou, por isso resta se fazer apenas uma pergunta: você, varejista, irá participar dele ou apenas contemplá-lo e se perguntar onde foi que “perdeu o bonde”?
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