Recentemente, tive a oportunidade de participar do maior evento de varejo do mundo, a NRF, e por lá um ponto foi bastante destacado: a retomada do varejo. Mesmo com certas situações que causam algumas incertezas, como a inflação no país, a feira teve um tom de otimismo. E isso tem a ver com a confiança, que tem o poder de unir todo o ecossistema para ir além.
Algumas das questões que ainda assustam um pouco o varejo estão relacionadas com a escassez de mão de obra, seja por pessoas que saíram do mercado de trabalho, seja pelo número de trabalhadores que vinham de outros países também estar em queda. Somado a isso, vemos outras situações que também atrapalham, como a guerra da Ucrânia, que influencia o ambiente socioeconômico e resulta em, por exemplo, menos acesso a insumos para produzir eletrônicos, já que trata-se de um setor praticamente dominado por China e Rússia – esta última envolvida diretamente no conflito. Além disso, as mudanças climáticas são um fator negativo.
Foco em soluções
Uma das coisas que me encantaram na NRF foi que os problemas não foram levantados somente em tom de lamentação, mas com a vontade de apresentar as soluções! Um dos insights que podemos tirar é como a jornada do cliente se tornou um dos centros do debate, pois influencia positivamente no varejo. Gostei do que vi, por exemplo, na palestra de Paige Thomas, CEO da Saks, que citou como era necessário se reinventar no mercado de luxo para superar o momento complicado que afastou os consumidores. Para saber o que era necessário ser feito, a empresa pesquisou a fundo seu público e descobriu que uma tendência era a preocupação dos clientes com o meio ambiente.
A solução, então, foi trazer a sustentabilidade para o seu relacionamento com o cliente. Portanto, a Saks apostou em propostas disruptivas dentro desse tema, especialmente pelo fato de ser uma empresa de um segmento tradicional. Ela trouxe, entre outras coisas, uma espécie de brechó com artigos de luxo em uma seção dentro do aplicativo. Ou seja, um fomento à revenda que faz parte da economia circular que, por sinal, foi outro assunto bastante explorado na NRF.
Reinvenção
Reinvenção foi uma palavra bastante utilizada durante o evento, e não por acaso: quando sabemos nos adaptar às situações, fator que a pandemia nos influenciou diretamente, conseguimos seguir com otimismo para enfrentar o que vem pela frente. Inclusive, falando em otimismo, não posso deixar de citar a palestra de Ira Kalish, economista global chefe da Deloitte, que acredita que não haverá recessão. Ele citou que os empregos com maiores salários estão em alta, o que de certa forma compensa a escassez de força de trabalho, na sua ótica.
A NRF trouxe tendências e insights extremamente interessantes, que certamente aproveitarei durante todo o ano. O tom foi muito positivo e o evento também foi inspirador no sentido de que nós podemos criar esse mundo otimista, mais igual, com mais diversidade. Painéis como os que tiveram Simone Biles, reconhecida ginasta que mostrou a importância de cuidar da saúde mental, o da Target, que trouxe representatividade na prática, e o de Marvin Ellison, CEO da Lowe’s que reforçou a necessidade de trabalhar em equipe para celebrar as conquistas como time, mostraram que superar desafios para fazer não só o segmento, mas um mundo melhor, é perfeitamente possível.