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Segmento feminino: estratégias devem ser personalizadas

Por: Gustavo Chapchap

Graduado em Marketing com especialização em Gestão de Projetos, trabalha com comunicação há mais de 20 anos e com e-commerce desde 2006. Redigiu o projeto que originou o Dia do Profissional Digital #404DigitalDay aprovado no plenário da Câmara Municipal da Cidade de São Paulo em 2014. Colaborou com o lançamento do Guia de e-Commerce ABRADi-SP Sebrae-SP escrevendo o capítulo de plataformas, atua como CMO na JET. Em 2019 foi premiado como MVP no Fórum E-Commerce Brasil.

Quando se analisa a importância do segmento feminino no e-commerce, percebe-se que ela se manifesta de diversas formas.

As pesquisas confirmam que elas formam o principal público consumidor dos setores de moda e beleza (que são os que mais crescem no comércio eletrônico) e têm se destacado também como empreendedoras nessa área.

Apesar da forte presença feminina no mercado consumidor, nem sempre as empresas adotam estratégias adequadas para atender às especificidades desse público.

Vale a pena o registro de alguns dados apurados no Neotrust:

– mulheres responderam por 61,4% no número de pedidos realizados online;

– foram responsáveis por 52% do valor total movimentado pelo e-commerce no segundo trimestre de 2022;

– 72% das vendas online são feitas por mulheres;

– 75% do faturamento de negócios femininos vêm das redes sociais.

Apesar da forte presença feminina, nem sempre as empresas adotam estratégias adequadas para atender às especificidades desse público.

O que diferencia o segmento feminino?

Um dos desafios a serem enfrentados pelo varejo, quando se olha para o público feminino, é a necessidade de diversificação das estratégias para atender aos diferentes segmentos que compõem esse universo.

Ou seja, além de ações direcionadas às mulheres, é importante entender o perfil do público, por que estamos nos referindo a targets distintos, considerando questões básicas como idade e renda, mas também estilo de vida.

No desenvolvimento das estratégias, algumas questões devem ser consideradas como prioritárias:

– acompanhando a tendência do mercado, é crescente entre elas a utilização de dispositivos móveis para compras online. Pensando no e-commerce, as lojas virtuais devem investir na criação de interfaces intuitivas e de fácil navegação para as usuárias.

– segundo os estudos, elas se mostram mais interessadas em compras com mais itens e têm maior interesse (quando se compara com o público geral) em participar de programas de fidelidade e descontos.

– verifica-se, ainda, que elas são mais impactadas pelas ações realizadas por influenciadores digitais. De acordo um levantamento feito pela Nielsen, o público que acompanha influenciadores é predominantemente feminino (45%) e está entre 24 e 45 anos. Para se ter ideia, os homens ficam com 24%.

– e quando questionadas se já compraram algum produto ou serviço divulgado por um influenciador, 42% das mulheres afirmaram positivamente. E, desse total, 78% delas dizem que valeu a pena seguir a dica.

Quais estratégias devem ser valorizadas?

Personalização

Temos discutido bastante a questão da personalização no e-commerce, uma vez que estratégias mais customizadas têm sido mais demandadas pelo consumidor.

No caso das mulheres, contudo, esse é um ponto que exige mais atenção. Comprovadamente, a decisão de compra do público feminino é baseada na conexão estabelecida com a marca. Por isso, é fundamental entender melhor os comportamentos e, a partir daí, fazer ofertas mais assertivas.

Importante lembrar que a mulher geralmente tem uma jornada mais complexa, até em razão de seus diferentes papéis na sociedade. Por exemplo, praticidade e conforto podem ser itens fundamentais no caso do segmento de moda, mas há outras questões a serem consideradas, como o apelo à sustentabilidade ou mesmo os propósitos da marca.

Um dos desafios para o e-commerce é fugir dos estereótipos ou das generalizações. Nesse sentido, a personalização ganha muita relevância, porque permite que a abordagem seja feita de acordo com as necessidades de cada grupo.

Foco na experiência

Ainda avaliando os cuidados necessários na abordagem do público feminino, é essencial redobrar a atenção com a navegabilidade da loja.

Num e-commerce de moda, por exemplo, é prioritário atentar para alguns detalhes, como a importância de investir em soluções que permitam apresentações mais precisas dos itens disponíveis.

Pensamos, nesse caso, não apenas em descrições detalhadas dos produtos, mas no emprego de imagens que possibilitem à consumidora reconhecer a textura do tecido, o caimento das peças, a exatidão das tonalidades etc.

Outro aspecto relevante é contornar as eventuais objeções relacionadas ao tamanho. Um emprego mais cuidadoso das imagens dos produtos pode fazer a diferença. Por exemplo, diversificar as modelos escolhidas para retratar o uso das roupas.

Estamos nos referindo a elementos que nem sempre recebem a atenção necessária e que, contudo, têm o poder de alterar a visão que a consumidora tem de determinada marca.

Em termos de tecnologia, vale o registro de que o e-commerce dispõe de inúmeras soluções, como os provadores digitais.

Na prática, então, o principal é a estratégia, sempre partindo do entendimento das demandas do público da loja.

Quando olhamos para essa questão da experiência de compra, devemos ter em mente que ela deve privilegiar as especificidades desse público.

Temos visto iniciativas bem-sucedidas, por exemplo, de lojas virtuais que investem em ações que ajudam a aproximar a consumidora da marca.

O chamado fashion delivery atende bem esse quesito. O envio de bags personalizadas funciona, justamente, para levar a experiência da marca até a casa do cliente.

Com base nas informações obtidas com a cliente, é possível enviar os produtos mais adequados, ampliando as chances de conversão da venda.

Divulgação adequada

Com relação às estratégias de divulgação mais adequadas para o segmento feminino, três iniciativas são fundamentais:

1 – Vídeos com dicas

Tanto na área de moda como na de cosméticos, para nos concentrarmos nas que têm o público feminino como prioritário, a necessidade de uso de vídeo é latente.

Em vez de fotos ou textos descritivos, é importante investir em formatos mais atrativos para exibir os produtos e, claro, fornecer dicas de uso.

Além de proporcionar maior conexão com o público, o vídeo tem a vantagem de garantir mais segurança na hora da compra, até pela questão da identificação.

2 – Redes sociais

O público feminino está presente nas redes sociais e, mais do que isso, tem interesse em se comunicar com as marcas a partir delas.

E, conforme demonstram as pesquisas, esse apelo é ainda maior entre as mulheres, que tendem a se conectarem com as marcas nesses espaços.

Uma questão importante em relação a essas interações é a possibilidade de se reunir mais dados sobre o comportamento e as preferências das clientes.

E, pelo próprio formato das postagens, as redes sociais são propícias para os vídeos e os conteúdos que permitam explorar melhor a apresentação dos produtos.

3 – Ações no pós-venda

Confirmada a compra, o e-commerce deve voltar suas atenções para o pós-venda, fundamental para a criação de relacionamento.

Nesse caso, o foco deve estar na garantia de satisfação, até para garantir que não se trate de uma compra única.

Além de aumentar as vendas, as iniciativas no pós-venda devem ser direcionadas no sentido de fazer com que aquela consumidora torne-se, também, uma promotora da marca.

Olhar com mais cuidado para as necessidades do segmento feminino é uma estratégia que pode fazer a diferença para qualquer negócio.

Afinal, vários estudos mostram que em muitos setores elas são responsáveis por influenciar as compras, mesmo que não sejam as usuárias finais.