Você com certeza já deve ter ouvido falar das fintechs, como o Nubank e Banco Inter, e das Edtechs, como Descomplica e Agenda.Edu. Mas e sobre as Travel Techs? De acordo com o estudo da Lufthansa Innovation Lab, as empresas de viagens e tecnologia possuem um grande destaque no cenário internacional entre os maiores fundos de investimento.
A partir de agora você confere um trabalho de mapeamento sobre as principais Travel Techs do ecossistema brasileiro de turismo — da hotelaria até a mobilidade urbana!
O que são Travel Techs
“Travel techs” é o termo usado para definir empresas de tecnologia que estão buscando resolver problemas de viagens, turismo e mobilidade.
O turismo é um mercado gigante. Uma pesquisa realizada pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo — WTTC, demonstrou que a atividade turística movimentou cerca de US$ 8,8 trilhões em 2018. Esse valor representa à aproximadamente 10% de todo o PIB da economia mundial.
Ao mesmo tempo em que o mercado turístico representa uma grande fatia da economia internacional, o turismo é repleto de ineficiências, basta você lembrar o tempo que você espera no hotel para fazer check in e preencher sua ficha de registro a mão, ou como você faz reembolso das despesas de sua viagem a trabalho.
E é por trás dessas ineficiências que estão as oportunidades de negócio de centenas de empresas.
Olhando especificamente para o mercado “corporativo”, o GBTA estimou um mercado de US$ 1,3 Trilhão. Só no último ano, quase US$ 30 Bilhões foram investidos em travel techs ao redor do mundo.
Já são 45 startups de travel e mobilidade no clube dos unicórnios (acima de US$ 1 bilhão de valuation) no mundo de acordo com o Lufthansa Hub. Veja só:
Entre as travel techs de destaque no mundo, podemos listar:
- Airbnb ( + ou – US$ 26 bilhões de marketcap e perto de fazer o seu IPO);
- Oyo Rooms (US$10 bihões de marketcap – já é a segunda maior rede de hotéis do mundo );
- TripActions (Unicórnio de tecnologia focado em viagens corporativas com US$ 4 bihões em valor de mercado).
Além de outras empresas de viagens e mobilidade já consolidadas como o Booking que já vale US$ 65 bilhões e tem capital aberto em Nasdaq.
O Mercado de travel techs no Brasil
Nos últimos anos, grande parte dos holofotes no Brasil têm sido apontados para o mercado de fintechs (talvez pela grande concentração bancária e a histórica alta taxa de juros no país), mas existem dezenas de startups de turismo e mobilidade que estão se destacando por aqui, inclusive, o primeiro unicórnio verde-amarelo é uma startup de mobilidade ?.
Rapidamente, podemos destacar algumas travel techs de grande relevância no Brasil:
- 99 recém comprada pela chinesa Didi e que foi oficialmente o primeiro unicórnio brasileiro;
- A OTA Viajanet já faz R$ 1 bilhão de volume transacionado;
- A Hurb (antigo Hotel Urbano) que lidera no Brasil a parte de reservas de hotéis para Lazer, com reservas aproximadas de R$ 780 milhões;
- Maxmilhas e 123 milhas, embora os números não sejam públicos, o mercado já especula que somados já devem ultrapassar o volume de R$ 1 bilhão em volume transacionado;
- E a Buser que foi investida pelo Softbank e anunciou que irá investir R$ 300 milhões na sua expansão em 2020 e está definitivamente transformando o mercado de mobilidade intermunicipal.
O Mapa da travel techs brasileiras
Acabamos de lançar com exclusividade o primeiro mapeamento de travel techs do Brasil, foram 30 dias de levantamento de dados e esta primeira versão conta com 97 travel techs.
Critério para mapeamento
O critério principal para uma travel tech entrar no radar que criamos, é ter sido criada no Brasil, portanto empresas conhecidas como Booking (holandesa) e Decolar.com (argentina) não aparecem no mapa.
Outro critério importante, é respeitar o próprio conceito de “travel tech”, portanto além da empresa ser intensiva no uso de tecnologia ela tem que ser proprietária dos respectivos ativos de tecnologia.
Classificação e categorias das Travel Techs
As empresas foram clusterizadas em 16 categorias, que variam desde comparadores de preço de passagens como Voopter e Mundi até startups de mobilidade urbana como Kovi, 99 e Lady Driver.
Em geral, as duas categorias que mais possuem empresas são as OTAs, com 17 empresas (19,7%), com destaque para Viajanet, Maxmilhas e Hurb e soluções de mobilidade urbana como 99, Wappa e Lady Driver com 13 empresas (15,06%).
Abaixo a relação de share de travel techs brasileiras por categoria:
O caminho do dinheiro
Mapeamos também os fundos de venture capital que possuem histórico de investimentos em travel techs, enquanto lá fora grande parte do capital de risco está indo para corporate travel (com deals como TripActions que já vale US$ 4 bilhão e TravelPerk que já levantou US$ 133 milhões) e credit card expense (como a Brex que já vale US$ 2,6 bi), aqui no Brasil a área de mobilidade é a mais “sexy” entre os investidores.
Com a exceção do fundraising do Buser, quase todo dinheiro levantado foi destinado para as startups de mobilidade, segundo dados da Crunchbase a 99 captou ao todo U$ 241 milhões a Kovi levantou ano passado US$ 10 mi e recentemente a VaiCar anunciou um aporte de R$ 380 milhões.
Em termos de valor de mercado, a Smiles, que é listada na B3, é de longe uma das líderes, atualmente por causa efeito da Covid-19 ela vale “apenas” R$ 1,6bi em valor de mercado, mas há apenas 30 dias atrás ela valia aproximadamente R$ 4,6bi (chegou a valer maior que a GOL durante um bom tempo).A outra curiosidade em relação a Smiles é sua relação receita/funcionário, embora ela tenha tido uma receita de R$ 1,1bi em 2019, ela conta com um time muito enxuto de apenas 146 funcionários, o que dá o impressionante número de R$ 7,530 milhões de receita/ano por funcionário.
Sem mais, confira o mapa das travel techs no Brasil:
Você pode fazer o download do arquivo original em alta resolução aqui.