Ao contrário do que muitos pensam, começar um empreendimento nos Estados Unidos é um sonho possível. Com o planejamento correto, você pode expandir seus negócios para fora do país e explorar um mercado muito promissor. Nesse artigo, vou explicar passo a passo como fazer isso!
Mais do que alcançar o sonho americano, começar a empreender nos Estados Unidos é ter acesso a grandes oportunidades de mercado, antes disponíveis apenas a custos altos e inacessíveis para a maior parte dos negócios. Felizmente, hoje já é possível para empresas de pequeno e médio porte expandirem suas operações para o país.
Sinônimo de grandes possibilidades, o setor de e-commerce nos Estados Unidos tem crescido de forma sólida nos últimos anos. Em 2020, o total de vendas geradas por lojas virtuais no país atingiu o montante de US$787,9 bilhões. Em comparação ao ano de 2019, que acumulou um total de US$595,7 bilhões, o crescimento foi de 32,2%.
É a taxa de crescimento mais rápida nos Estados Unidos dos últimos dez anos; o segundo maior índice foi em 2011, com uma porcentagem de 17,7% em relação ao ano anterior. Desde a virada da década, em 2010, houve um aumento expressivo no segmento.
No período de dez anos, as vendas anuais em lojas virtuais se multiplicaram em mais de 4,5 vezes. Ou seja, o mercado norte-americano tem muito potencial a ser explorado e representa enormes possibilidades de negócios para empresários brasileiros. Portanto, se você ainda não pensou em tornar sua empresa internacional, é o momento de considerar dar este passo em sua jornada empreendedora.
Vantagens de começar um e-commerce nos Estados Unidos
Além de ter acesso a um mercado promissor e em constante desenvolvimento, ter uma empresa americana permite a realização de negócios globais. Os Estados Unidos são a porta de entrada para empresários que querem negociar com países do mundo todo.
Uma vez que sua logística permite a venda de produtos no país, eles podem ser enviados para onde desejar e com impostos bem menores, se comparados ao Brasil.
Ainda, nos Estados Unidos o empresário só paga impostos sobre seus lucros, diferentemente das leis brasileiras. Ou seja, gastos com contabilidade, marketing e mais todas as áreas destinadas ao desenvolvimento da sua empresa, são descontados e a taxação só é feita sobre os ganhos.
No final, o empreendedor tem menos custos e um cenário favorável para o desenvolvimento de seu negócio. Consequentemente, isso possibilita a execução de estratégias para que a empresa saia na frente da concorrência. Um exemplo é a oferta de preços mais competitivos, possível devido aos gastos reduzidos.
Além disso, você passa a negociar e vender em dólar, e não fica sujeito às variações do mercado e moeda local do seu país.
Marketplaces nos Estados Unidos
Outra grande vantagem de atuar no mercado norte-americano é a oportunidade de fazer parte de marketplaces com muita visibilidade e um enorme potencial de vendas. Dois exemplos importantes são a Amazon e o Wayfair.
Com o título de maior varejista eletrônico dos Estados Unidos, a Amazon atrai a atenção de vendedores e é, naturalmente, a escolha de muitos empreendedores como canal de vendas.
Em 2020, os vendedores da Amazon geraram um total de US$300 bilhões em vendas, montante que representa um aumento de US$100 bilhões, se comparado ao ano anterior. Já o volume total bruto de mercadorias (GMV), incluindo as vendas da própria Amazon, foi de quase US$490 milhões. A estimativa foi feita pela Marketplace Pulse, com base em dados divulgados pela empresa.
Enquanto isso, o Wayfair é responsável pela venda de grande parte dos móveis no país, um segmento de mercado aquecido. Para 2021, a estimativa é que os gastos dos consumidores norte-americanos em móveis e roupas de cama chegue a US$119,8 bilhões, número 5% maior se comparado ao ano de 2019.
Ou seja, o mercado de móveis pode ser uma ótima opção para aqueles que desejam empreender no país.
Além de estar em plataformas com muita visibilidade, anunciar em marketplaces permite que você teste a popularidade dos seus produtos sem necessariamente desenvolver seu próprio e-commerce. O cadastro para vendedores na Amazon e Wayfair é simples e pode ser feito online e concluído em poucos dias.
Mas, caso você prefira ter um e-commerce próprio, é possível contar com ferramentas como Shopify e VTEX — que têm atendimento em português e a documentação pode ser enviada também em português. Com elas, você terá acesso a todas as funcionalidades necessárias para sua loja virtual.
Principais dúvidas
Agora que você já entendeu melhor as oportunidades que os Estados Unidos trazem, é provável que esteja com uma série de dúvidas sobre o processo de abertura da empresa. Por isso, vamos esclarecer as principais delas, que despertam a curiosidade e preocupação dos empreendedores.
É preciso estar nos Estados Unidos para abrir minha empresa?
Antes de tudo é importante dizer que não é necessário estar no país para fazer a abertura da sua empresa. Todo o processo pode ser feito de maneira remota.
Em quanto tempo o processo é concluído?
Durante a pandemia da Covid-19, o tempo estimado é 45 a 60 dias. Um pouco mais alto do que o prazo anterior: de 15 a 20 dias.
Preciso de um visto?
Caso você opte por fazer todo o processo remotamente, não será necessário o visto, basta ter um passaporte válido.
Qual o valor investido?
O valor varia de acordo com o segmento e estado escolhido para começar seu negócio. Existem empresas que realizam o processo de abertura com valores que começam em US$499,00.
Precisarei de licenças específicas para poder importar meus produtos?
De forma geral, todas as empresas estão aptas a importar e exportar produtos nos EUA. Algumas categorias podem exigir licenças especiais, como FDA (Food and Drug Administration). Porém, não é necessário possuir, por exemplo, um RADAR (Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros), como no Brasil.
Preciso ter funcionários morando nos EUA ou me mudar para lá?
Não, de forma alguma. É possível terceirizar toda sua operação sem precisar fazer investimentos em infraestrutura (entenda melhor no último tópico do artigo).
Preciso ser fluente em inglês?
Há empresas que oferecem suporte contábil, fiscal e logístico para sua operação com atendimento especializado em português. Já para o atendimento ao cliente e criação de anúncios, por exemplo, há diversos profissionais especializados que podem terceirizar estes processos para você
6 primeiros passos para abrir sua empresa
Se você já decidiu que é o momento de iniciar sua empresa em solo americano, agora é o momento de entender a parte prática. Ou seja, quais os primeiros passos da sua jornada empreendedora.
O início do processo se assemelha a abertura de uma empresa no Brasil: escolha de um nome, definição do tipo de empresa, documentação e por aí vai. Confira os seis passos iniciais para tornar seu negócio legal nos Estados Unidos.
1 – Escolha de um nome para sua empresa
Momento de usar a criatividade e escolher um nome para seu negócio. É importante conferir no site do estado escolhido se já existe alguma outra empresa com o nome que você deseja usar.
Há também a possibilidade de usar um nome fantasia, como no Brasil, conhecido como DBA, ou Doing Business As (Fazendo Negócio Como) nos Estados Unidos.
2 – Defina a categoria – LLC ou C CORP
Essa é uma das principais dúvidas dos empresários. Você pode optar pela LLC ou C CORP neste momento. Para fazer um paralelo com os tipos de empresa disponíveis no Brasil, as duas modalidades são semelhantes aos modelos S/A e Limitada, respectivamente.
A LLC protege o patrimônio do dono do negócio, caso exista algum prejuízo a nível empresarial. Com ela, não é necessário pagar impostos como empresa. Ou seja, os lucros são distribuídos integralmente aos sócios no final do ano fiscal. Esses, por sua vez, fazem a declaração e pagamentos necessários como pessoa física.
Já a C CORP (Corporation), diferentemente da LLC, permite que a empresa receba investimentos e venda ações e ao final do ano, não há a necessidade de distribuir todo o lucro entre os sócios. A desvantagem é que você terá uma dupla tributação: pagamento de impostos, inicialmente, a nível corporativo, referente ao lucro líquido da empresa. Em seguida, um novo pagamento, quando os lucros são distribuídos aos acionistas.
3 – Definir um endereço virtual
Será necessário ter um endereço para sua empresa. Para isso, é possível usar um endereço virtual, serviço que pode ser contratado sem dificuldades.
Dessa forma, será possível receber correspondências americanas importantes e a empresa responsável fica a cargo de enviá-las para seu e-mail.
4 – Escolher o estado em que deseja operar
Muitos empreendedores optam pela Flórida, pois além de ser um país amigável aos brasileiros, com altas temperaturas durante o verão, é um polo logístico para e-commerces. O estado concentra grande parte dos warehouses (depósitos) responsáveis pelo armazenamento e distribuição de mercadorias.
Apesar disso, Delaware tem uma série de pontos positivos e pode ser uma boa opção para você. O importante é analisar as particularidades de ambos para entender qual deles se encaixa melhor em sua necessidade.
Na Flórida, por exemplo, há isenção de Imposto de Renda Estadual para membros de uma LLC, enquanto C CORP tem uma taxação de 4,5%. Já em Delaware, há isenção de Imposto de Renda Estadual para empresas LLC e C CORP que não possuem operações físicas no estado.
5 – Preparar documentos necessários
Para iniciar suas operações será preciso solicitar o EIN (Federal Employer Identification Number), um número fornecido pelo Departamento de Receita do Governo Federal Americano – IRS (Internal Revenue Service). Com ele, você pode registrar todas as transações realizadas pela empresa e garantir que os impostos sejam pagos adequadamente.
6 – Abrir conta em um banco americano
Por último, você deve abrir uma conta em um banco americano para realizar as transações da sua empresa. Todas as movimentações devem ser realizadas por meio dela.
Como viabilizar minha logística nos Estados Unidos estando no Brasil?
Se você já trabalha na área de e-commerce, deve conhecer o termo fulfillment. Em outras palavras, é a operação logística para viabilizar a entrega dos produtos comprados em uma loja online.
Empreendedores que começam suas operações nos Estados Unidos estando no Brasil, podem contar com parceiros que são responsáveis pelo envio das suas mercadorias aos clientes finais. Eles são responsáveis por organizar seu estoque no warehouse (ou depósito), separar, embalar e enviar. Esse modelo é chamado de 3PL ou Third-Party Logistics.
Para apoiar todo o procedimento, um software faz a integração entre todas as etapas. Neste caso, permite que o responsável pelo e-commerce faça a gestão e controle de tudo o que está acontecendo em sua operação, mesmo à distância.
Ou seja, manter uma operação completa de e-commerce nos Estados Unidos é possível e todo o processo pode ser concluído em pouco mais de um mês. Com o planejamento correto e o apoio de empresas parceiras especializadas, seu negócio terá alcance internacional e você poderá colher os frutos de ser um empreendedor em solo americano!