Logo E-Commerce Brasil

“A Black Friday ajudou o consumidor brasileiro a se letrar em e-commerce”, explicam especialistas do Google

Por: Júlia Rondinelli

Editora-chefe da redação do E-Commerce Brasil

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero e especialização em arte, literatura e filosofia pela PUC-RS. Atua no mercado digital desde 2018 com produção técnica de conteúdo e fomento à educação profissional do setor. Além do portal, é editora-chefe da revista E-Commerce Brasil.

Ver página do autor

Em coletiva realizada para a imprensa nesta quinta-feira, o Google Brasil mostrou que, apesar de novembro ter se tornado um mês inteiro de promoções, quinta e sexta-feira de Black Friday continuam sendo o auge das vendas no comércio eletrônico. 

Escritório do Google Brasil, em São Paulo

De acordo com a Raíssa Coppola, gerente de comunicação do Google Brasil, a data teve um papel de grande relevância no letramento dos consumidores sobre as compras online ao longo destes 15 anos de promoções no Brasil. 

Gleidys Salvanha, diretora geral de varejo e tech completa que tanto lojistas quanto consumidores finais se mostram adeptos de novas tecnologias e soluções de IA para terem uma melhor experiência nas compras. De acordo com a executiva, 10% dos consumidores já usam a IA do Google para comprar online.

Ela acredita que o letramento digital dos consumidores é um dos fatores decisivos para a compra, assim como o avanço expressivo da adoção tecnológica e maior segurança no uso da inteligência artificial. 

“Todos os clientes que já estão embarcados nas ferramentas de IA do Google revelam bons resultados para o varejo”, ela explica. 

“Mesmo com as promoções antecipadas ao longo do ano, como as double dates, a Black Friday continua sendo a grande data do varejo, sendo o 11.11 um ‘esquenta’ para a data”, completa. 

De acordo com Natália Gruber, especialista de dados e estratégias do Google Brasil, as três pesquisas anuais do Google sobre a Black Friday têm um papel fundamental na percepção de valor da data. Além disso, demonstram uma relação mais realista dos consumidores com as compras online. 

Natália Gruber, especialista de dados e estratégias do Google Brasil

Os dados dos últimos levantamentos mostram que 60% dos brasileiros estão interessados em comprar e 40% em comprar mais itens do que em 2024. 

Além disso, até então as regiões Norte e Sul puxaram mais as intenções de compra especificamente para a Black Friday, mas, paralelamente, são as duas que estiveram menos envolvidas nas compras de datas duplas ao longo de 2025. 

Enquanto o Sudeste, que comprou mais nas demais promoções, passou a se interessar mais pela Black Friday apenas a partir de outubro, com a proximidade da data.

“A pesquisa demonstra um comportamento consciente e mais previsível do consumidor, o que aponta para uma maturidade digital do brasileiro”, ela completa, concordando com o que as demais especialistas já haviam explicado. 

Compra para o ‘eu’

“As categorias mais queridinhas da black friday mostram consumo pessoal, algo para ela mesma”, explica a executiva. 

Entre elas, nos últimos anos é possível ver o avanço de compras para segmentos pouco explorados, como cursos de graduação e pós-graduação, com 66% das intenções de compra em 2025.

As duas primeiras categorias de mais comprados são aparelhos celulares e perfumes (ambos com 77% das intenções de compra). 

De forma exclusiva, o Google divulgou as 10 categorias mais buscadas na plataforma durante o aquecimento de Black Friday:

  • Moda
  • Casa e Construção
  • Automotivo
  • Perfumaria
  • Informática
  • Móveis
  • Esportes e Lazer
  • Eletrodomésticos
  • Telegonia
  • Papelaria

Do planejamento ao pragmatismo

Meses antes da Black Friday, o consumidor estava mais propenso a passar as compras no Pix, porém, com a proximidade da data, os consumidores percebem a necessidade de usar o cartão e apelar para o parcelamento. 

Além disso, as categorias também demonstram planejamentos diferentes. Algumas começam com meses antes, principalmente as de maior ticket médio, contra as pesquisas que acontecem a partir de novembro, que demonstram mais lazer, como viagens e games. 

Para Gruber, o consumidor sabe exatamente o que quer comprar devido às pesquisas prévias, conseguindo identificar vantagens em realizar a compra no ‘esquenta’ da Black Friday ou durante o Single’s Days, o 11.11. Segundo ela, essa consciência em identificar promoções garante vendas elevadas durante todo o mês de novembro. 

Boletins a cada 24 horas

Com a proximidade da data, os boletins 24 horas de pesquisa mostram outros comportamentos que contrastam com as intenções de compra até aqui. “Vale ressaltar que essas categorias mudam muito de um dia para o outro, de acordo com o interesse de compra e hora do dia”, ressalta Coppola. 

No dia 25 de novembro, o destaque para a categoria de Bebidas foi a que teve maior crescimento do dia em cliques, mas Moda foi a com maior volume de cliques. 

As executivas destacam a relevância contínua de eletrodomésticos, esporte e lazer e perfumaria. 

“Entre hoje e amanhã fica evidente os picos de busca para as categorias mais aguardadas”, explica Gruber. 

Pesquisas mais complexas

De acordo com André Silva, gerente de engenharia e ciência de dados do Google Brasil, ter um time que passa boa parte do ano antecipando as necessidades da Black Friday também faz a diferença na hora de garantir vendas melhores. Além dos consumidores mais letrados, a tecnologia muda todos os dias para acomodá-los. 

“Nosso objetivo é compreender a intenção de consumo e levar isso para que os lojistas consigam capturar as oportunidades durante a Black Friday”, ele explica. Isso porque hoje a empresa conta com um quartel general de análise de dados que acompanha sem parar tendências e auxiliar lojistas do Brasil inteiro a usarem as ferramentas do Google para vender mais. 

Ele e Fátima Falcão, head de indústria e varejo do Google Brasil, explicaram que as palavras-chave ainda são muito relevantes nas buscas dos consumidores. No entanto, hoje as pessoas realizam muitas pesquisas por produtos a partir da IA, ou seja, com imagens, frases longas e por áudio, o que muda o papel do buscador em interpretar as tendências. 

“A ferramenta precisa sair da análise do produto para a análise do produto atrelado à necessidade”, argumenta Falcão.  

O Google usa o IA Max para compreender as buscas com esse nível de detalhe.

“Se antes o consumidor procurava por um tapete cinza, hoje ele pede que a IA encontre um tapete cinza para uma casa com criança e cachorro, com muito movimento e que precise ser resistente e seguro”, expõe a executiva. 

No cenário de vendas, a IA do Google propõe insights, mas tudo é revisado antes das proposições serem passadas para os lojistas. Segundo Silva, a entrega traduzida auxilia o vendedor a fazer uma leitura mais clara do mercado e do segmento, com mais personalização e chance de sucesso nas vendas.