Com quase quatro meses em vigor, o Pix está ganhando força no e-commerce, mas ainda em ritmo lento, se comparado a outros meios de pagamento, segundo estudo encomendado pela IDid, plataforma de autenticação de pagamentos, e realizado pela GMattos, consultoria focada em e-commerce e meios de pagamento.
O estudo foi realizado entre 11 e 16 de janeiro, mas ainda reflete o momento atual, segundo a consultoria. Ao analisar 60 dos maiores players de vendas online de diversos segmentos, o levantamento constatou que o cartão de crédito é ainda o meio de pagamento mais aceito pelos lojistas, com 98,3%, seguido pelo boleto bancário, com 75%. Em terceiro lugar, estão as carteiras digitais, ou wallets, com 50% e, em quarto, o débito, com 38,3% (somando o método por bandeira e banco).
Apenas 16,7% dos estabelecimentos avaliados oferecem o Pix como forma de pagamento, menos da metade do percentual de aceitação do débito. Esse grupo é formado por 10 lojas, sendo três lojas de departamentos, duas companhias aéreas, duas lojas de moda, uma de alimentação (bebida), uma no segmento pets e uma de utensílios eletrônicos. Do lado oposto, apenas 1 dentre as 60 lojas analisadas, não aceitava cartões de crédito. Mesmo assim, a modalidade poderia ser usada pelo cliente, através do Paypal.
Dificuldades do Pix no e-commerce
De acordo com reportagem do Valor Econômico, além da falta de um modelo de precificação transparente para utilização desse arranjo para os lojistas de modo geral, justamente o fato de a transação acontecer de forma instantânea, o que poderia ser uma vantagem para a liquidação rápida da venda, encontra dificuldades no e-commerce.
Esse segmento depende da confirmação de disponibilidade de estoque, como também uma análise de risco antes da confirmação do pagamento e comprometimento da conta do cliente. No cartão de crédito, isso é possível por meio de uma plataforma tecnológica de autorização padronizada e que ocorre em duas fases: pré autorização e captura.
Gastão Mattos e Marcelo de Oliveira, respectivamente, líder da IDid e head de Inovação de Produtos da IDid, explicaram à publicação que não existe este padrão no Pix e já ocorreu de o consumidor finalizar o pagamento via esse novo sistema, mas a loja não ter o produto do estoque e ter que devolver esse dinheiro ao cliente, correndo o risco de perder a venda.
É possível devolver uma transação via Pix. Segundo o Banco Central, o pagador poderá negociar com o recebedor a devolução do valor pago. A devolução é uma funcionalidade disponível no Pix e é sempre iniciada pelo próprio recebedor. Entre pessoas, o processo é simples, mas entre empresa e pessoa, pode ser mais complexo. Não é funcional como se fosse como um pagamento via cartão de crédito.
Boletos ainda são preferência
Ainda conforme o estudo, os boletos, embora sejam um meio de pagamento considerado arcaico, conseguem ter 75% da preferência. O levantamento explica a utilização por se tratar de um meio muito conhecido no mercado local, e com capacidade de inclusão de todos os consumidores, mesmo aqueles não bancarizados ou sem cartões de crédito.
Os pesquisadores se impressionaram também com a penetração das carteiras digitais (50%). Embora não exista um histórico para comparações, a conclusão do trabalho é que este meio de pagamento cresceu na preferência do consumidor, em função da pandemia, por sua comodidade e característica de operação contactless (pagamento por aproximação) no mundo físico.
“Na wallet, é possível fazer uma compra rápida. Não precisa ficar colocando todos os dados do cartão, por exemplo. É uma proposta de valor rápida e simples”, apontou Mattos na reportagem.
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Fonte: Valor Investe