Como já é sabido, a pandemia transformou o mercado como um todo, inclusive o de agronegócio. Há pouco tempo era difícil imaginar este setor utilizando-se de tecnologias digitais de ponta, uma vez que em muitas das regiões sequer a internet estava presente. Porém, Maria Pilar Varela Sepúlveda, diretora de transformação digital da AgroGalaxy, mostra que isto não é só uma realidade, como está em constante evolução. “Hoje, grande parte do produtor brasileiro já prefere fazer o relacionamento e as aquisições via canal digital. Digo isso porque os benefícios dessa digitalização estão cada vez mais evidentes, tanto em relação ao planejamento quanto à produção”. Confira a seguir como a plataforma de varejo B2B evoluiu conectando agricultores a um universo de insumos e serviços agrícolas!
Leia também: Os principais desafios para implementar e-commerce na indústria
No Fórum Indústria Digital 2021, Sepúlveda comparou a distribuição digital dos produtos agrícolas como uma rede de farmácias: “O vendedor técnico do agronegócio é como um farmacêutico. Entretanto, nesse caso ele entende de plantas, de solo… Portanto, são mais de 450 consultores atendendo mais de 19 mil clientes diariamente”, afirmou Sepúlveda. Além desse conhecimento técnico, os consultores ainda têm um outro desafio: dialogar com a simplicidade que existe no campo. “Focamos na comunicação humana, simples e direta. Afinal, o nosso cliente não busca comprar o produto, mas sim o aumento da produtividade do seu negócio utilizando-se da mesma extensão de plantio”, explicou.
O novo produtor rural brasileiro
Durante sua apresentação, Sepúlveda enalteceu a liderança dos produtores brasileiros frente a mercados como o americano e o europeu, inclusive com dados da pesquisadora McKinsey. “No levantamento, ficou claro que o produtor brasileiro aderiu ao canal de vendas online, tanto para aquisições como relacionamento”. Segundo ela, o consumidor do agronegócio percebeu as vantagens da integração digital. Afinal, o sistema digitalizado o auxilia em pontos como planejamento, preparo do solo em relação ao produto adquirido, suporte agronômico… “Tanto a cotação como a recompra no digital não para de crescer, o que prova que estamos no caminho certo da digitalização do agronegócio”, disse.
Leia também: Com pandemia, e-commerce mais que dobra e já chega a 21% das vendas
Com os sistemas oferecidos pela AgroGalaxy, o consumidor tem a oportunidade de prover serviços e ferramentas, assim como informações que o ajudam a tomar decisões no campo. “Por mais que o campo seja tecnológico ‘na ponta’, a tecnologia da jornada do produtor, do relacionamento, ficou de lado por muito tempo. Agora é o momento de estabelecer esse contato íntimo e instruí-lo a se relacionar com a revenda de forma digitalizada”.
A evolução do digital no agronegócio
Como observado no começo, a pandemia foi um ponto de virada na digitalização do agronegócio. Entre as principais ferramentas adotadas para isso, Sepúlveda destaca o uso do WhatsApp. “Criamos uma chatbot (conhecida por Gi) de forma corporativa, que personificou e trouxe consultoria ao especialista de vendas”. Neste caso, a atendente virtual envia informações como atualização de pedidos. Porém, ela também auxilia aos clientes em relação à informação de produtos que fazem sentido para o período — uma maneira de “calendarizar” os pedidos para compras futuras.
Segundo a executiva, isso ajudou muito na agilidade do faturamento, assim como na gestão de estoque, automatização e evolução do roadmap com demand center (que também conta com um chatbot). “Evoluímos muito na digitalização do negócio interno. Criamos, por exemplo, uma estrutura de Data Analytics para apoiar neste trabalho”. Em dezembro passado a empresa lançou o App do Produtor, que traz dados que estavam dentro do ERP (informações de crédito, faturamentos, atividade de campo, questão de agronomia de precisão com imagens de satélite, informações de produtividade, entre outros).
Apesar dos esforços, Sepúlveda reconhece alguns pontos do Agronegócio que ainda precisam de atenção. “O agronegócio é carente de talentos digitais que hoje se encontram em outros setores. Além disso, o campo necessita de uma melhor cobertura de sinal de internet se o objetivo for o crescimento do setor. Crescemos muito neste segmento porque fizemos o mapeamento das regiões com nosso time de inteligência de dados. Quando houver investimento em sinais 4G e 5G certamente o agronegócio se transformará por completo”.
Por Giuliano Gonçalves, da redação do E-Commerce Brasil