Na última semana de outubro, o Hotel Unique, em São Paulo, recebeu o Congresso Digitalização do Varejo 2023, que trouxe João Maldonado, Product Manager da BRF S.A. – uma das maiores empresas de alimento do mundo, em um complexo formado por mais de 30 marcas – com representantes de diversos setores do varejo, todos reunidos pelo mesmo objetivo: entender os principais desafios da construção da jornada D2C omnichannel para a indústria de alimentos.

Para se ter uma ideia, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), a indústria brasileira de alimentos e bebidas representa 10,8% do PIB brasileiro e gera 1,8 milhão de empregos formais e diretos. E os números não acabam por aí: 58% da produção agropecuária é processada por esta indústria que contribui, ainda, em mais de 80% para o saldo total da balança comercial do Brasil.
Para João Maldonado, representante da empresa dona de nomes como Sadia, Perdigão, Qualy, Claybom e outras tantas marcas presentes no dia a dia do brasileiro, a pandemia veio como impulso importante para a inovação em uma categoria difícil como a de alimentos. “Foi necessária uma quebra de paradigmas, construir uma visão de startup para a Indústria”, disse. Em 6 meses, a BRF foi “do zero” para o D2C.
A BRF conta com mais de 500 mil entregas por mês, 300 mil clientes, atua em mais de 120 países (do Brasil a Hong Kong), e na pandemia se viu diante do desafio de estar ainda mais próximo do consumidor. Este por sua vez, também sofreu mudanças em suas prioridades e expectativas relacionadas ao consumo.
Como obter sucesso em um contexto de tamanha complexidade? Para Maldonado, o segredo está na “clareza de objetivos, disciplina nos processos e suporte na execução”, afirmou, “com engajamento também de líderes”, uma vez que “a jornada D2C pode demandar investimento”.
Construindo a jornada D2C omnichannel no setor
Se 9 em cada 10 brasileiros consomem a BRF, é porque, mesmo diante dos desafios da pandemia e do isolamento social, a indústria conseguiu encontrar formas de estar cada vez mais perto do consumidor. Como disse João Maldonado, foi algo como “eu sou indústria e eu quero varejar!” E para “varejar”, foi preciso enfrentar desafios em tecnologia, integração, sistemas, além de operação e logística. “O modelo D2C demanda flexibilidade”, reforçou Maldonado.
Hoje, o objetivo da BRF é ser uma operação D2C rentável, integrada e eficiente de alimentos congelados e resfriados. “Mas mais do que agir e reagir, é preciso saber para onde ir”, disse João às dezenas de pessoas presentes no evento.
Para alcançar o seu objetivo principal, a BRF teve que:
– Aumentar o mix de produtos para não concorrer com o mercado de distribuição;
– Entrar nos principais marketplaces;
– Garantir eficiência logística em diferentes modelos (entrega agendada, express ou retirada).
Ou seja, a transformação foi complexa, mesmo que realizada em pouco tempo.
Depois de enfrentar a jornada de desenvolvimento e implantação do D2C em plena pandemia, fundando o Mercato em Casa (e-commerce) e o Mercato Sadia (lojas físicas), “a BRF avançou 5 anos em 1 ano meio”, apontou João, reforçando a importância da inovação constante e da proximidade com o cliente final.
Esse texto foi escrito por Itala Assayag em cobertura especial para o Congresso Digitalização do Varejo 2023.
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