A China anunciou nesta segunda-feira (5) que investigará outras duas empresas do país que têm cotação em Bolsas de valores nos Estados Unidos, um dia depois de proibir o acesso do grupo Didi, gigante do setor de transporte, às lojas de aplicativos.
Há quase um ano, as autoridades iniciaram uma ofensiva regulatória contra as grandes empresas de internet na China para tentar frear sua influência.
As medidas mais recentes afetam duas empresas que acabaram de entrar na Bolsa, Full Truck Alliance — uma fusão das plataformas de transporte Yunmanman e Huochebang — e Kanzhun, proprietária da plataforma de busca de emprego Boss Zhipin.
As três plataformas receberam uma ordem para suspender o registro de novos usuários durante o período de investigação, com o objetivo de “evitar riscos para a segurança dos dados nacionais, salvaguardar a segurança nacional e proteger o interesse público”, afirmou a agência que administra o ciberespaço do país.
Poucas horas antes, o organismo de controle havia ordenado a retirada do Didi das lojas de aplicativos por uma investigação similar.
A medida é um revés para os planos de crescimento da empresa, que na semana passada entrou na Bolsa de Nova York e arrecadou mais de US$ 4,4 bilhões.
Didi, o “Uber chinês”, tem quase 500 milhões de clientes e 15 milhões de motoristas.
A agência emitiu a ordem depois que investigações revelaram que a coleta e uso de dados de usuários constituíam uma “violação grave” das leis.
A medida foi elogiada pela imprensa estatal.
“Não devemos permitir que nenhum gigante da internet se transforme em uma superbase de dados com informações pessoais dos chineses, inclusive mais detalhada que a do Estado, muito menos dar às empresas o direito de utilizar os dados como bem entendem”, afirmou o jornal Global Times.
No ano passado, as autoridades chinesas suspenderam a entrada na Bolsa do Ant Group, a filial financeira do Alibaba, e depois iniciaram uma investigação antimonopólio sobre a empresa de tecnologia.
Didi diz que suspensão pode afetar receita
A empresa chinesa de transporte urbano por aplicativo Didi Global disse que uma decisão do regulador do país para que seu aplicativo fosse removido das lojas de aplicativos na China poderia prejudicar a receita.
A ordem de retirada de domingo da Administração do Ciberespaço da China (CAC) ocorre apenas dois dias após o regulador anunciar uma investigação sobre a Didi e menos de uma semana depois de sua estreia na Bolsa de Valores de Nova York.
A Didi disse à Reuters que não sabia antes da oferta pública inicial (IPO) nos Estados Unidos que a agência reguladora lançaria uma investigação de segurança cibernética ou ordenaria a suspensão na China de novos registros de usuários e de downloads de aplicativos.
“A empresa espera que a remoção do aplicativo possa ter um impacto adverso em sua receita na China”, disse a Didi em um comunicado, mas não entrou em detalhes sobre a extensão potencial do impacto.
Analistas disseram não esperar um grande impacto nos lucros, já que a base de usuários da Didi na China é grande. A remoção do aplicativo não afeta os usuários existentes.
A Didi, que coleta uma grande quantidade de dados de mobilidade para pesquisa de tecnologia e análise de tráfego, também disse que se esforçará para corrigir quaisquer problemas e protegerá a privacidade dos usuários e a segurança dos dados.
A ação do órgão chinês também ocorre em meio a um aperto regulatório generalizado sobre as empresas de tecnologia chinesas, que começou com o cancelamento do IPO de US$ 37 bilhões planejado pela Ant Group.
Grande parte da blitz regulatória da China tem sido feita por seu órgão antitruste e a ordem contra a Didi representa uma das ações mais importantes da agência desde sua fundação em 2014, sugerindo uma ênfase crescente na segurança de dados para empresas listadas nos EUA.
Leia também: 99 passa a aceitar pedidos de corridas pelo WhatsApp
Fontes: AFP, via Exame, e Reuters, via 6 Minutos