A suposição de que o coronavírus, o distanciamento social e a permanência em casa impulsionarão o comércio eletrônico é amplamente aceita pelos especialistas em marketing digital. No entanto, descobertas iniciais no mercado americano sugerem que a realidade será um pouco mais complicada. Embora as compras no e-commerce possam se beneficiar no curto prazo, os problemas da cadeia de suprimentos e a demanda incerta do consumidor podem atenuar as perspectivas do comércio eletrônico.
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Evidência inicial do aumento das vendas online
Dados preliminares da Quantum Metric mostram que o comércio eletrônico nos EUA, em comparação às lojas físicas, registrou um aumento médio na taxa de crescimento receita semanal de 52% em relação ao mesmo período de 2019. Na mesma comparação, considerou um aumento de 8,8% nas taxas de conversão. As conclusões da empresa baseiam-se em mais de 5 bilhões de visitas a sites de revendedores — incluindo acesso mobile — entre 1º de janeiro e 29 de fevereiro de 2020.
No quarto trimestre de 2019, de acordo com dados do governo dos EUA, as vendas online representavam 11,4% do gasto total no varejo. Este ano, o comércio eletrônico deverá atingir 12% ou mais, dependendo de como o coronavírus e seu impacto na economia se desenvolvam.
Pressão também no e-commerce
Um cenário otimista argumenta que os consumidores mudarão cada vez mais para compras online. Nesse caso, os maiores beneficiários seriam empresas como a Amazon, serviços de entregas e divisões online dos principais varejistas. Em contrapartida, evitarão cada vez mais locais públicos, como por exemplo Target e Walmart. De fato, o tráfego de pedestres nos shoppings diminuiu. Mas, problemas na cadeia de suprimentos, escassez de produtos e demanda potencialmente em declínio do consumidor também podem diminuir o crescimento do comércio eletrônico — caso a economia vacile ou entre em recessão.
Perspectivas mistas e incerteza entre os varejistas
Uma pesquisa com 304 varejistas, conduzida pelo Digital Commerce 360, encontrou muita confusão, incerteza e uma perspectiva muito mista entre os varejistas. Uma minoria considerável (38%) espera que as vendas do comércio eletrônico subam um pouco ou significativamente por causa do coronavírus. No entanto, a maioria antecipa que suas vendas de e-commerce serão estáveis ou diminuirão.
A pesquisa, entretanto, expressa preocupações de varejistas sobre a cadeia de suprimentos e a demanda do consumidor. Questionados sobre o que estão fazendo para responder ao coronavírus, 20% disseram que estão “tomando uma ação agressiva”, 44% disseram que estão “tomando alguma ação” com o que há por vir, e os 36% restantes estão “aguardando” para uma melhor abordagem.
Por que a preocupação?
Em um relatório recente, a Nielsen projetou um crescimento significativo das “famílias omnichannel” dos EUA nos próximos cinco anos. Enquanto os varejistas costumam ver o mundo através de uma lente bifurcada (online versus offline), os consumidores são “omnichannel” há muito tempo: usando a Internet para tomar decisões de compra offline. Hoje, eles geralmente se importam menos com o canal específico — embora prefiram retornos locais — do que com comodidade, preço e serviço.
Embora tenhamos que esperar e ver quanto choque o coronavírus causará à economia, este não é um momento de hesitação ou uma abordagem de “esperar para ver”. Os varejistas precisarão utilizar (e alavancar) todos os seus ativos para estimular e sustentar a demanda dos consumidores.
Via Marketing Land