Nesta quinta-feira (11), a edição 2024 do VTEX Day abriu suas portas para receber cerca de 20 mil pessoas interessadas em trocar conhecimentos sobre as principais tendências do comércio digital brasileiro. Um dos temas mais debatidos é como a ascensão das redes sociais transformou o varejo, e consumidores têm exigido conteúdos cada vez mais autênticos e conectados com os propósitos das marcas. Para falar sobre o tema, o painel mediado por Marcela Garcia da VTEX contou com a participação de Daniela Okuma, TikTok GM Global Business e Bruna Buás, Diretora de Marketing.
O valor da informação
Para Daniela Okuma, conteúdo é informação, o que é algo muito valioso e as marcas precisam usar de maneira estratégica. Não é preciso oferecer o conteúdo sempre com uma abordagem promocional, as marcas podem usar suas informações apenas para chamar atenção para elas próprias. Nas redes sociais, existe uma variedade de jeitos de anunciar sua marca, os varejistas podem trazer uma variação dos produtos, contar um pouco da própria história e assim educar as pessoas.
Nesse sentido, o marketing de conteúdo precisa estar integrado às outras ferramentas, defendeu Bruna Buás. Para ela, o uso da estratégia deve fazer sentido para a marca, acrescentando que, hoje em dia, há uma tendência de enxergar poder nas comunidades, o que cria uma relação de valor. “Antes, as pessoas confiavam mais nas instituições e agora confiam mais nas pessoas que acompanham e produzem conteúdo”, destacou.
O conteúdo produzido pela própria comunidade é o que traz autoridade para as marcas, mas tudo depende do estágio que ela se encontra. Como ex-Ambev, Bruna citou o case da Becks, que, mesmo sendo famosa mundialmente, ainda não fazia sucesso no Brasil. A marca criou autoridade através do investimento em merchandising e em seguida investiu em conteúdo.
Canais e jornadas de compra
O abandono da linearidade no comportamento na jornada do consumidor, levou as marcas a investirem novas formas de contato. Sobre o tema, Daniele chamou atenção para a demanda de vídeos curtos dentro do TikTok, destacando que o consumidor procura o realismo que os vídeos trazem e as marcas precisam captar essa tendência.
Muitas jornadas de compra começam dentro do TikTok, “estamos transformando cultura, comportamento e consumo” enfatizou. Há um ciclo infinito de compras e análises que trazem um movimento de “cognitive commerce”, a própria comunidade e o criador estão no centro – não o influenciador, mas o próprio consumidor que faz conteúdo sobre, as pessoas reais que compram o produto e mostram a facilidade e benefícios dele.
Em uma pesquisa interna, o TikTok descobriu que 3 de 4 pessoas já comparam um produto que viram na plataforma. Daniele comentou que além de usar os vídeos curtos para projeção, eles também funcionam na construção da comunidade. É necessário trazer autenticidade, “é menos sobre filtro e mais sobre a vida como ela é”, complementou.
Live shopping e a “realidade”
Durante o painel, o Live Shopping foi sugerido como uma aposta para construção dessa comunidade. O modelo, surgido na China em 2015, apenas fez sucesso no Brasil com a pandemia e se destacou pelo engajamento causado. As marcas podem adotar o modelo para entender qual o melhor caminho dentro do próprio negócio, seja para:
- Escalar vendas (concentração de consumidores no mesmo lugar para ouvir e entender sobre o produto);
- Humanizar os negócios (oportunidades de criar conexões e credibilidade na hora da compra).
Embora muitas vezes não apresente resultados na hora, a live pode despertar o interesse e procura pelo produto, criando uma forma de se comunicar com o consumidor. Numa live de perfumes, por exemplo, o consumidor não sente o cheiro, mas confia naquela pessoa que está apresentando e acaba comprando por conta disso.
A executiva também apontou que a criação de conteúdo entrou numa tendência de “reality”, despertando a paixão do público pelo processo e um maior interesse pela construção de venda. A vida das pessoas e como foi construída a relação com aquilo que está sendo vendido tem um alto poder de conversão, mas também causa interesse. O público se interessa por isso.
Conteúdo com propósito
Para ambas, a criação de conteúdo deve se basear em testes, e o primeiro passo é entender qual o papel disso para cada tipo de negócio. Pensar em qual comunidade seu negócio está tentando impactar tem que fazer sentido, assim como estar conectado aos valores contemporâneos como o senso de comunidade, construindo um valor emocional que se traduz em benefícios para aqueles que acompanham o que é produzido, criando uma grande corrente de confiança e propósito.
Para finalizar, Daniela deu a dica valiosa de usar os “três erres” para começar uma campanha:
- Ritmo (organização de conteúdo na plataforma, trilha sonora, narração);
- Rima (manter a atenção do usuário a todo momento no seu vídeo, ter boas edições e cortes);
- Razão (o proposito do conteúdo).