De origem humilde, da Vila Santo Antônio, no Guarujá, litoral de São Paulo, Konrad Dantas sempre acreditou na potência dos estudos. E, de certa forma, isso o ajudou chegar onde chegou. Ele também acreditou que poderia ser rapper. “[O que] graças a Deus deu errado”, brinca. “Porque eu era um rapper ruim. Mas foi essa experiência que me deu bagagem para fazer tudo o que eu posso fazer hoje por um talento da periferia”, defende.
Conhecido mundialmente como Kondzilla, o rapaz tímido que percebeu que cantar não era seu forte, investiu na carreira de produtor musical e é dono do maior canal do YouTube da América Latina – e quarto maior do mundo – com 65 milhões de assinantes.
Na 13º edição do Fórum E-Commerce Brasil, ele foi um dos destaques da plenária de Marketing & Vendas e contou sua história de sucesso, que não só emociona mas também inspira.
Ao perder a mãe ainda na juventude, Konrad decidiu usar o dinheiro que veio em consequência do seguro de vida da matriarca para estudar em São Paulo. Com formação em computação gráfica, e ainda muita ligação com música, ele foi se envolvendo na produção de videoclipes para cantores da periferia, especialmente do funk. Um dos primeiros projetos rendeu mais de 1 milhão de views em 28 dias. O seguinte clipe atingiu a mesma marca em 15 dias. Daí em diante, o sucesso não o abandonou mais.
Furando a bolha da favela
Konrad conta que o YouTube e o Facebook foram as plataformas usadas para promover os vídeos e as curtidas nas páginas dos MC’s que ele dirigia nos clipes eram um jeito de mensurar a fama. Os números atingidos por ele e sua equipe já eram altos, mas algo ainda impedia que eles avançassem.
“Fomos chamados para fazer o videoclipe de Baile de Favela. Foi sucesso, mas quando nós tiramos os palavrões, o vídeo bateu 6 milhões de views no YouTube. Fomos chamados para fazer clipe de Deu Onda, e ao tirarmos o palavrão ele foi o segundo vídeo mais assistido do mundo no YouTube em 2017”, lembra.
Ao parar com os palavrões, imagens de armas e objetificação da mulher, a página do Kondzilla no YouTube que já tinha 6 milhões de inscritos, saltou para 22 milhões em um ano. “Hoje são 65 milhões de inscritos e 36 bilhões de views”, comemora.
Apesar dos ótimos resultados na plataforma, Konrad conta que não tinha a intenção de ficar refém do YouTube. Pensando nisso, ele decidiu descentralizar o tráfego do canal e distribuir em outras frentes.
“Meu produto é o audiovisual”, afirma ele, que lançou a série Sintonia, pela Netflix e atingiu novos recordes: a produção teve a primeira temporada como a mais assistida do Brasil na plataforma. A série, que retrata a vida de três jovens da periferia de São Paulo, sendo um deles MC, também provocou um case de cross mídia com números interessantes.
“O MC JottaPê, que interpreta o MC Doni na série, conseguiu colocar sua música em 6º lugar no Spotify. A música que o MC Doni cria na série também fez sucesso, e chegou a 10º lugar. Antes de Sintonia, o cachê de shows do JottaPê era de R$ 1 mil e agora passou a ser R$ 50 mil. Antes, ele fazia 30 shows por mês, depois passou a fazer 50”.
Kondzilla mostrou, durante a palestra, que é preciso furar da bolha e buscar sempre novos desafios. Atualmente, sua equipe trabalha não só com a produção musical, mas também com conteúdo, branded, educação, gestão, distribuição, shows e eventos.
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Por Marina Teodoro, da Redação do E-Commerce Brasil