Luiz Henrique Gondim, CIO da Johnson & Johnson para a região LATAM, compartilhou suas perspectivas sobre os desafios e as oportunidades que grandes empresas enfrentam ao implementar soluções disruptivas. Durante uma entrevista no Fórum 2024, Gondim abordou temas como inovação, cultura organizacional, ESG e as especificidades do mercado farmacêutico.
Gondim destacou que, dentro das grandes corporações, o core do negócio tende a resistir às mudanças trazidas pela inovação. “Toda vez que você chega com inovação, os ‘anticorpos’ internos tentam te matar de alguma forma, e é preciso cuidado para não morrer no começo”, afirmou. Ele enfatizou a importância da inovação incremental, que além de gerar recursos, ajuda a superar a aversão à mudança sem comprometer as operações principais.
Sustentabilidade a longo prazo e ESG
Para garantir a sustentabilidade da inovação a longo prazo, o executivo salientou a necessidade de compreender o momento atual da companhia e promover uma transformação cultural contínua. “É preciso ouvir, testar e integrar as novas demandas e comportamentos ao processo diário”, explicou Gondim.
No mercado de fármacos, onde a regulação é mais rigorosa, a Johnson & Johnson busca simplificar processos internos para acelerar a inovação. “Devemos trazer todos os departamentos para reuniões e simplificar os processos”, disse ele, destacando que, do ponto de vista tecnológico, tudo é possível desde que esteja dentro dos parâmetros legais.
Gondim também abordou a importância da credibilidade na promoção de uma cultura de inovação. Segundo ele, pequenas entregas positivas são fundamentais para ganhar a confiança dos gestores e fomentar a aceitação de novas ideias. Além disso, ele ressaltou a necessidade de identificar os principais profissionais das áreas e envolvê-los nos projetos de inovação para evitar influências negativas.
Em relação às questões ESG, o CIO apontou que, apesar de avanços significativos, é crucial observar toda a cadeia de produção para avaliar o impacto real. “Precisamos verificar se todas as empresas estão contribuindo para essa ideologia ESG”, afirmou.
Parecerias e IA na saúde
Sobre a agenda de inovação aberta da Johnson & Johnson, Gondim apontou parcerias estratégicas com startups e outras empresas de tecnologia. O executivo mencionou a recente colaboração com o Cubo, em São Paulo, como exemplo de iniciativas voltadas para resolver problemas específicos internamente antes de buscar soluções externas.
Outro tema da entrevista foi a aplicação da inteligência artificial (IA) na saúde e no cuidado com os pacientes. Gondim acredita que a IA já está transformando processos de automação e simplificação nas empresas. “Estamos começando a entender o que a tecnologia pode fazer e certamente muitas coisas boas virão”, disse ele.
Por fim, ao discutir os desafios para 2025 na região LATAM, Gondim destacou a necessidade de melhorar a comunicação e valorizar as inovações locais. “Precisamos mostrar que o que é feito aqui é muito bom, muitas vezes melhor do que lá fora”, concluiu, elogiando o pragmatismo e a criatividade dos latino-americanos.