Com custos elevados e consumo pressionado, o varejo enfrenta dificuldade para repassar preços e preservar a rentabilidade. Nesse cenário, a inteligência artificial (IA) generativa surge como alternativa para aumentar eficiência e receita. Os dados são de pesquisa multissetorial da Bain & Company.

Segundo o relatório, o uso da tecnologia tem proporcionado aumento médio de 15% na produtividade em oito funções principais, com impacto direto de 9% nos resultados, seja por redução de custos ou incremento de receita. No setor varejista, os ganhos podem ser ainda maiores, com possibilidade de realocação de equipes para atividades de maior valor e estruturas mais enxutas.
Segundo Lucas Brossi, sócio e líder de Inteligência Artificial da Bain na América do Sul, muitas empresas ainda hesitam em agir sobre custos, mas os avanços digitais já permitem ganhos inéditos de produtividade. “O potencial de benefícios em projetos leva a estimativas de eficiência de até 20% em algumas varejistas”, afirma.
A pesquisa cita, entre as aplicações da IA generativa no setor, algumas áreas. São elas:
Automação de tarefas administrativas
- Elaboração de contratos;
- Tradução de materiais;
- Personalização de treinamentos.
Uso de agentes inteligentes
- Execução de atividades complexas em múltiplas etapas;
- Redução de demandas em áreas como RH, atendimento ao cliente e manutenção;
- Autonomia aos funcionários.
No marketing, as ferramentas permitem acelerar a avaliação de propostas de fornecedores, personalizar comunicações e otimizar campanhas. Segundo a Bain, a melhoria pode resultar em avanço de até dois pontos percentuais na margem operacional ligada a compras e publicidade.
Desafios e futuro
Outro ponto a favor destacado é o custo de adoção, já que o investimento em IA generativa tem caído e a maioria das iniciativas apresenta retorno em menos de um ano. Os ganhos, conforme a pesquisa, se somam aos já obtidos com soluções anteriores, como automação robótica de processos e Machine Learning (ML).
Para que a adoção seja bem-sucedida, a consultoria ressalta a necessidade de revisão de processos e melhoria na gestão de dados. Por isso, a Bain identificou um padrão entre empresas que lideram iniciativas de eficiência na era da IA generativa.
Ao todo, são cinco princípios principais: planejamento ousado, design zero-based, uso inteligente de dados, colaboração entre áreas e gestão de mudança estruturada.
O estudo reforça que o varejo, historicamente focado em eficiência operacional, tem agora a oportunidade de refinar ainda mais sua gestão de custos com apoio das novas tecnologias.