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IA no marketing: apesar de avanços, modelo ainda não conquistou o público

Por: Lucas Kina

Jornalista e produtor de Podcasts no E-Commerce Brasil

A maioria dos consumidores brasileiros ainda prefere conteúdos criados por pessoas, mesmo diante do avanço da inteligência artificial (IA) no setor de Comunicação e Marketing. É o que aponta a pesquisa global AI Monitor 2025, divulgada pela Ipsos. Ao todo, dados de 30 países, incluindo o Brasil, foram coletados.

IA no marketing apesar de avanços, modelo ainda não conquistou o público
(Imagem: Envato)

O levantamento indica que 62% dos entrevistados por aqui preferem campanhas publicitárias feitas por humanos, incluindo anúncios de TV e vídeos para redes sociais como TikTok e YouTube. Apenas 22% optam por peças produzidas por inteligência artificial.

Apesar da preferência pelo toque humano, a tecnologia tem ganhado espaço em áreas mais específicas. Cerca de 35% dos consumidores afirmam confiar mais em empresas que utilizam IA para aprimorar imagens de produtos, enquanto 38% se dizem confiantes no uso da tecnologia para criação de imagens e vídeos publicitários.

A pesquisa foi realizada entre 21 de março e 4 de abril, com 23.216 entrevistados em todo o mundo. No Brasil, participaram mil pessoas de áreas urbanas. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.

Conteúdo, vendas e entretenimento

A resistência à produção automatizada também aparece em outros tipos de conteúdo. Para 67% dos brasileiros, textos jornalísticos devem ser escritos por pessoas, contra 18% que preferem o uso da IA. Em sites de marketing voltados ao consumidor, 61% dos respondentes também preferem materiais criados manualmente.

A tendência se repete em produções para cinema e streaming, com 67% preferem filmes escritos e dirigidos por humanos, enquanto 16% aprovam o uso de IA nesses formatos. Já em atividades mais técnicas, como descrição de produtos, a aceitação aumenta e 38% são favoráveis ao uso da tecnologia, frente a 20% contrários. No caso de avaliações de produtos, 34% aprovam a aplicação da IA.

Governança

O estudo também captou as expectativas dos consumidores sobre o futuro do marketing. Para 72% dos entrevistados, a IA terá forte impacto na criação de conteúdos publicitários. Outros 70% acreditam que a tecnologia será usada para personalizar o direcionamento de campanhas.

Segundo Priscilla Branco, diretora de public affairs na Ipsos Brasil, o cenário reforça a necessidade de governança clara e ética no uso da IA. Ela afirma que não há uma fórmula única para as marcas, que devem traçar seus próprios caminhos com base em seus valores e estrutura.

“A transparência precisa ser um valor essencial, com governança sólida e comitês internos de ética para revisar campanhas, avaliar riscos, definir limites e realizar auditorias”, afirma. Ela também destaca a importância da capacitação contínua e do monitoramento da percepção pública sobre o uso da tecnologia e da reputação da empresa.