Um dos países mais caros do mundo para se comprar roupas é o Brasil. O custo é 3% mais caro do que nos Estados Unidos, segundo o Índice Zara, levantamento feito anualmente pelo BTG Pactual. Mesmo com o aumento, o poder de compra dos brasileiros aumentou devido à valorização de 9% do real em relação ao dólar. No entanto, a mesma peça continua cara, o ano passado o valor era 102% maior para o cliente brasileiro do que o estadunidense, enquanto este ano o número caiu para 85%.
É caro se vestir no Brasil
Como a maioria das peças são importadas, comprar itens de moda fica caro no Brasil. É o que disse Ana Paula Tozzi, CEO da AGR Consultores.
“Há mais de 20 anos, quando o Brasil abriu o mercado para o mundo, algumas indústrias perderam relevância — entre elas a têxtil. O tecido vem de fora, com alta taxa de importação. Corte, costura e aviamentos também são importados e isso faz com que aumente muito a importação do produto acabado. Hoje temos muita dependência da importação para todas as categorias para produtos de moda”, acrescentou.
Impostos e o custo para formar a mão de obra também encarecem o preço final. Tozzi comentou que o varejo possui uma alta carga tributária, o que acaba encarecendo também o valor final do produto. Outra queixa também é sobre a falta de profissionais qualificados, fazendo com que as empresas precisem de investimento para formar mão de obra, o que também custa caro.
Como é em outros países?
Da lista com cerca de 52 países, apenas nove apresentaram preços mais altos do que os dos Estados Unidos. A Suíça é o país mais caro para se comprar roupas da Zara, com o valor 19% superior do que o país de referência. Também há outros países com preços mais altos, como a Arábia Saudita (9%) e a Tailândia (7%).
O relatório indicou que o Brasil é um país difícil para marcas estrangeiras. “No entanto, Shopee e Shein adotaram um estilo ‘abrasileirado’, testando lojas ‘pop-ups’ e estratégias locais de marketing, atraindo vendedores locais, seu impulso deve persistir”, afirmou relatório do BTG. Nessa concorrência, a produção nacional sai prejudicada, pois há menos cobrança de impostos para os e-commerces internacionais.
Índice Zara
Cálculo considera a diferença de preço em comparação aos Estados Unidos.
Grécia | -50% |
Portugal | -49% |
Espanha | -49% |
Eslovênia | -49% |
Eslováquia | -49% |
Reino Unido | -47% |
Áustria | -38% |
Luxemburgo | -38% |
Itália | -38% |
Bélgica | -38% |
Holanda | -37% |
Irlanda | -37% |
Finlândia | -37% |
Alemanha | -37% |
Croácia | -37% |
Estônia | -36% |
Turquia | -35% |
Bulgária | -33% |
Hungria | -33% |
Romênia | -32% |
Chile | -30% |
Polônia | -29% |
Rep. Tcheca | -27% |
Suécia | -23% |
Índia | -21% |
Peru | -20% |
Dinamarca | -17% |
China | -17% |
Canadá | -14% |
Japão | -13% |
África do Sul | -13% |
Filipinas | -13% |
Noruega | -12% |
Taiwan | -11% |
Panamá | -10% |
Hong Kong | -9% |
Coreia do Sul | -6% |
Vietnã | -5% |
Marrocos | -5% |
Colômbia | -2% |
EUA | 0,0% |
Uruguai | 0,0% |
Singapura | 3% |
Israel | 3% |
Brasil | 3% |
Equador | 4% |
México | 5% |
Tailândia | 7% |
Arábia Saudita | 9% |
Suíça | 19% |
Expectativas para 2024
Diante do cenário de desaceleração, as indústrias e varejistas de moda devem manter os resultados durante o ano. O relatório do BTG Pactual mostrou que, apesar da análise indicar resultados positivos este ano, há um debate crescente sobre o poder de marketing da marca e a batalha com o aumento das vendas de marcas como a Shein, por exemplo.
Texto escrito com informações do UOL.