A Lojas Renner projeta um segundo semestre de 2025 mais difícil em comparação ao primeiro, especialmente no terceiro trimestre. No entanto, a empresa espera recuperação no quarto trimestre e em 2026. A avaliação é do vice-presidente financeiro da varejista, Daniel Martins, em entrevista à Reuters.

Resultados do primeiro semestre
Entre janeiro e junho, a receita líquida de varejo da companhia cresceu 15,6% em relação ao mesmo período de 2024, com avanço de 14,5% nas vendas em mesmas lojas. No segundo trimestre, a receita subiu 18,5% e as vendas em mesmas lojas aumentaram 17,3%.
Martins citou base de comparação desfavorável, já que em 2024 as vendas de roupas de inverno foram postergadas para o terceiro trimestre, além do cenário macroeconômico, com juros elevados, que pressiona o consumo.
Para o executivo, 2026 pode marcar um cenário mais positivo, com possível queda da Selic permitindo ampliar a oferta de crédito pelo braço financeiro Realize, cuja carteira somava R$ 6,5 bilhões no fim do primeiro semestre.
Crédito e inadimplência
O volume de vendas financiadas pelos cartões próprios cresceu 13% no segundo trimestre. Apesar do avanço, a companhia manterá política de crédito restritiva neste ano, com cautela na originação de novos clientes. Martins afirmou que a inadimplência deve permanecer sob controle até o fim de 2025.
Competição e expansão
Em maio, após se reorganizar em duas vice-presidências, na qual primeira vice-presidência se dedica exclusivamente à marca Renner, unificando as áreas de produto e operações, enquanto a segunda é responsável pelas outras unidades de negócios da companhia: Youcom, Camicado, Ashua e Repassa.
O executivo destacou a entrada da H&M no Brasil como um novo concorrente, mas ponderou que a Renner, por ser uma empresa local, desenvolve moda pensada para o consumidor brasileiro. Ele também defendeu a isonomia tributária com marketplaces internacionais, afirmando que a carga tributária para empresas nacionais é superior.
A Renner prevê abrir de 15 a 20 lojas da marca homônima em 2025, além de cerca de 15 unidades da Youcom e até duas da Camicado. No primeiro semestre, foram inauguradas duas lojas Renner e quatro Youcom.
Dividendos e recompra de ações
Sobre a alocação de capital, Martins disse que a companhia avalia recompras de ações como alternativa prioritária quando o preço está abaixo do valor intrínseco, mas não descarta dividendos extraordinários. Em fevereiro, a Renner anunciou programa de recompra de até 75 milhões de ações, equivalente a 7,13% dos papéis em circulação, a aproximadamente R$ 1 bilhão.
A empresa também distribuiu quase R$ 190 milhões em juros sobre capital próprio referentes ao primeiro trimestre e R$ 203 milhões no segundo.
Incentivos de longo prazo
No dia 18 de setembro, os acionistas devem votar o novo Plano de Incentivo de Longo Prazo para executivos, com orçamento de R$ 95 milhões, composto por ações de performance e restritas, vinculadas a metas de retorno total ao acionista (TSR), retorno sobre o capital investido (ROIC) e lucro por ação (EPS).