“Faça conteúdo, não pague anúncios”, foi a recomendação prioritária de Danielle Crahim, diretora de vendas do TikTok durante o Fórum E-Commerce Brasil 2024. Muito mais que uma rede social, a empresa funciona sob o mote de plataforma de entretenimento, o que permite muitas formas criativas diferentes.
Em sua aula, a executiva se empenhou para convencer a audiência, já em sua maioria usuária da plataforma, a vê-la como algo para todos, não apenas a Geração Z, pioneira, mas não exclusiva. Outro fator decisivo, segundo Danielle, é a possibilidade de furar a bolha, uma vez que os conteúdos não são restritos aos ciclos de seguidores do usuário. Atualmente, a plataforma tem mais de 1,2 bilhões de usuários globais.
O algoritmo da plataforma coleta dados de engajamento a todo segundo, fazendo com que a recomendação na página “for you” seja mais ágil e personalizada, inclusive com relação a temas que o usuário nem sabia que gostaria de acompanhar. “A autenticidade está em nosso DNA e vemos isso acontecer diariamente nos conteúdos da plataforma”, explica Danielle.
Os dados provam
De acordo com dados coletados pelo próprio TikTok, 88% dos usuários veem a plataforma como uma forma de se expressar livremente, e 81% acreditam que podem ser quem realmente são ao utilizarem a rede.
Depois de conhecer um novo assunto, 53% dos usuários da plataforma seguem pesquisando sobre o assunto pelo próprio TikTok. Para a executiva, esse é o dado que faz mais sentido que os lojistas e as marcas estejam de olho, pois a compra, muitas vezes, não é no momento em que o consumidor tem o primeiro contato com o produto. “E essa compra não é na hora, pois o usuário não quer sair da plataforma, quer continuar explorando, mas se lembra do produto depois”, argumentou Danielle.
Prova disso é que 61% dos usuários declararam já terem comprado algo após terem sido impactados por um conteúdo ou anúncio. Além disso, a compra nem sempre é online, uma vez que a plataforma é capaz de fazer com que as visitas às lojas físicas cresçam até 3 vezes após impacto de um produto viralizado.
Um exemplo disso foi a febre causada pelo Carmed Fini, produto labial lançado e viralizado em 2023. Depois do hype, 2,5 milhões de buscas foram feitas no TikTok procurando vídeos sobre o produto. Em menos de um mês, a marca bateu a meta de vendas do ano inteiro. Além das avaliações orgânicas de usuários e produtores de conteúdo, muitas brincadeiras e vídeos relacionados surfaram a onda do aumento das pesquisas sobre o tema, inclusive gerando monetização.
“Essa abordagem permite que o TikTok crie novas oportunidades de negócios em um looping infinito”, argumenta Danielle. “O TikTok permite a descoberta de um produto, que leva os usuários a pesquisarem e considerarem o produto, para, em seguida, realizar uma compra e, consequentemente, criar um novo conteúdo sobre isso”, ela pontua. “Por fim, o interesse leva a comunidade a gerar mais interesse e assim sucessivamente”.
Como se não bastasse, as pessoas estão mais propensas a aceitar novos modelos e tipos de conteúdo no TikTok do que em outras redes. 76% dos usuários dizem que são abertos a assistirem a um conteúdo recomendado.
Inspiração: O Boticário
A executiva cita que um dos exemplos de campanha que usou e abusou das possibilidades infinitas da plataforma foi realizada pelo O Boticário. Através da escuta ativa, a empresa lançou uma linha específica para produtos com a temática de melancia após perceber a demanda de pedidos da comunidade através da plataforma.
Incapaz de chegar a um consenso sobre escolher uma fragrância mais cítrica ou mais doce, a empresa percebeu que haveria mercado para ambos, lançando mais de um produto do que idealizado inicialmente. Como resultado, o estoque de alguns meses de produto se esgotou em 57 horas após o lançamento.
Get ready with me
O famoso “get ready with me” (ou “fique pronta/o comigo”, em português) consiste em publicar um vídeo escolhendo roupas e acessórios, bem como se arrumar para alguma situação específica, e compartilhar o processo criativo com a plataforma. A tendência é adaptada de um comportamento digital antigo: os blogs de moda e os vídeos no YouTube com recomendações.
Aproveitando a deixa, a C&A aproveitou um comportamento nativo da plataforma para recomendar looks com base nos itens disponíveis na loja e no site. Danielle explicou que “quanto mais diverso e inclusivo o conteúdo, mais provável de impactar assertivamente diversos públicos”.
“A marca fluente em tiktok tem, sem dúvida, um potencial maior em fechar novos negócios”, conclui.
As categorias, no entanto, são as mais diversas. Roupas, calçados e acessórios são os mais procurados para compra depois de um review no TikTok, mas existe muito espaço para a criatividade, como jogos, celulares, eletrodomésticos, pacotes de viagens e até segmentos mais inusitados, como produtos de limpeza ou pesquisa por imóveis.
O consumidor não quer apenas ver o conteúdo, ele quer deixar um comentário, ter uma dúvida respondida, conquistar alguma vantagem pelo engajamento e ter o senso de pertencimento da comunidade. Sendo assim, a executiva defende que é essencial para as marcas responderem ativamente aos comentários e levar a sério os apontamentos disponibilizados pelos consumidores.