O subscription commerce, ou modelo de assinaturas, pode ser uma ferramenta poderosa para as empresas de grocery garantirem a fidelidade do cliente, mas os custos crescentes dos alimentos estão atrapalhando não só os comerciantes, como também seus possíveis assinantes.
O Índice de Conversão de Comércio por Assinatura da PYMNTS aponta que 56% dos consumidores estariam interessados em uma assinatura de supermercado se os preços dos produtos fossem mais baixos. O levantamento foi criado em colaboração com a plataforma de comércio eletrônico de assinatura sticky.io, que se baseia em uma pesquisa feita com mais de 1.900 adultos dos Estados Unidos, realizada no início deste ano.
Apesar de esses dados serem focados nos consumidores estadunidenses, o cenário brasileiro de recessão e inflação alta faz com que as informações sirvam de insights para as empresas daqui também.
Voltando ao tema, a categoria de grocery é a que mais atende os requisitos necessários para o sucesso do modelo de assinaturas, dada a garantia de frequência de pedidos que esse setor proporciona, com compras recorrentes inerentes ao modelo. Além disso, com as entregas programadas, as assinaturas permitem que as empresas de supermercados atendam à demanda por opções de compras online, sem reduzir os custos no atendimento sob demanda.
Contudo, as ações dos consumidores mostram que, quando a assinatura de supermercado encarece, isso acaba impactando significativamente de forma negativa nas vendas. Um levantamento feito em dezembro mostrou que, após a adição de uma taxa de entrega de US $ 9,95 para assinantes do Amazon Prime, as entregas por hora caíram de 185 para 40.
Impactos do preço alto
O preço é o fator que mais afeta as escolhas dos comerciantes de supermercados, de acordo com dados do estudo da PYMNTS “Decoding Customer Affinity: The Customer Loyalty to Merchants Survey 2022”, criado em colaboração com a Toshiba Global Commerce Solutions. O estudo descobriu que 37% dos consumidores citam o preço como o fator mais influente ao selecionar um comerciante para comprar.
Essas preocupações têm sido especialmente importantes nos últimos meses. O Índice de Preços ao Consumidor para Todos os Consumidores Urbanos de abril (CPI-U), relatado pelo Bureau of Labor Statistics (BLS) dos EUA, mostrou que os preços dos alimentos em casa (ou seja, mercearia) aumentaram 1% mês a mês em abril e 11% ano a ano. Essa taxa está bem acima da inflação geral, que aumentou 0,3% mês a mês e 8% ano a ano.
No Brasil, a situação não é diferente e a inflação continua crescendo e castigando a renda do brasileiro. Em abril, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que calcula a inflação, teve alta de 1,06%, apresentando desaceleração em relação a março, quando o índice foi de 1,62%. No entanto, o resultado de abril foi o maior para o mês desde 1996 (1,26%). Com a elevação mês a mês, no ano, o indicador acumula alta de 4,29% e, nos últimos 12 meses, de 12,13%.
Segundo o IBGE, responsável por realizar o levantamento do IPCA, os principais impactos de abril vieram de alimentação e bebidas e combustíveis. No caso dos alimentos, a principal alta foi sentida nos alimentos para consumo no domicílio (2,59%), ou seja, na prateleira do mercado.
De fato, como a inflação disparou os preços dos supermercados, os consumidores estão trocando de marca para economizar nos custos. Nos últimos meses, o Walmart, o maior varejista de alimentos do mundo, e outros varejistas de grande porte nos EUA notaram que os consumidores estão mudando para comprar mais de marcas populares e dos próprios supermercados.
Brett Biggs, vice-presidente executivo e diretor financeiro do Walmart, disse a analistas no início deste mês que as preocupações inflacionárias estão resultando em “um aumento na penetração de marcas privadas de alimentos”.
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